sábado, setembro 29, 2018

O voto secreto na escolha do Vilão


Estamos tão próximos que o assunto não sai da cabeça: nunca o brasileiro se preocupou tanto com a questão política. Rede sociais, culto evangélicos, missas, escola de samba, jogo de futebol, transporte coletivo e uma variedade infinita. Falar de política virou gosto popular. Mas, infelizmente, um gosto amargo de quem não teve ainda condição de propor a democracia uma saída honrosa. O maior defeito de todos os defeitos do sistema democrático são colocados à prova no Brasil. Discutimos política para decidir nosso herói favorito. Uma eterna disputa clichê entre Marvel e DC Comics. Quem irá me salvar? A discussão política jamais passou pela questão da cidadania. É difícil nos colocar no jogo político, pois, somos um tanto displicentes, em certo ponto irresponsáveis.
Sou de uma época em que o voto era secreto, não por ser proibida a manifestação, mas por sermos educados a não lutar pelos nossos direitos. Não discutir sobre política nos deixava ainda mais distantes daquilo que ela realmente representava. Esse vestígio reflete o quanto ainda hoje somos reféns dos nossos governantes. Eles parecem à parte de uma sociedade. Vejam vocês que a maioria dos eleitores não se sente representado pelo político que ele ajudou a eleger.
Fato novo dessa nossa era contemporânea é que os políticos se desnudaram: são expostos em suas melhores e piores condições humanas, num jogo de toma lá verdade, toma cá a enxurrada de notícias falsas. Notamos aos poucos (quando nos esforçamos para isso) para saber o que é verdade e o que é mentira sobre quem escolhemos.
Mas é irrefutável dizer que, se o político mente ou diz a verdade, é por ele que nos motivamos a discutir política, debater propostas, e sair no dia da eleição cheio de orgulho e satisfação. É verdade, nem todos saem tão satisfeitos, muito menos orgulhosos. Chegam até a urna como quem vai para o abatedouro. Naquele jogo da escolha do herói, decidimos pelo melhor vilão.
Ser amigo do vilão é assumir o risco de que, enquanto estiver com ele, nada pode nos acontecer. Em teoria isso é bonito, mas na verdade é que vilão sempre será vilão, e quando ele propõe algo para te ajudar é por ter um interesse egoísta ainda maior. Vilão é aquele cara que te ajuda quando precisa de você, mas quando não lhe é mais útil ele, no máximo, te arruma uma arma e um carro para a fuga. Vilão é aquele cara que faz o inimigo dele ser seu inimigo também.
A eleição presidencial brasileira terá um ingrediente diferente, que é essa escolha do vilão. Não à toa se vê tantas postagens numa alusão ao "malvado favorito", "ladrão de estimação", "capitão do mato", "coroné" e tudo que evolve uma desgraceira enorme sem fim. Palavras tão preferidas pelo primeiro mundo como: "liderança", "estadista", "herói", "modelo" e muito mais, foram colocados no ralo de nossa história.
Enfim, o povo terá o herói que escolheu ou o vilão que pensa não merecer.