sábado, setembro 05, 2020

A Guerra da Arte: Vamos vencer a batalha íntima da criação artística.


Comecei a ler "A Guerra da Arte", de Steven Pressfield. Foi uma indicação curiosa numa palestra que estava assistindo sobre os versos de ouro de Pitágoras. Uma coisa não levava à outra, mas não importa. O livro está na minha mão e as primeiras palavras já me fizeram pensar naqueles livros que povoam as livrarias: já me vi pagando mico com mais um livro de auto-ajuda. Escrever auto-ajuda é fácil, difícil é ajudar a si mesmo. Pois bem, comecei a leitura, e embora toda aquela característica norte-americana de literatura: "você quer, você pode", o livro é uma resumo muito interessante sobre os conflitos de qualquer escritor.
Entre o romantismo em escrever aquilo que o coração diz, contra o pragmatismo de critérios técnicos, ordenados e disciplinados em qualquer produção artística. Vale mais o cérebro ou o coração? O autor tem uma crítica interessante sobre nossa incapacidade em fazer as coisas funcionarem e isso serve também para a nossa vida profissional. Somos profissionais pelo dinheiro, nunca pelo prazer de se fazer algo. Um escritor é sempre um escritor, não importa se publicou ou não um livro. São circunstâncias que precisam ser superadas com trabalho, busca e dedicação, mas uma coisa não inibe a outra. Ele fala sobre a "nossa vida não-vivida", afirmando que nossa vida é divida em duas: a que vivemos e a que não vivemos, e o no meio disso está a resistência.
"Você é um escritor que não escreve, um pintor que não pinta, um empresário que nunca se aventurou num empreendimento de risco? Então você sabe o que é Resistência". Diz ainda que a resistência em nós é uma força tóxica, fonte da pobreza, da infelicidade, do desperdício; o nosso atrofiamento existencial. Somos movidos por sonhos incompletos, dedicando nossa vida à vida-não-vivida. Uma dieta que só começa amanhã, um curso marginalizado pela sociedade capitalista, uma terapia contra vício, posicionamento ético e político. Tudo sofre uma resistência entre aquilo que é nossa vida (quem somos) e não fazemos agir (não-vida).
Não quero estragar a surpresa de quem se interessou pelo livro, mas fica a dica de uma boa leitura para esses dias de chuva, ou noites frias. Não é livro para noites estreladas, prefira os poemas dos poetas sujos. Mas, mesmo sendo auto-ajuda, é uma publicação que foge do convencional e é interessante para esses artistas que estão comigo por aí, Sejam eles músicos, médicos, jornalistas ou advogados. Um livro que tratou diferente a minha visão de "musa inspiradora", pois a trouxe de uma forma mais humana, mas escondida em nossa não-vida.

26.10.19

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