domingo, dezembro 30, 2007

Folhetim Hoje é Vinte 2007

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AVISO IMPORTANTE (30/12/2007) – FOLHETIM HOJE É VINTE
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Olá,
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Queridos e-Leitores:
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depois de quase três anos escrevendo o FOLHETIM HOJE É VINTE, tive que abandoná-lo nos últimos dois meses. Alguns me mandaram e-mail questionando a falta de textos, outros nem ligaram. Importante mesmo, para mim, era estar sempre "incomodando" vocês com textos divertidos (quem sabe?).

A.proveitei a situação e resolvi fazer uma revisão no que eu havia escrito: reformular é preciso, escrever não é preciso!!!
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O balanço desse período é muito interessante: 39 folhetins, 26 e-mails criticando, 12 comentários no blog e inúmeros comentários em pessoa (já que quase 25% da lista de e-leitores são amigos que estão muito próximos). São quase 3.700 cliques no blog (dois anos apenas), considerando a divulgação e o assunto (MP3 e sacanagem são mais interessantes que literatura para o grande público), eu considero um bom número.
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Também nesses período os romances foram um sucesso de público: 42 PECADOS, A MÁSCARA DE BEHLE, BRIGA DE FOICE, ULTIMA VISION, O MENOR DOS ENCANTOS e por último MÃO QUE ESCOLHE O CRIME. Para quem gosta de poemas, só o ano de 2007 publiquei mais de 60 deles na internet ou e-mail.
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Ou seja,
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É tempo de férias, pessoal!!!!
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Para 2008, se tudo acontecer como esperado, volto com FOLHETIM HOJE É VINTE mensalmente. Também ando preparando outro romance, como o nome de ROUPA SUJA.
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TRECHO:
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"
Toca o telefone. Era tudo que eu precisava hoje: alguém me incomodando com perguntas cretinas. Aposto que a pergunta seria cretina. Toca uma vez, eu nunca atendo o telefone até o quarto toque. Se for algo importante, a pessoa desesperada do outro lado da linha voltaria a ligar. Toca cinco vezes, o telefone pára. O silêncio poderia ser uma coisa boa em outros momentos, mas agora, como tantas coisas do mundo, acabo ficando irritado. O telefone toca de novo, depois de poucos minutos. Poderia ser a mesma pessoa desesperada, poderia ser outra pessoa não desesperada. Quem poderia me ajudar nesse marasmo? Uma pessoa desesperada?
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"Alô?"
"Torres?"
"Sim, é ele"
"Estive procurando o senhor há dois dias"
"Algum problema?"
"Sim, claro. Sim. Um grande problema"
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Era evidente que a pessoa tinha um problema. Eu que odiava perguntas idiotas acabava quase sempre fazendo uma. Ela continua a conversa:
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"Preciso falar com o senhor pessoalmente"
"Seu telefone está grampeado?"
"Não sei. Não confio em ninguém"
"Qual o motivo de confiar em mim?"
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(CONTINUA)"

quarta-feira, dezembro 19, 2007

ABANDONO

Um só, abandono.
Abandono dos dias.
E as horas,
Tão abandonadas; foram.
Cansadas, da solidão,
Eu fugindo à-toa.
E o abandono,
Das coisas e das boas
E das ruins, tanto faz;
Pois, durante um tempo:
São das coisas,
Ligeiramente abandonadas,
Que, às vezes, sentimos a falta.

Mas nada me falta, agora.
Talvez o respingo da chuva,
O som da festa, a gripe incurável.
O resto da bebida no copo.
São tantas imagens,
Que prefiro nenhuma delas.
São abandono: de chuva forte,
De bolo da festa, da cura
E da ressaca.
O abandono sempre é o mesmo,
Mas as respostas impensadas.

Quem eu serei daqui em diante?

Um só. Abandono.

segunda-feira, outubro 15, 2007

O Desencontro

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Acharão meu corpo no chão,
Tentarão meu nome em vão.
Vão, os mais desacreditados,
Ficando os que sempre me ignoraram.
Que mal fiz para todos eles?
Para me incomodarem mesmo imóvel?
Puxando o cadáver na urgência;
De ouvirem novamente qualquer indecência.
Jogando o homem na cama,
E a lembrança no calabouço.
Peguem velas, rezas e terços.
Enfim a alma em sossego.
E roguem pela vida eterna,
Da qual todos esperam méritos.
Não queiram minha salvação,
Mas acreditarem que são todos culpados:
A vida é que encontra os arrependidos,
Não o contrário.
Quem está ali no chão, carregado,
Por muitas mulheres, bebida ou tormentos:
Quem sabe é mais feliz agora
Que desencontra tantos motivos.
A vida precisa de respostas,
Não a morte como todos pensam:
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O corpo ali só precisa de um lugar
Para que descanse jamais.
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quinta-feira, outubro 04, 2007

O aflito silêncio

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I
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Silêncio das ondas,
e dos peixes mortos.
Das crianças e dos
filmes.
Das máquinas,
e dos funcionários.
Silêncio da chuva,
da vítima e dos prédios.
Silêncio da comida,
no prato da fome.
Silêncio que eu quero,
em silêncio dizer.
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I I
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Em mim um silêncio breve.
Pode ser amor ou ódio, imperceptível.
Pode ser as duas coisas.
Silêncio que vai embora, que volta.
Que me diz coisas e espera por mim.
Na paisagem quem não anda,
na foto quem sorri,
na vida quem não vive.
O silêncio em todas as coisas
imperceptíveis.
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I I I
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Andei pensando no seu silêncio.
Poderia ser ausência, pode ser muito mais.
Mas é apenas a falta.
Falta do quê dizer, sentir.
Penso mesmo nas coisas que
não me diz enquanto me olha
com reprovação.
Pode ser adeus, pode ser muito mais.
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I V
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E a canção parou, quando
ninguém mais entendeu o quê dizia
No silêncio todos completos,
pela solidão de todos os seus dias.
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quarta-feira, setembro 26, 2007

Mandada

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E desse feitiço, de quebra;
De arrumar saia, de fugir de si
Esmaga a serpente que envenena.
E já era, está feito, de amor
De ódio ou de inveja que morde.
E se mandou, mando de volta;
Quero bem, mas não me incomode.
Se dançar na mesa, música sem dança.
Também faço maior confusão
Dentro de sua casa.
Cobiça é para demo, e palavras
Ao inverso, são dos deuses.
Poema não bota fé, nem tira:
Mas a raiva tem coragem onde
Ninguém admira.
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Ando com essas dúvidas.
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E desse privilégio, não quero.
Manda-me embora, onde se engana.
E já foi, está feito, de amor
Ou ódio, palavra ao vento, não volta.
Quero bem, mas não me amole.
Se matar-me pelas costas, dou a frente.
Também faço loucura,
Dentro da sua cabeça.
Carniça é para abutres, e a carne
Viva sempre vêm do ventre.
Poema sem fé, serve para poucos:
Mas se sirva das formas
Que eu já desuso.
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sexta-feira, setembro 14, 2007

Paz

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A paz, que invade; violenta.
Quer ou não quer, arrebenta.
A paz dos dias e das formas
Das cores lúcidas e das vozes.
Essa paz, que não quero;
Que não me serve.
Não me responde nada, nem adverte.
Jogaria no lixo sem arrependimento.
Jogaria dado, para o destino.
Esconderia a paz dos meus dias.
Infiltraria nos músculos,
Nos glóbulos, enxergaria.
Se gritos: haveria guerra.
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Mortes, cortes e afogamento.
Sangue jorra pela pele,
Arranca os ossos com os dentes.
E essa paz que não me serve?
A paz transparente, sem vida e serena.
Minha paz seria luta para outros.
É que preciso desse termo;
De me arregaçar onde seco.
Preciso de coisas, odores;
Do movimento brusco, do ódio.
Preciso parar onde possam
Arrastar-me por correntezas,
Por injúrias, dores e doenças.
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Haja guerra!
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Que me toquem. Que me fucem.
Que me maltratem sem silêncio.
Puxem meus braços, cuspam na cara.
Que tirem minha comida;
Que enjaulado me amordacem.
Que me interfiram; que suguem.
Que façam tudo, que eu chore;
Que ame desesperadamente.
Que precise de água, de velas.
Que precise restaurar as idéias.
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A paz que tive, nesses dias,
Serviu apenas para saber quem eu era.
Essa paz que não me serve,
Essa resposta que eu não quero.
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Haja guerra!
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Que me esqueçam os dias,
Que me construam indiferente:
Mas que na paz, não me encontrem.
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quarta-feira, setembro 12, 2007

