sábado, setembro 05, 2020

PÁGINA 85

Duas tentativas formaram minha frustração: nada mais além disso. Não foi preciso recomeçar o jogo, nem remontar o tabuleiro. As peças não fazem sentido, nem as regras. Sempre odiei as regras, mas as do tempo fui obrigado a seguir. Olho o rosto cansado e as rugas, olhos os pelos mais finos e claros. Minha pele enrugada e os dentes frágeis: é tortura comer um pão amanhecido sem molhá-lo no café com leite. Mas qual o sentido disso tudo? Qual o sentido de acordar cedo e olhar para o dia chuvoso? Não há sentido. E quanto menor o sentido, mais graça existe na vida. Jogo o pão picado na xícara, com uma colher vou saboreando o gosto daquilo que eu não tenho mais gosto, mas adoro continuar comendo...

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