A Ponte

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FOLHA 06/05 – A PONTE (20/01/2005)
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Chove, a água suja. Chafariz. Era o chafariz que fazia aquelas gotas caírem em sua camisa, molhar sua calça. É claro, ainda tinha Sol. Não importava agora o que estava acontecendo, ele estava decidido em fazer muitas coisas. Continuou andando, ignorando os esbarrões, se é que eles aconteciam. Tinha uma única certeza: não se importava mais com as pessoas. Ele continuou andando, decidido.
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Carregava uma sacola, dessas de plástico. Algumas roupas sujas, uma carta, uma maçã e um relógio sem bateria. Andava depressa. Parou para olhar meia dúzia de pombas. Em sua cabeça imensos dragões cuspindo fogo. Era assim que via as pessoas, os animais: imensos monstros. Odiava todos eles. Queria matá-los, mas não podia. Enfim percebeu que estava perdendo tempo olhando aqueles bichos, tinha um plano na cabeça; era o grande momento.
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Parou na barraca de pipoca. Lembrou da infância. Sempre encontramos alguma coisa que nos faz lembrar da infância. Bola, chiclete, sorvete, desenho animado, nossos avós. Sempre lembramos de nossos avós quando ficamos velhos, queríamos ser igual a eles? Pediu um saquinho de pipoca doce. Cheirava manteiga com açúcar. Pôs a primeira na boca, as lembranças vieram. Uma após uma, cada vez mais lembranças. Quis chorar, mas sabia que seria ridículo. Nesse momento ele tinha que se manter forte, ele sabia disso. Mesmo com alguma alegria, sua cara continuava carrancuda.
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Continuou caminhando em direção ao seu destino. Nem sabia direito qual era, sabia que devia estar lá o mais rápido possível. Tinha ódio, raiva. Pisava firme no chão, a cada passo. Sentiu a paixão sumindo, evaporando. A dor de uma paixão nunca evapora, dispersa. Fica concentrada num único lugar: no peito. Ele sentia uma angústia tremenda no peito. Alguma coisa foi arrancada, quem dera fosse um braço, uma perna. Podia ser os olhos, meu Deus! Ele pensava nisso como se fosse adiantar alguma coisa. Estava sem coragem ainda, mesmo com tanto ódio ainda não lhe faltava coragem.
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Água ardente desceu no peito. Não curou nada, ainda sentia a dor. Pediu mais uma, nada. Nenhuma droga o faria esquecer a paixão. Nada lhe arrancaria o desejo de ter Isabel em seus braços, de beijá-la. Desejou não estar vivendo aquilo, que fosse um pesadelo! Teria que acordar, um dia. Continuou andando. Pensava na última dança, ela disse alguma coisa em seu ouvido. Ele ainda sentia o corpo de Isabel perto do seu, ainda se sentia excitado; ainda sentia a voz. Parou. Seria certo sua decisão? Estava mesmo tão angustiado? Sentou no chão, a sacola tinha sido esquecida no bar.
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Do outro lado da rua um assalto: pegaram a senhora e a jogaram no chão. Roubaram alguns míseros reais. Os moleques nem imaginam que com aquele dinheiro não comprariam nada, nem maconha. A velha ficou pedindo ajuda, parecia ter se machucado. Odiava velhos, dane-se os velhos! Algumas pessoas chegaram para socorrer a senhora, puseram-na em um táxi. Iam para o hospital. Que droga isso tem com os meus planos? Ele pensou. Já está tudo decido, dane-se também a sacola.
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Chegou na ponte. Tinha decido desde manhã que iria pular. Não iria mudar de idéia assim tão rápido. Pensou nisso todos os dias, desde que Isabel o abandonou. Não tinha dinheiro, não tinha amigos, não prestava para muita coisa. Considerava-se um verdadeiro estorvo para a humanidade. Qual o motivo de não pular? Não existiam muitos, ele sabia. Ponderou. É terrível ponderar nesta situação. Olhou para baixo os carros passavam em alta velocidade.
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Teria que ser rápido. Não poderia subir na ponte e ficar olhando para baixo, com medo. Todos iriam achá-lo mais fraco ainda. Se caísse também seria considerado um fraco, mas quem sabe alguém o admirasse. Ele sempre admirou as pessoas que se suicidam. Quer dizer: também achavam essas pessoas fracas. Ele iria se atirar, não havia nenhuma dúvida.
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Correu desesperado em direção ao abismo. Até correr era difícil quando se sabe as conseqüências. Se fosse uma linha final, numa corrida qualquer, ele tiraria forças de todo o seu ser, iria correr mais rápido; até o seu limite; seria vencedor. Não era o caso. Se arrependeria nos segundos finais de seu vôo? Tentaria voar de volta? Iria torcer para cair em algum lugar seguro, não se esborrachar? Não, não pode pensar nisso. Se está correndo é porquê sabe o que deve acontecer. A decisão devia ser muito rápida.
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Saiu correndo, para nós, era como se tivesse sendo carregado. Ele também sentia um peso em suas costas, sentia como se estivesse amarrado. Não era possível parar agora, tinha que continuar correndo. Estava próximo, alguns centímetros. Não estava arrependido? Estava, não estava. Não adianta pensar nisso agora, ele deu a partida.
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Seus passos eram leves, mas duravam muito tempo. Em cada passo, em cada nova etapa, lembranças ficavam para trás. Lembranças boas e más, qualquer lembrança. Sentia-se mais leve, quase flutuando. Voltara a sorrir, nos últimos centímetros estava sorrindo. Chegou perto, muito perto de pular. Lembrou da chuva, da pipoca, da Isabel. Um homem sem lembrança não era ninguém, nem poderia estar sofrendo, nem poderia querer a morte. Foi diminuindo a velocidade, mais lento ainda a imagem desenhada naquela ponte. Foi parando. Parou.
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Olhou para os lados e percebeu que ninguém estava interessado na sua tentativa absurda. Ninguém deveria mesmo se importar com ele, estava sendo fraco. Era um homem sem lembrança, sem desejo. Poderia começar tudo de novo, deixando de cometer os mesmos erros. Poderia procurar uma outra esposa, outros amigos. Poderia nascer novamente. Se a tentativa da morte não deu resultado, a da vida tinha lhe dado nova chance.
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quinta-feira, agosto 30, 2007

Carta de Satisfação

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FOLHA 05/04 – CARTA DE SATISFAÇÃO (20/12/2004)
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Ora, meus caros amigos, que sabor agradável esse que tem me tomado os últimos meses. Sabor do reconhecimento, da amizade e da simpatia. Digo isso pois recebi um número considerável de e-mails perguntando quais os motivos de ainda não ter publicado um livro. Não foram milhares, nem eufóricos; mas as justificativas foram cativantes e sinceras. É por esse motivo que peço licença nas publicações mensais do “Hoje é Vinte” para me refazer, tão delirante eu estou.
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Em primeiro lugar, nunca sonhei em ser escritor. Isso já bastaria para justificar certas coisas. Tive sonhos imperfeitos, eu sei; mas nunca em ser escritor. Outra coisa: todo profissional se prepara para ser o melhor, estudando; se aperfeiçoando. Nisso, então, sou uma negação. Minhas piores notas no colégio foram da matéria-prima da literatura: língua portuguesa. Sou péssimo nesse negócio de gramática, não concordo tudo; registro apenas bom aspecto na acentuação gráfica, regras que decorei aos quinze anos. E desculpe minha amiga letrada: estilo por estilo, sou mais Machado que Saramago.
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No mundo da literatura existe espaço para dois tipos de escritores: os bons e os melhores. Os péssimos são anônimos, ou deveriam assim permanecer por um bom tempo. Existe uma outra facção latente: os amadores. Esses com seus poemas ultrapassados, contos desinteressantes, histórias comuns e construções esdrúxulas. Mesmo assim, amam o que fazem. Exatamente por isso sua produção é rica, cheia de sucesso e apaixonante. Escritores amadores não são péssimos, nem melhores. São apenas amadores.
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E na fauna de artistas, o amador é o que melhor representa a mediocridade. Somos assim, meio termo. Nem tão bons, para sermos discutidos; nem ruins, para sermos ignorados. A pretensão de um amador é essa mesmo, fazer com que algumas pessoas gostem de nos. Pessoas amigas, complacentes e humanitárias. Sabem o quanto sofre um escritor amador por ficar obscuro. Graças aos deuses das letras que algumas pessoas estão lendo os meus pensamentos nesse momento, devo admitir. Sei que lêem, logo existo.
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É claro que tudo não passa de uma ironia crônica. Gostaria mesmo de escrever um livro, de ser muito bom no que faço; e que todos mandassem suas críticas gostando ou não. Todavia não me divirto com isso, não me faz continuar ou não escrevendo. Escrevo pelos mesmos motivos que alguns aceitaram encarar meus textos: pela diversão. Acabo me divertindo com os textos, até mesmo quando acho horríveis; e isso é tudo.
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Então, obrigado pela diversão; pelos pensamentos espantosos que tenho recebido. E mais ainda: não se aborreçam com minha presença entusiasta da arte. Vivemos apenas para apreciá-la; não para conduzi-la. Se um dia o livro nascer, por merecimento ou não. Vocês saberão primeiro, antes mesmo o autor.
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quinta-feira, agosto 16, 2007

Recado

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Não me procure, nem se lembre.
Não muitas coisas em mim, sofrem.
Na foto, rasgue; jogue fora.
Tantos imperativos me atrapalham.
Como conjugar perdas; olhando
Tão pouco espaço no tempo?
Desconsidere minhas palavras,
Finja jamais como lidas, e
No filme, sem qualquer reprise.
Ignore minha pequena lembrança.
Não sorria, isso serve para fracos.
Fortes choram, se arrependem;
Lutam e se advertem.
Passe por mim e não cumprimente.
Despreze, pule; tão pouco
Da memória, dos nossos tempos, olvide.
Continue seu caminho, e não me
Olhe parado esperando o abraço.
Corra, lute; ganhe sempre.
Das minhas idéias infrutíferas,
Crie labareda na terra, seus sonhos.
Largue minha mão, pode me deixar
E voe pelo abismo, arremeta.
Não me reconheça, nem pergunte meu nome.
Não queira saber do meu passado,
Futuro, presente; perdido.
Não compareça em meu nascimento,
Nos dias que são comemorados,
E se souber; falte também no velório.
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Ando ríspido, fera em fuga;
Sem forças, presas e impulso.
Sou bicho capturado na caça,
Pendurado, esperando a carne secar.
Sou caçador, que me importuna;
Jogando projétil, prendendo em cordas
E gritando recados, para que acorde.
Sou esse que corta a pele,
Que faz sangrar a própria carne,
Que da pele se esconde,
Como num cobertor da pele
Deixa a alma se abrigar.
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segunda-feira, agosto 13, 2007

Transmissão das Horas

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Veneno lentamente nas horas,
Que dia é hoje nos cálculos?
Falta muito, mas não percebo
nas horas sou inocente culpado.
Calo, no espelho; sinto tanto.
Foram todos em seus caminhos;
Tão diferentes, os amigos e
Os inimigos, que não se importam.
Nas horas, quanto tempo resta?
Rugas que se espalham, e no
Peito, antiga mágoa. Não pare
Nem na noite, ou na madrugada.
Se amores; sempre faltam; das
Paixões, nos recuperamos rápido.
Mas das coisas impensadas: Essas
Nódoas irrecuperáveis pelo tempo.
Ficam e advertem, não transitam
Nas épocas, nos séculos; na idade.
Já não avisam, como culpa; sempre
No caminho, nos lembrando, a inocência
Vai embora; e o pouco quase nada
Das coisas adversas, que somos frágeis.
Transformam seres em presas de um cruel,
Mas muito mais conhecido cenário.
Vou embora, mas na mesma hora
Que pensas solitária, eu volto.
Mas não volto o mesmo, outras
Químicas, no mesmo ensaio.
Na transmissão das horas, ora
Quem sabe a recuperação; ou o vírus
Que arrebate em sede, dor e fome.
Às vezes ele tira o sono, mas
dessa doença eu não tenho medo,
(Quase sempre escapamos com vida).
E o tempo, que para mim é outro
Chega definitivamente, respondendo
Que eu nem preciso queixa
Nem mostrar tanta indiferença:
Ele vai continuar o mesmo.
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quinta-feira, agosto 09, 2007

Vai ver

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Vai ver em nós, alguma coisa
De tentar, cansou; vai ver
Os outros, tão confessos,
Tenham inspirado, nos olhos
O sono que não vai chegar.
Quem sabe o amor não é
Tão mais sublime, vai ver.
Vai ver não tenho muito mesmo
Para dizer ou ensinar.
Se sorriu de mim, pode mais:
Evitar tantos outros.
E se cansou, pois bem, jamais.
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Vai ver tudo mesmo é sem sentido.
Tentar, justificar; posso confessar
Que a inspiração não é sublime assim.
Vai ver em nós, os outros vêem mais
E tentar, rebuscar; cansou.
Vai ver que não era mesmo
assim, confesso.
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Alguma coisa errada em nós:
Querer, cansou; vai ver.
Os olhos tão discretos,
Tentam inspirar outro rumo.
O sonho que vai chegar, sublime.
Que não vai ser amor, mas próximo;
Tão mais verdadeiro, vai ver.
Vai ver, não tenho muito mesmo
Para pedir ou discutir.
Se chorou por mim, pode mais:
Evitar-me como tantas outras.
E se lamentar, pois bem, jamais.
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Vai ver tudo mesmo é uma besteira.
Escrever, rabiscar; posso mais
na inspiração tão essencial em mim.
Vai ver em mim, os outros vêm mais
E improvisar, revelar; cansou.
Vai ver que não era mesmo
Para eu ficar tão calado assim.
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Carta ao Vento 004

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Contagiado pelo personagem da história O MENOR DOS ENCANTOS, resolvi criar listas também. Melhor doce de padaria, melhor refrigerante, melhor jogador, melhor música, etc. Tudo bem, não servirá de nada minha opinião. Como também não serviu a lista de ninguém na minha vida. Eu pensei numa lista que poderia nunca ter fim, como por exemplo as 2.000 músicas que eu escutei mais de uma vez na vida. Seria trabalhoso. Primeiro, é uma lista longa; depois, quantas músicas horríveis eu escutei na minha vida? Muitas. Decidir por futebol, a maioria dos meus e-leitores odeiam futebol (talvez por esse motivo a produção de Ft.Bol tenha minguado nos últimos anos). Álbum, é possível. Tipo “Os 100 maiores Álbuns da minha história”. Pode ser legal, alguém pode descobrir, por exemplo, que eu adoro Nelson Gonçalves. Bem, adorar não é um termo correto e confiável; mas é bem possível colocar algum disco desse cara na lista dos 100 melhores.
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Definido o tipo de lista, fiquei na dúvida em relação a sua especialização. Os melhores discos da minha vida ou os discos que mais me influenciaram? Nem todos os discos que iria relatar me influenciaram, e muito menos sou crítico musical para definir esse ou aquele como melhor. Fique por sua escolha, olhem para a lista como quiserem.
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Outra coisa, se eu faço uma lista, é possível que a compreendam numa ordem de escolha, e não aleatória. Pois fique registrado que será uma ordem aleatória, somente isso. Rynaldo, um amigo escritor, disse que minha lista sobre cinema era freudiana. Podem entender dessa forma, se quiserem. Minha ordem dos álbuns que mais me influenciaram, ou os melhores álbuns, ficará em um ordem freudiana.
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Há quem acredite que em qualquer lista de música que eu faça, obrigatoriamente aparecerá Iron Maiden encabeçando a ordem, seja em ordem cronológica, freudiana ou gosto. Pois bem, vou quebrar esse encanto, pelo menos por enquanto. É certo que Iron aparecerá com pelo menos cinco discos na minha relação, e isso ainda não é certo. Pode ser que esse número se multiplique com o passar do tempo ou não.
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Pensando bem, já fiz passar o tempo. Também atualizei o blog. Nesses dias tão confusos, importa mesmo é aparecer, mesmo que seja somente para dizer um olá.
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A lista? Alguém realmente se importa com isso?
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Obs.: você pode acompanhar O MENOR DOS ENCANTOS através do blog: http://prosahojeevinte.blogspot.com
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quinta-feira, agosto 02, 2007

Esse Dia

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Dia sem jeito, sem graça e sem porte.
Sem coisa de ser dia, mas sendo
e vamos levando; esse dia
Ou ele nos leva, sem arrependimento.
Cedo, e a luz é a mesma.
A chuva foi embora, deixando a lama.
Frio, de repente; nas noites frias.
Cobertor, televisão; as horas são assim.
Mas o dia, esse dia que me perco:
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Tem alguém ai que pode me ajudar?
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Um dia, diferente de tantos outros;
mas com as mesmas coisas de sempre.
Como posso me sentir tão morto,
nas coisas vivas que me acompanham:
Letras e uma porção de flores.
Pego mais uma xícara para ver o futuro,
na borra, torrão; relâmpago novamente:
A chuva foi embora deixando a lama.
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Alguém pode me ajudar?
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terça-feira, julho 31, 2007

Vaso

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Aos poucos, queria um poema
Aos poucos nascendo bem assim:
Sem releitura, intenção ou sofrimento.
Que cansado, brotaria da terra; e das
mãos nenhum movimento.
Mas exausto o corpo e a mente;
lutam contra o poema que não se sente.
Então, se o coração no tormento queira
inventar desculpas aos sentimentos falsos.
Sofreria de amor, se a verdade existe;
quem sabe da ausência que não se sabe.
Mas é na falta que não se entende,
que a idéia preenche o meu poema morto.
E aos poucos a dúvida morre infame
quase aos poucos, nasce noutra realidade.
E vinga, como se possível fosse:
troncos,caules e outras flores.
Nascido do nada e para o nada foste.
Revelar segredos que não dizem nada.
Mas quem me dera serem inúteis relíquias
que na palma não fincam espinhos; e
seria pesadelo se esquecido veneno
que em mim mantém todo domínio.
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Aos poucos, queria me livrar dos poemas
que nascem em mim sobre o desatino;
desses que mais sofrem do que advertem
dos que mais choram do que se sabe.
Aos poucos um poema liberto,
sem água, nas folhas somem.
Quem sabe poema
que aos poucos
morre.
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sexta-feira, julho 27, 2007

Neve Never

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Texto perto do Natal, não sei para quê serve essa informação, mas está dito:
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FOLHA 04/04 – NEVE NEVER (20/12/2004)
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Não era para estar daquele jeito, era verão. Um vento gelado, sentia meus pés doerem. Olhava pela janela e via neve. Neve?! Neve mesmo! Aquela que aparece nas noites de Natal. Papai-Noel descendo pela chaminé, trazendo um presente. Uma pança enorme, uma roupa vermelha, charmosa. Tem barba branca, dizem, eu nunca vi. Também nunca vi neve, ou melhor, nunca tinha visto. Fechei os olhos, era impossível. A época do natal me faz lembrar de coisas tristes. Tinha certeza que era um pesadelo. Mas a neve estava ali, sem Papai-Noel.
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Hoje era um dia importante. Iria me encontrar com o Maluco. Maluco é um amigo meu de infância. Vamos assaltar um condomínio. Luxuoso, cheio de gente rica, cheio de dinheiro no bolso. Peguei Jurema, minha arma; sai apressado. Não tinha neve, não tinha merda nenhuma na porta da minha casa. Maluco estava no local combinado, o cara sabia fazer as coisas. Planos são planos, devem ser seguidos. Ele elaborou um plano ótimo, como sempre. Da última vez conseguimos um dinheiro legal, paguei a dívida do meu irmão com o Zóio, meu irmão estava jurado de morte. Paguei o aluguel que estava atrasado, três meses de aluguel. Comprei uma televisão para minha mãe e minha vó. Não tinha cabimento, na Era da Internet, dos computadores, elas acompanharem a novela das oito em preto e branco.
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Era Natal. Não dava para fazer festa sem dinheiro. Queria comprar um peru, umas bebidas. Queria comprar uva. Uva é uma fruta exótica, quase divina. Não sei o gosto, nunca comi uva. O gosto da uva comprada não é o mesmo gosto de uva roubada na feira, uma de cada vez, uma em cada barraca. Você vai passeando pela feira, zoa com um feirante; pronto: come uma fruta roubada. Goiaba, maçã, uva. Não dá para roubar melancia, nem mamão. Minha noite de natal iria ter fruta, muita fruta.
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Chegamos no local do assalto. Tinha que ser rápido. O porteiro não resistiu, levamos o sujeito amarrado. No primeiro apartamento já estavam começando a festa. Festa mesmo, uma porrada de gente se cumprimentando. Como são felizes os burgueses diria Caetano. Sou pobre, mas escuto Caetano. Comida de monte. Olhei para o mais velho dos convidados, acho que ele era o dono do apartamento; apontei Jurema, disse que nada iria acontecer, estávamos em missão de paz. Maluco começou a colocar as frutas na sacola. Todas as frutas. Pernil. Depois: frango, arroz, tudo na mesma sacola. “Leva os refri?!”. Não precisava levar o refrigerante, ia pesar muito. Uma mulher num canto chorava demais. “Por que tá chorando?!” Cabelo penteado, um perfume maravilhoso... não entendia o motivo do choro.
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Carregamos duas sacolas. O sujeito amarrado levamos conosco, por segurança. Paramos numa praça, começamos a dividir a mercadoria. A caixa de uva ficaria comigo, já estava combinado. Maluco ficou com a melancia; até gostei disso, a melancia pesava demais. Frango? Frango eu como uma vez por mês, não me interessa. Peru? Peru recheado com uns trecos estranhos. Vou levar. Assim conseguimos dividir tudo. O sujeito amarrado estava com medo, deixamos o cara na praça, num lugar onde pudessem encontrá-lo. O cara era trabalhador, ora.
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Cheguei em casa. Minha mãe, minha vó e meu irmão estavam dormindo. Não era meia noite ainda. Arrumei a mesa. Chamei todo mundo para a mesa farta, farta mesmo, nunca vi tanta comida. Poderíamos ter pego mais, mas não seria correto, acabaria com a festa dos ricos. Também não caberia mais coisas na sacola. Sorrimos, cantamos e dormimos felizes.
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Algumas coisas só acontecem no cinema: o Papai-Noel não veio. Não existia também a neve lá fora. Não existia assalto, nem mesa farta. Comemos o que tinha, e não era muito para quatro pessoas. Mas não desistimos de olhar pela janela, fazer pedido a qualquer estrela cadente, aguardar que no próximo ano tivéssemos um Natal mais decente. Feliz Natal para quem pode ser feliz! E Deus me livre de ser um marginal!
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quarta-feira, julho 25, 2007

Socos, pontapés e a Briga

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Agrida, socos e pontapés
A vida, nos agride, sempre
Abandone, usufrua; sorria
Mas não deixe desse jeito,
impedido de argumentos.
Voe, longe; mas no possível.
Se fugir, vai voltar um dia,
então aprenda o caminho.
Ame, mas com cuidado;
moderado, imperceptível.
Amor nenhum deve fazer
falta, no que transborda.
Releia, mas esqueça; sempre
devemos um recomeço.
Comece, e não termine:
Mas vale o imperfeito a
qualquer sonho terminado.
Responda com perguntas,
ignore as tentativas sérias.
Nada é sério nessa vida,
mas podemos valer o esforço.
É imperativo, desobedeça;
a vida que te presenteia.
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segunda-feira, julho 23, 2007

Um Estalo

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Meus olhos não cansam: Talvez
eu desabe qualquer dia desses,
mutilado, desiludido e rejeitado.
Visto teu corpo, tantas de você;
não vendo, nem imploro; sujo.
Epiderme, os ossos; tudo tão igual:
Os cabelos, lisos; e os nervos, soltos.
Nada mais posso te responder,
de tua pergunta que não existe.
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Nas mãos, nuas; formas que evito.
Ou quer não me dizer nada, revela-se
Jogue conversa pela janela, arrependa-se
Pelo tempo e pelo ralo; num estalo
dizer tua vida como parte da minha.
Entenderá meu sofrimento? Não.
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Sequer sonhe, eu desejo.
Boca, nuca; um perfume tão indolente.
Teu beijo; mastigando e engolindo.
e digerindo, desfabuloso e cruel.
Beijo ridículo, mentiroso e disperso:
Endotérmico, exotérmico, frio de novo.
Não olha, nem despreza; ignora.
Conforta-me e concede vulnerável,
armas que nem percebe, e escudos destroçados:
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Faltam-me injúrias, mas guardo escarmento.
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Arranque, então, meus olhos, para que
olhando-me; desconheça.
Ignore meu apelo; para que mandando-te;
desobedeça.
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quinta-feira, julho 19, 2007

Minha Vida Por Michelle

Olá,

Esse folhetim eu escrevi em 10/2004 e acabei mandando por e-mail no dia 20/11/2004.
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Folha 03/04- Minha Vida por Michelle
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Não conheço nenhuma Michelle. Não há nenhuma mal nisso, podemos não conhecer inúmeros nomes. Mas o rosto de Michelle eu conheço bem, muito bem. Passei horas olhando para aquele figura enigmática no outdoor. Fiquei apaixonado por aquela mulher. Vendia pasta de dente, tinha realmente um belo sorriso. Queria poder olhar para aquele rosto quando chegasse de manhã e tivesse que levantar da cama; ou quando fosse almoçar, jogar futebol. Já pensou aqueles olhos enquanto eu jogasse futebol?
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Não sei o nome, decidi por Michelle. Não sei quantos anos ela tem, deve ser uns vinte e poucos. Vinte e quatro, incompletos. Deve ter no máximo um metro e sessenta e cinco. Não aparenta ser alta. Não faço idéia do busto, ele não aparece na foto. Quadril, coxa, pernas, etecetara e tal; melhor nem pensar. Tem lábios finos, olhos castanhos. Cabelos pretos, lisos. Os cabelos podem estar modificados para a campanha publicitária. Não importa, é isso que me chamou atenção.
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Estaria fazendo faculdade? Posso fazer umas perguntas, senhorita Michelle? Melhor filme? “Morte em Veneza”? Filme antigo. Melhor ator? Está bem, pode ser brasileiro. Melhor novela? Não. Não vou perguntar se gosta de novela, é muito chinfrim. Melhor grupo? Legião?! Também gosto, não muito; mas gosto. Comida? Italiana, certo. Livro? Perfume? Faz faculdade do quê mesmo? Sei. Preocupada com o futuro......”Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar”...cantei certo?
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Seria um interrogatório incomodo, para não dizer chato. Pediria para escolher o restaurante, não pode exagerar no preço, ando sem dinheiro. Quer beber alguma coisa? Bebo cerveja, mas não parece ser a bebida mais interessante para o momento. Sim, vamos pedir vinho. Sabia que eu fiquei apaixonado pela sua foto na Avenida Cruzeiro do Sul, logo depois da estação Santana? Sim, eu ando de metrô. É, estava indo para o trabalho. Sempre vou do lado direito, parece ser uma superstição, mas não é. Então, naquele dia decidi ir do lado esquerdo. Vi sua foto, aquela da propaganda de pasta de dente.
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Não parecia que ela tinha acabado de escovar os dentes. Se fosse um outdoor sobre concessionária; quem sabe de alguma comida chinesa. Era mesmo de pasta de dente. Seria ardida? Percebi que você estava sorrindo na foto. Com certeza vi que você tem dentes lindos; poderiam chamá-la por outro motivo que não fosse o sorriso? Não. Não quero mais fazer perguntas. Já me basta o que aprendi. Tenho certeza disso.
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A conversa não existiu, muito menos nossa ida para o restaurante. Ótimo, melhor que tenha sido assim mesmo. Continuo passando no mesmo local, ela mantém o mesmo sorriso. Algumas vezes parece apático, quase sem graça; deve cansar de ficar na mesma posição. Coitada da Michelle, com seus vinte e poucos anos; passar por uma situação dessas.
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Não vou dizer que ela perdeu a graça, ainda gosto muito de vê-la no outdoor. O que me incomoda é essa indiferença, age como se fossemos estranhos. Queria poder continuar aquela conversa, mas tenho certeza que iria me humilhar mais uma vez. Quer responder sério o que eu estou perguntando? Vire uma celebridade, artista de cinema.....rebole em algum desses clubes masculinos. Vou me aproximar de você, pode ficar tranqüila. Mas nunca mais me receba com indiferença!
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Ela não existe mais. Colocaram outra foto no lugar. Hotel em Atibaia, venha e traga sua família. Uma ova! Cadê a Michelle? Juro que não brigo mais, juro que vou perguntar coisas decentes....quer transar? Vamos ter filhos? Não quero saber sua idade, não. Michelle, me trate com indiferença que eu gamo, que eu fico louco, apaixonadão; eu daria minha vida para vê-la novamente escovando os dentes...tão lindos, branquinhos; queria medir seu busto....está bem...foi só uma brincadeira....mas o quadril eu posso saber o tamanho?!
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quarta-feira, julho 18, 2007

Ausentes na Festa

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Vaia sempre é um mal sinal, não importa de quantos. O certo é que o número de pessoas presentes na festa do Pan não era apenas um grupo, com características específicas ou de uma única cidade. Levantou-se a tese de que o povo rico não gostava do Lula, lá na época das eleições presidenciais. No Maracanã não estavam somente os ricos, mas pobres, bons, maus; gente feliz, triste; carioca, paulista e até argentinos. Sim, devia ter uns argentinos assistindo a festa. Bom, então não é somente um grupo, mas algumas pessoas de determinados grupos. Seguindo o enredo científico-político é provável que eu caia em alguma cilada, falar bobagem; que de prontidão será questionado por pessoas mais conhecedoras. Não dou rumo à questão.
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Volto para uma dúvida simples: é certo a presença de pessoas públicas numa festa sem interesses políticos como foi o PAN? O PAN é uma organização com interesses políticos? Sendo o governo federal um dos responsáveis pelo financiamento, deveria ficar fora da festa? A questão é muito complicada, e talvez mais difícil de se entender na cabeça dos brasileiros. Nós adoramos desconfiar dos políticos, afinal eles quase sempre nos dão razão para isso. Então, melhor do que não ver um político numa festa como essa, é vaiá-lo assim que possível.
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A percepção que tenho é que a presença de Lula, assim como dos outros políticos presentes, tinha uma relação muito próxima com a questão da imagem, marqueteira e eleitoreira. No entanto, essa percepção vai perdendo a força quando notamos os fatos históricos que envolvem a questão: Chefe de estado é responsável pela abertura dos jogos em qualquer parte do mundo, foi assim até agora. É possível que nenhum político consiga simpatia por causa de um acontecimento esportivo. E por último: seguindo o protocolo, possivelmente iria repetir todos os agradecimentos feitos pelo presidente do comitê pan-americano. Assim, não iria acrescentar em nada sua apresentação, apenas uns minutos de fama.
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Portanto, pior do que sua presença, foram as vaias durante a apresentação.
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E falando em ausência, outro personagem dessa história também apareceu pouco: Cauê. Para quem não sabe, ele é um dos mascotes do Pan-Americano. Quem gosta de marketing vai entender o que estou falando: Um grande concurso foi feito para se escolher o nome do mascote. Vários desenhos, projetos e afinidades com o povo foram estudados. Foi pensando então no Sol, como imagem festiva do Rio de Janeiro (Sol que estava no centro do Maracanã). Numa grande campanha surge o nome: Cauê. E na festa? Foi convidado mas deve ter sentado na terceira fila.
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Na abertura, a figura do mascote devia aparecer em quase todos os cantos. É a imagem que vai vender, que vai arrecadar fundos com venda de camisetas, chaveiros, bonés, bonecos; brinquedos, lanches, sucos e diversos outros produtos. Ninguém pensou nisso? Pensaram, é claro. Várias empresas que colocaram dinheiro no Pan estão esperando lucros. Agora a utilização do mascote, ou mesmo do impacto mercalógico que ele poderia causar na abertura do Pan, principalmente para o público infantil, não foi muito bem trabalhado.
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Cauê e Lula não são parecidos em nenhum aspecto. No entanto, ambos podem comemorar vários feitos, e um deles é ser convidado principal de uma festa onde não puderam entrar.
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segunda-feira, julho 16, 2007

Melhor para o Final

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Não é que mais uma vez somos campeões? Quando ninguém mais acreditava, quando o mundo achava que a possibilidade da Argentina ser campeã era muito maior do que dos brasileiros, mais uma vez vencemos. E olha que não foi uma vitória no sufoco, meio que nas surpresas do jogo; foi um belo jogo do Brasil. Marcamos o primeiro com Júlio Batista, que discreto não aparece tanto na mídia, muito menos em campo. Mas é um sujeito esforçado, humilde; e que mostra desde os tempos do São Paulo ter uma cabeça boa quando o assunto é polemizar. Foi um dos poucos que ressaltou a vitória ao invés das críticas e o recado aos jornalistas.
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Vencemos, merecido. Ninguém duvida. Principalmente se a análise imparcial ficar restrita ao jogo final, quando mostramos o que temos de melhor. Se olharmos para o passado, algumas coisas ficaram mal contadas, principalmente a nossa classificação duvidosa diante do fortíssimo selecionado uruguaio (é brincadeira isso que estou dizendo, rapaziada, Uruguai não é forte desde 50). Passamos fácil pelo Chile, é verdade. Mas jogo mesmo, foi somente com Argentina.
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Juan levanta a taça junto com Gilberto, capitão e vice-capitão. Parece que ambos se tornarão homens de confiança de Dunga, ainda não são. Outros dois que não podem perder lugar, mais uma vez votando no nome dos caras: Mineiro e Josué. Vágner Love fez uma bela partida, mais ainda é dúvida no futuro. Daniel Carvalho é outro cara que conhecia pouco, mas que gostei do jogo. Aquela colocada no terceiro gol, calmo; coisa de quem sabe pelo menos um pouco de futebol. Não foi chutão, foi colocada de chapa, como se dizia no passado de glória.
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Que passado é esse? Muito distante, do futebol arte. Hoje não jogamos nada de arte, com certeza. Mas diferente do espetáculo da seleção de 82, essa foi campeã. Alguns irão desenhar minha cara na parede e lançarão dardos envenenados mirando meus olhos. Calma, não estou dizendo que essa Segunda Era Dunga é melhor do que 82 só por causa de uma Copa América. Mas uma vitória contra a Argentina, quando ela era considerada muito superior, sempre dá uma certa euforia que pode causar danos aos neurônios. Pode deixar que o delírio vai passar, novamente me tornarei aquele nostálgico incorrigível (mas com sofreguidão) da Copa da Espanha. Mas não dá para esconder o sorriso, o grito e a vontade de esculachar nossos principais arqui-inimigos.
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Bem, o meia que eu esperava ficou no banco. O goleiro que eu não acreditava mostrou ter sorte e brilho de campeão, mas continua não sendo o melhor. O centroavante, ele não costuma marcar gols. Os volantes são ótimos marcadores, são melhores taticamente, mas não são craques. Os zagueiros são aquilo que vocês devem ter visto: seriedade e alguns sustos, mas o que há de melhor na seleção (principalmente depois que Alex perdeu peso durante a competição). Os laterais? Pô! Não vou pegar no pé agora, foram campeões, ora. Atacantes? Isso sempre nos sobra, apesar que alguns nomes são dependentes da fase, ou seja, quando está boa eles c
correspondem.
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Dunga pula e brinca com os outros jogadores, como se fizesse parte deles. Não é mais, Dunga, você agora é o treinador. Novo, quem sabe. Um pouco inexperiente. Pode não saber nada de tática, nem agora nem no futuro. Mas mostrou uma coisa: fez esse pessoal correr, lutar e mais do que tudo: ganhar da Argentina.
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Sempre é bom repetir essa parte, parece que todos os males vão sumindo, sendo curados. Olho para Dunga, recebendo a medalha; Doni beijando a taça. Maicon e Gilberto comemorando, mais uma vez: Dane-se, ganhamos da Argentina.
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quarta-feira, julho 11, 2007

Briga de Foice

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Olá, caros e-leitores,
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Mais uma vez peço licença à vocês, invadindo suas correspondências com mais um romance eletrônico. Trata-se de BRIGA DE FOICE que conta uma história improvável, mas possível. Um sujeito têm um emprego pouco comum, é segurança de um ringue onde homens lutam até a morte. De repente está numa situação complicada, devendo dinheiro para um bandido e jurado de morte por outro. O que você faria? Tenho certeza que a resposta nunca foi pensada, afinal quem se imaginaria vivendo numa situação dessas?
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Espero que consigam um tempo de suas vidas para se divertir com o texto. Eu mesmo fiquei muito contente com a oportunidade de escrever a história, e ficaria muito mais se todos pudessem apreciar essa aventura.
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Obs.: Texto disponível somente no blog: http://prosashojeevinte.blogspot.com
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Boa leitura!!
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Sérgio Oliveira
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Meu Futuro

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Pouco antes de começar o FOLHETIM HOJE É VINTE, eu já escrevia alguns textos. Meu Futuro nasceu de uma conversa com uma amiga, que estava com dificuldade de escrever sobre um tema dado em uma aula no colégio. Eu disse que, apesar de gostar de música e futebol, não sentia dificuldade de escrever temas que eu não tinha total domínio, e que o importante numa redação era mostrar habilidade em desenvolver um tema e ser claro. Ela disse que precisava exemplos, de uma idéia. Disse isso, e eu já sabia onde ela queria chegar; pois a linguagem do texto que eu iria escrever não podia ser muito "intelectualizada". Foi essa a palavra usada pela garota. Bom, escrevi um texto, que considero juvenil, exatamente como a professora havia pedido. Fez parte do Folhetim Hoje é Vinte número 02, enviado em outubro de 2004.
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Folha 02/04 - Meu Futuro (20/10/2004)
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Era um tema de redação. Tão cruel é qualquer tema de redação. "Meu Futuro" quem diria? Quem poderia acertar mais do que revelar idiotas pretensões? Deveria ser proibido perguntas desse tipo; preferiria falar sobre meu maior medo, sobre meu defeito, sobre meus vícios a falar sobre meu futuro. Mas estava lá o tema, imexível. Imexível já teria tirado alguns pontos, se a redação tivesse começado. Ainda bem que ainda estou pensando, matutando, cogitando; ainda bem que não comecei a falar sobre meu futuro. Quero primeiro pensar no agora, pensar no que estou fazendo. Haverá futuro sem presente?!
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Estou na terceira cadeira da quinta fila. Contados da porta de entrada da sala de aula. Do meu lado esquerdo o Josemar. Direito a Jurema. Meus vizinho de frente, Mariana; de trás Rita. Teriam eles algum futuro? Todos eles estavam agindo da mesma forma: olhar a professora, escrever. Olhar a professora, escrever. Decerto queriam todos serem professores no futuro. Num ritual místico, entre papel, lápis, professor e aluno; a redação ia surgindo. Olhei pela janela: lajes com moleques e suas pipas. Queria ser um pouco deles! Não estava conseguindo escrever isto, no entanto.
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Não tenho capacidade técnica para falar sobre meu futuro. Não sei escrever o que sinto, imagine o que desejo. Os desejos são mais complicados, confusos. Queria desejar meu futuro profissional? Professor, jornalista, jogador de futebol, músico, artista, cientista? Depende da escolha profissional se meu futuro é casar com uma linda e romântica mulher? Não quero escolher minha profissão, nem se vou casar. Quero dizer sobre meus outros futuros.
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Quero não passar fome. Fome deve ser uma das piores coisas do mundo. Se bem que ninguém quer passar fome, isso não ficaria restrito, portanto, a mim. Uma das primeiras coisas que penso é ter comida na mesa todos os dias. Não preciso de fartura: escargot eu não comeria. Meu futuro seria simples, quem sabe trabalhoso; mas não é um futuro inacreditável. Josemar, por exemplo, quer ser astronauta. Coitado, sofre de labirintite desde pequeno. Não tem cura.
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Meu futuro também seria fenomenal sem violência. Outra vez um sonho altruísta. Violência é ruim para todos. Quem sabe Josemar quer ir para o espaço com medo da violência. Mais uma vez meu futuro é tão comum a todos. Mas não queria um mundo pacato, rotineiro. Queria a briga pela liberdade, pelo meu espaço, pelas minhas idéias. É uma espécie de violência, não violenta. "Taí" mais uma expressão que iria tirar mais alguns pontinhos da minha nota!
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Tentei olhar a redação da Rita. O que ela estaria pensando sobre o futuro? Queria ser bailarina? Professora? Casar de branco? Hoje não importa mais a virgindade para casar de branco. Ela tinha sonhos, muitos sonhos. Quem quer muito acaba ficando sem nada (Esse lugar comum também tiraria mais uma nota da minha redação). Mas eu não precisava ler o que ela estava colocando no papel para dizer que tinha um coração maravilhoso. Seu futuro nunca seria incerto; com certeza poderia colocar qualquer coisa em sua redação.
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Meu futuro era imprevisível, incalculável. Tantas negações irrevogáveis. Inacreditável! Poderia ter escrito um poema cheio de musicalidade no lugar de uma redação?! Repetiria as mesmas particularidades para dizer que não estava preocupado com meu futuro, mas que ele deveria estar preocupado com meu presente. Inaceitável! Impenetrável mesmo com búzios ou mapa astral. O que diria meu mapa astral neste momento impertinente?
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Deitei sobre a folha em branco. Não queria falar sobre meu futuro. Poderia alguém tocar o sinal do recreio?! Quero a nuança das meninas, o sonho dos meninos; quero beijar as mulheres, beber com os homens. Quero jogar bola no time da escola, colar na prova mais difícil. Quero que alguém dê esperança ao meu futuro!
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sexta-feira, julho 06, 2007

Fim de Tarde

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Que coisa boa essa tarde, onde
pessoas que não conheço, morrem.
Eu sobrevivo – Acreditar, ainda
duvidando, pode ser único remédio.
Que felicidade, nessa vida sem
nada que me anime.
Olhar o céu, sem chuva,
sem esperança e sem coragem.
Que maravilha o fim de tarde.
E sem pecado, vivo feliz;
com tantos outros pecadores,
e ladrões, marginais ou
crianças chorando; todos ingratos.
Mas é feliz, minha alegria.
Real, ou no imaginário mundo
das artes concretas do cotidiano:
Feliz, só posso ser feliz.
Que admirável mundo, que já
não é novo, mas caminha
como em pedras: agudas,
de lama do orgulho e da
penúria do corpo e da alma.
Que em feridas, acham fortuna,
e nos dias ruins, algumas desculpas.
Que fim de tarde,
que não importo com mais nada.
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segunda-feira, julho 02, 2007

Carta ao Defunto


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Em setembro de 2004 começo a publicação do FOLHETIM HOJE É VINTE. Trata-se de uma coletânia de crônicas, enviadas mensalmente para alguns amigos através de e-mail. Quando folhetim estava prestes a completar dois anos de publicação, resolvi criar um blog, onde pudesse postar não só os textos enviados pelo FOLHETIM mas também publicar contos, artigos e principalmente poemas. Nesse mesmo período, um pouco antes, algumas pessoas passaram a receber também o que veio a ser batizado pelo meu amigo Lula como NOVELAS INTERNÁUTICAS.
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Um blog imaginário que não era um blog, ficou conhecido por ter um personagem nada convencional ASWIN. Posteriormente foi lançado MOBIL AVE, que contava a história de um assassinato que tinha uma peculiaridade: o corpo desaparecido. Foi o romance internáutico mais longo, pois contava com quarenta capítulos.
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Depois veio NATASHA ON LINE, que contava a história de uma ladra conhecida internacionalmente, que roubava apenas valiosos objetos como pinturas, esculturas entre outros. Logo depois veio A MÁSCARA DE BEHLE, BRIGA DE FOICE e ULTIMAVISION. O último romance publicado por e-mail foi O MENOR DOS ENCANTOS.
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Estou dizendo tudo isso pois, assim como pretendo colocar todos os textos do FOLHETIM HOJE É VINTE nesse blog, colocarei também os romances completos no blog PROSASHOJEEVINTE. BLOGSPOT.COM.
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Segue, então CARTA AO DEFUNTO, primeiro texto publicado no FOLHETIM, em 20 de setembro de 2004.
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FOLHA 01 - CARTA AO DEFUNTO (20/09/2007)

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Caro amigo, eu sei que deveria ter escolhido uma ocasião mais oportuna, mas como dizem: antes tarde do que nunca. Sei que os louros que direi não vão interferir mais em sua vida, como também os defeitos serão tão inúteis quanto a vela que sua mãe acendeu perto do altar; mas, quem sabe sirva de lição aos seus herdeiros, estes sim, com grande oportunidade vindoura.
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Gostaria de começar pelo perdão, pois tudo que virá adiante terá que ser lido, e escrito, por corações livres de quaisquer desventuras terrenas. Sei que para você é mais fácil não pensar em ódio, amor, sexo e vícios, a companhia dos serafins e outros privilegiados da hierarquia astral devem estar lhe fazendo mais bem do que mal. Mas para mim, que ainda suporto tão pesado fardo, de carne, gorduras e ossos; é um alívio, ao mesmo tempo trabalhoso, despejar todos os defeitos que carregaria até o dia da morte.
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Em primeiro lugar, desejo que me perdoe ter me apaixonado por Cecília. Sei que sua esposa foi seu melhor tesouro, e, exatamente por isso, não permiti que ela terminasse tão confortável relacionamento, saísse de sua casa, e o abandonasse ao léu. Tivemos um caso, sim; mas foi tão banal nosso coito que não se pode qualificá-lo como amor. Além disso, nem foram tantos anos de traição, se é que podemos dizer que estávamos traindo; quinze anos não é tempo suficiente para construir um vínculo sério. Também agradeço por Vinícius que, mesmo com semblante diferente do que considerava familiar, acabou educando-o com os maiores manifestos de amor e carinho.
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Impressiona-me sua aparência robusta e, mesmo neste caixão apertado por tantas orquídeas, parece atingir a real liberdade que todos nos procuramos. Nos últimos anos você realmente estava mais alegre, e os problemas de saúde, financeiro e até sexuais, não estavam mais afligindo-o como imaginávamos. Tudo bem que ninguém mais parava sequer um minuto para ouvir suas lamentações, que ninguém tinha paciência esperando você chegar à mesa para o almoço, e que não conseguia falar tanto como no tempo em que era o mais falastrão do boteco do Agenor; mas tudo isso não passava pela sua cabeça como algum tipo de tortura.
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Vendo seu sorriso, acabei lembrando do dia em que descobriu o golpe que lhe tirou alguns anos de economia. Parco como era, deveria prestar mais atenção nos larápios que se aproximavam todos os dias do seu escritório, querendo sempre uma vantagem em negociações, contribuindo ainda mais com sua imagem altruísta. Mas como você mesmo dizia, dinheiro não era tudo na vida. Foi exatamente por essa opinião, que caracterizava o seu desprendimento com coisas materiais, que me sinto obrigado a lhe dizer que também andei roubando algumas coisas suas, dinheiro principalmente; fora alguns objetos de decoração, esposa e o seu lugar preferido no sofá da sala. Juro por tudo que existe de sagrado que a cerveja gelada eu mesmo levava, pois era o mínimo que poderia fazer para honrar pessoa tão afeiçoada. Talvez seja um dos motivos de eu não estar chateado em ter gasto alguns trocados para que seu enterro saísse com alguma dignidade.
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Para terminar, torço, realmente, que seja muito feliz em sua nova vida. Que essas picuinhas sejam esquecidas, pois, ao meu ver, não devemos ficar entristecidos com esta ou aquela traição banal. O que importa mesmo é que fui e sempre serei seu grande amigo, que estarei ao seu lado, carregando o seu caixão, que colocarei a primeira pá sobre sua sofrida vida. Mais do que isso: desistirei de Cecília em respeito a sua já indecorosa reputação. Durma em paz.

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Camisa 10 é um número?

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Segundo jogo da seleção. Uma única modificação, Anderson no lugar de Diego. Diego não teve sorte, essa é a única resposta que podemos acreditar por ele não ser titular. Desde que Dunga virou técnico, Diego sempre entra como opção no segundo tempo, ou no final do jogo. Arrebenta, joga, se movimenta, marca. No primeiro jogo que começa como titular, bem, não teve sorte. A mudança dá esperança, pois foi com a entrada de Anderson no segundo tempo contra o México, que o time ficou mais forte. Bom, não é que se espera, o time continua sem jogada, sem entrosamento e sem grande poder no ataque.
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Parte desse problema poderia ser resolvido com um meia mais criativo, coisa que não temos na Venezuela. Como disse no outro artigo, o negócio está realmente complicado. Riquelme é o grande nome da Argentina, mostra-se um meia habilidoso e de grande criatividade. O Brasil poderia contar com Kaká nessa função, mas também não é sua praia. Ronaldinho Gaúcho também sucumbiu quando precisou ser meia de ligação. A pergunta na cabeça do Dunga é a mesma de vários torcedores: quem é esse craque? Que jogador poderá ser a peça fundamental de um time campeão?
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Os meias sempre tiveram papel importante em qualquer seleção. O Brasil contou com vários deles, sempre brilhantes. Onde estão esses jogadores? Nossa escola não consegue mais criar esse tipo de jogador? Cadê o nosso camisa 10? Deve ter se perdido em algum lugar da história, pois atualmente não conseguimos encontrar nenhum deles. A seleção brasileira não tem esse camisa 10, e o que melhor pode fazer essa função, é o Diego. Talvez o único jogador com essas características de ligação, com habilidade e com criatividade. O que falta para Diego? Que o resto também funcione.
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Julio Batista também não é uma grata surpresa na seleção, mas jogou bem quando entrou. Robinho continua sendo o jogador mais criativo, e o único que tem se destacado na Copa América. Não podia ser diferente, pois ele realmente sabe jogar bola. O problema é que a seleção anda mal das pernas, o que acaba fazendo de Robinho uma peça isolada, tentando fazer sozinho a máquina funcionar. Quando brilha, faz três como no Chile. Quando emperra, ninguém mais anda.
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Já que não temos como destacar ainda uma participação do ataque brasileiro, melhor mesmo é falar da dupla de volantes. Josué entrou no segundo tempo, revivendo uma das maiores duplas do futebol brasileiro dos últimos anos. Não é que a seleção ganhou o meio de campo. Josué faz a cobertura de Mineiro, Mineiro cobre Josué. Um tipo de manobra que leva tempo para se aprender no futebol, precisa de tempo, conhecimento e vontade. Josué roubou a bola no segundo gol de Robinho, e a bola no terceiro gol. Ninguém percebe, pois trata-se de volante, quieto e muito discreto. Mas é lutador, obediente taticamente. Deve ser titular junto com Mineiro.
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O próximo jogo é contra o Equador. A mudança certa é a entrada de Daniel. Equador não vem mostrando um bom futebol, espera-se vitória do Brasil com maior facilidade. Mas, melhor do que vitória, é a apresentação de um futebol mais convincente, coisa que não aconteceu até agora. Talvez pelos meias, talvez pelo entrosamento, talvez pela treinamento. E no meio de tanto “talvez”, talvez o Brasil jogue um bom futebol; quem sabe chegando às finais, Ignore de uma vez por todas o “se” Ronaldinho, “se” Kaká, “se” um meia existisse.
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quinta-feira, junho 28, 2007

Relógio Invertido

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Do tempo eu não espero nada.
Que ande, como para todos, firme.
Sem regalia, enganos ou imóvel.
Que nas horas, que qualquer segundo
tente, a parede destruída dos dias.
Não importa o rosto decaído, nem
os ossos se contorcendo, falidos.
Se humilde, de joelhos, evitar a queda:
Pendurado na parede imaginária,
haverá sempre um relógio invertido.
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Acabado, perseguido; enfileirando gente
o tempo sempre arruma força no destino.
Se existe não é para outra coisa, que
encaminhar o homem ao termo.
Contando horas, de surpresa,
ignorar as preces de tantos tormentos.
Ser apático, designado quase sempre:
Levar quem queira e quem não consente.
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Não importa quem decida o contrário,
que brigue com as horas, diário.
Chegará momento que evitará o dano,
não mais se esquivando da fome latente:
o tempo remando em fortes torrentes,
decidir que real em nós, é imaginário.
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quarta-feira, junho 27, 2007

Era Dunga (Segunda)

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Começa mal a Copa América para o Brasil. O jogo ainda não acabou e eu já estou aqui escrevendo a derrota. Pode até acontecer uma virada, mas pelo que vi no primeiro tempo, isso é quase um milagre. Onde se pode esperar mais por milagre é no futebol. A coisa não anda boa e não é de hoje. Sem as estrelas, que eu nem sei muito bem se são tão estrelas assim, o futebol ficou apenas bom. Bom qualquer seleção tem sido, algumas são ótimas, como é o caso da Argentina. México é bom, para menos. Acaba de perder para os EUA a Copa América deles, está agora participando da Copa América nossa.
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O Brasil começou péssimo nos primeiros dez minutos. Era normal para qualquer time, o nervosismo de estréia, coisa e tal. Passou a jogar mal durante os outros cinco minutos. Não é tão normal assim ser vaiado nos primeiros quinze minutos, e o Brasil foi. O resto então, do primeiro tempo, uma verdadeira lástima. Brasil não tinha saída de bola da defesa, esperando alguma mágica do, mais uma vez quadrado mágico: Alex, Elano, Diego e Robinho. Sou fã desses caras, mas lá no Santos naquela final que foram campeões. Também gosto do futebol do Mineiro, mas lá no São Paulo. Doni? Acho que só um amigo meu gosta do futebol do Doni, amigo que prefiro não revelar o nome.
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Tudo bem, são poucas opções para a seleção. A melhor coisa, tirando os astros Kaká e Ronaldinho, estão na Venezuela, treinando com Dunga. Viu como estamos numa situação difícil? O que resta para os brasileiros, então? Botar o pé no chão. Bater no peito e dizer bem alto que o futebol brasileiro não é essa maravilha que o Bueno quer nos fazer engolir goela abaixo. É um dos melhores do mundo, ninguém duvida. Ninguém duvida pois a seleção campeã da Copa é a Itália. Alguém sabe a escalação da Itália? Pasmem, muitos nem se lembram da Copa passada. Ser uma das melhores do mundo não é coisa de se admirar, então.
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Pegue o campeonato brasileiro (minúsculo mesmo), a participação dos clubes brasileiros na libertadores. Veja como anda o campeonato nesse momento. Alguma coisa que podemos nos orgulhar? Nada. Faça uma lista de dois jogadores para cada posição na seleção. Unanimidade é burra, mas mais burra ainda é aparecer tantos nomes para cada posição. Temos uma porção de goleiro, e ao mesmo tempo nenhum. Lateral? Uma baciada e nenhum. Rogério Ceni talvez seja unanimidade. Centroavente? Vágner Love e Fred. Fred ou Vágner? Tanto faz. Que isso?
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Gilberto Silva é capitão. Capitão geralmente é ídolo, pelo menos no meu tempo de torcedor era assim. Tivemos tantas figuras ilustres, que marcaram história. Dunga foi um deles, levantou taça e criou a Era Dunga. Futebol de marcação, de pouca técnica mais muito competitivo. Sócrates foi capitão, Romário. A renovação que Dunga aposta, na minha opinião, já começa errada com o capitão. Mas quem poderia ser essa figura? Não temos nenhum líder, por enquanto.
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Falando em Dunga, ele não é o melhor nome. Pode até ser um bom treinador, no futuro; quem sabe? Tem presidente que nunca foi vereador, mas já presidente. A lógica não é bem essa, mas serve de exemplo. Pelo menos Dunga foi líder em campo, e estamos precisando de uma figura como a dele. Mas e no campo? Quantos são os jogadores que poderemos contar no futuro? Quando enfrentarmos uma Argentina? Já estamos pastando com o México.
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Bom, deve estar acabando o jogo...... quase fim e minha previsão está dando certo: derrota na estréia.
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terça-feira, junho 26, 2007

Minha Ausência

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Esse poema eu escrevi em 2006, não lembro exatamente em que período da minha história. A única coisa que sei é que ele faz mais sentido agora. Posso compreender o que queria dizer com ausência, e como era se sentir acuado diante de uma situação qualquer que causasse medo. Posso afirmar, portanto, que hoje o poema faz parte de um pouco de minha vida.
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MINHA AUSÊNCIA
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Eu quero estar bem longe,
acabado, danificado, enclausurado.
Uma bomba qualquer me partindo ao meio.
Um arrepio de medo,
um sentimento ruim de perda.
Qualquer assunto que me deixe
incomodado.
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Por tudo isso estarei longe.
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Visitem minha ausência,
como quem se depara com uma cova
vazia, sem flores, mal acabada.
Pois há lá fora alguma coisa.
Não tem forma, não tem cores;
sua voz sai suave, mas potente.
Toda hora me chama.
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Por ela estarei longe.
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(E pretendo não me arrepender disso)
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- Contemplação dos Fracos, pg.29-
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domingo, junho 24, 2007

LadoZ

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Quem precisa saber?

[Que som não sai da cabeça] – God put a smile upon your face (Coldplay)
[Que roupa no corpo] – Velha
[Livro que não terminei ainda] – Terminei das outras vezes, mas estou lendo novamente (A Grande Arte, Rubem Fonseca.
[CD] - System of Down
[DVD] – (nada)
[Bebida na geladeira] – Guaraná (Pinga de BH, fora da geladeira)
[Comida que faz falta] - Lasanha
[Que papo cabeça] – Música
[Onde pretendo ser Infantil ] – No chão da sala
[O quê é Difícil ] – Final de noite, domingo.
[ Minha maior Bagunça] – Textos, em cd
[Melhores coisas para hoje] – Passar, sem se arriscar.
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sábado, junho 23, 2007

LadoZ - Bebel, O menor dos Encantos

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Olá,


Tenho recebido boas críticas em relação ao O MENOR DOS ENCANTOS. Ainda bem que os e-leitores estão gostando da nova história. Bom, não gosto muito de explicar coisas em relação ao texto, primeiro porquê algumas coincidências são apenas coincidências; nunca sei dizer quando algum nome, fato ou personagem foi posto no texto como dica para um grande enigma contido na história.

Mas um fato curioso, levantado por um dos editores do texto, me levou a reler o texto e perceber que dúvida era pertinente: afinal qual o motivo de Fernanda ser chamada de Bebel? Se você ainda não chegou nessa parte da história, não se preocupe, quando ler vai saber o quê estou falando. Se você já leu, segue uma explicação nada convencional (Trecho de Complexo Eu, livro póstumo):

"....quando escrevi O MENOR DOS ENCANTOS, precisava de uma personagem forte, que fosse um dos pilares construídos ao redor do personagem principal. No começo adorei o nome Bebel, e quem me conhece, sabe que há referência em várias outras histórias desse nome. Bebel vêm da história do Cazuza, trata-se da Bebel Gilberto, com quem ele escreveu a música (Eu preciso dizer que eu te amo / Te ganhar ou perder sem engano / E eu preciso dizer que eu te amo / Tanto). O nome cabia perfeitamente, pois a história que queria escrever era bem mesmo a letra da música. Conforme o texto foi ganhando forma, Bebel ficou desaparecida quando comparado ao nome de Lúcia (mais tarde conto porquê substitui por Luisa), foi quando surgiu o nome de Fernanda, do meu poema de 2003:


Nenhum nome me perturba,
me condiciona a lembrança
de algo bom e confortável.
Nenhum nome me saúda,
me deixa a vontade no sofá
e busca uma cerveja gelada.
Nenhum nome me acaricia,
beijando minhas pernas e
sugando minha língua.
Nenhum nome me chama
para sexo ou para drogas,
bebidas e lanchonete;
depois do cinema.
Nenhum nome me falta
nos convites dos jantares
à luz de vela ou sem luz.
Nenhum nome me indica,
que está frio para dormir
sem camisa ou camisinha.
Nenhum nome se quer é mais feminino
que o seu no meu quarto
quando acordo de manhã.
Nenhum nome que desejo
me injeta ânimo de verdade
para novo dia ou noite
sem nenhum nome.
Nenhum nome Fernanda
leva-me à cama
para uma rima sacana
e idiota.
Nenhuma Fernanda me faz
sentir frio ou sentir fome
quando o nome bate o peito
e ainda está tarde
para se dormir sem camisa
ou com o peito
sem nenhum nome.


(TODO TEMPO, Um poema sem nome, 2003, pg.37)
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"....assim troquei o nome para Fernanda em toda história. Acontece que Bebel não queria sair dali, parecia que tinha criado uma identidade com a personalidade de Fernanda. Para que eu continuasse com minha idéia, resolvi colocar o nome Bebel, como apelido de Fernanda, apenas na boca de Luisa, sua amiga....."


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Para quem quer acompanhar a história, e não recebe e-mail com os capítulos, basta entrar no blog:

http://prosahojeevinte.blogspot.com


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sexta-feira, junho 22, 2007

Maçã

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As mãos se movem, do barro eterno,
de onde nasceu homem e o segredo.
Da fruta roubada, que fez cair em desgraça
todo o rebanho de ofuscados herdeiros.
Quem sabe a palavra, nasceu do dorso,
como mulher do osso, cheia de tormento.
Vêm do mesmo singelo grito, de
nascituro rebento, toda rascunhada.
Mas para um, alguns amores;
e a proteção materna. O outro, como
que por angústia: a pedra, a maldição
desacato e o infalível esquecimento.
Poema nasce desse coito, às vezes
em desagravo, sem direção no rompimento.
E se soubesse, invadido por qualquer
palavra, tivesse cedido sem queixas;
teria percorrido os pensamentos,
criando vela onde foge sombra; quem sabe
vento onde a sombra morre.
Mas palavra, e o poeta; são da
mesma insensata coisa absurda
voltando sempre para reconstruir o mundo:
como homem que nasce do barro
e do barro voltando depois de homem.

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quinta-feira, junho 21, 2007

Prisma

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Fiquei horas olhando para o rio. Nasci aqui perto, vinte minutos correndo pelo meio do mato, fica minha casa. Era grande, cinco quartos e uma enorme cozinha. Olho para o rio, ele parece continuar do mesmo jeito. Minha casa mudou muito em todos esses anos. No rio, os poucos peixes e os casebres que foram construídos. Tem mais sujeira também. Olho para o rio, e ele continua correndo para o mesmo lado de sempre. Não tem pescadores, nem crianças tomando banho. Mas ele continua o mesmo. As águas mudam, o rio sempre continuará o mesmo.

Caminhando de volta para minha casa, para onde ela existia. Era uma casa grande, eu disse. Minha mãe ficava várias horas na cozinha preparando a comida. Na mesa todos ficavam juntos, conversando casos. Arroz, feijão e carne. Ainda hoje sinto o cheiro da comida, entrando pelo nariz e indo direto para o estômago. E nesse caminho que eu andava muitas vezes por dia, hoje não existe mais. O caminho de terra, onde a chuva fazia lamaceira, que servia para guerra entre os vizinhos, onde eles se juntavam para tirar a carroça atolada. Nesse caminho que estou agora, que não existe mais, todos foram felizes.

Parei perto do semáforo. Ali deveria nascer mais uma jaca. Daquelas imensas, que minha mãe vinha buscar com meu avó, e que carregavam num carrinho de mão, com todos os moleques em volta, aqueles que agora mesmo estavam sujos de barro. No meio do caminho, sentíamos um cheiro de café. Posso sentir agora mesmo o cheiro insuportavelmente bom do café. Podia ser minha mãe, Dona Zumira ou Dona Clarice. A gente esquecia a jaca, saia correndo para ver a mesa pronta, com bolo de fubá e leite fresco. Era uma briga, aquela molecada cheia de lama dentro de casa.

Ando mais alguns minutos, o povo continua se trombando, correndo desesperado. Eu já não tenho pressa, minha vida já andou muito rápido todos esses anos. Os carros, as pessoas e as nuvens são diferentes. Conto duzentos passos depois do semáforo, paro. Era aqui a escola. Tia Lurdinha, no quadro negro. A escola era branca com janelas verdes. Todos os vidros inteiros, limpos. Ela colocava as letras, que naquela hora não faziam menor sentido para mim, e ia formando palavras, gestos e sonhos. Naquele quadro, onde o abecedário nasceu; morreu também um pouco da minha inocência. Descobrir é se transformar.

Logo fui percebendo que a letra formava palavra, que formava frases, que formava idéia. Idéias nem sempre boas, mas idéias. Naquele quadro, onde agora está a placa publicitária vendendo cueca masculina, cerveja sem álcool e refrigerante diet, tinha-se noção exata que o mundo nunca seria o mesmo. E as palavras foram crescendo, se criando; virando arma. E a poesia? Minha professora não disse nada sobre poesia. Nem precisava dizer, estava no olhar. Nas coisas do dia, nos sonhos da madrugada. Na descoberta surpreendente de que o mundo é diferente do que imaginamos.

Nas coisas da poesia a vida se transforma, se ajeita. Ela não disse isso, mas podia demonstrar em todas suas ações. A professora, que jamais existiu de verdade, é obra dos meus sonhos. E na poesia ela se fortalece, criando vida, sensações e ensinamento. A jaca, que eu odeio; é ótima lembrança. É a poesia, sempre, o motivo mais importante. O rio, que lá no passado sempre foi um rio, hoje é algo mais do que saudade da minha infância inexistente. E em mim, parado olhando para a realidade, sou eu mesmo; mas completamente diferente.


( Trecho Publicação Folhetim Hoje é Vinte - 20/07/2007 - Publicação via e-mail)
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sexta-feira, junho 15, 2007

LadoZ - Introdução

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INTRODUÇÃO

Olá,

O MENOR DOS ENCANTOS é a história de quem resolve enfrentar o mal-entendido da vida. Sempre há em nossa vida, aqueles momentos que resolvemos esquecer, apagar completamente da memória. O quê aconteceria se você resolvesse enfrentá-los? Quantas situações boas conseguiria com isso? Qual o resultado para sua vida se encontrasse em sua frente todos os seus tormentos?

A história de um sujeito, que junto com mais três amigos, tenta resolver situações do passado. Viverá emoções, descobrirá segredos, angústias e sonhos. Descobrirá mais sobre a vida nas coisas que ele preferiria esquecer, do que na vida que estava levando.

História para aqueles que não percebem em menores momentos da vida, grandes encantos.


Boa leitura.


Sérgio Oliveira




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quarta-feira, junho 13, 2007

LadoZ

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".....Os sonhos deixaram de existir, talvez pela minha decisão em não procurar mais por Fernanda. E quando me lembrava dos sonhos, eram totalmente desconexos. Água, fogo. Na maioria das vezes uma angústia se espalhando pelo corpo. Nas poucas vezes que tinha algum prazer, era quando meus amigos surgiam para discussões tolas. Às vezes me sentia cansado, e dormia no meio da conversa. Quando acordava todos já tinham ido embora. Era a solidão que mais me deixava com medo. O barulho dos carros começava a parar, das pessoas conversando no corredor. De repente, era como se ninguém mais existisse no mundo......"
Trecho, O MENOR DOS ENCANTOS, pg.22 - Solicitação por e-mail:
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Lo Futebol

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LO FUTEBOL

Primeira jogo da decisão da Libertadores 2007. Boca e Grêmio. De um lado a raça argentina, do outro a raça argentina. De um lado a técnica brasileira, de outro a técnica argentina. Boca é melhor, principalmente se sua estrela maior jogar bola. Grêmio corre por fora, como tem feito nos últimos anos, saindo da segunda divisão, brigando para chegar na zona de classificação no brasileiro de 2006, se ajeitando como pode na competição sul-americana.

Com certeza não será um jogo bonito, como não tem sido o futebol brasileiro e argentino. Será um jogo de luta, briga, puxada de calção e gente se atirando no gramado pedindo clemência e ajuda da água milagrosa. Pode até ser que alguém se divirta com a batalha, mas não podemos acreditar que será entretenimento. Se você gosta de sorrir, de ver jogadas bonitas, arrancadas perfeitas e coisas desse tipo, vá para outro canal.

Sempre achei o Grêmio o time mais argentino do Brasil, ou será um time argentino com cara de Brasil? Até na torcida se parecem, fazendo aquela perigosa mas impressionante comemoração na hora do gol. Nos dois jogos, será difícil saber quem fará mais barulho. Consequentemente, a vibração eufórica dos torcedores acaba atingindo também os jogadores. São dois times que marcam e correm o tempo todo. Aquilo que todos esperam de suas equipes, terá de sobra na final: raça.

Raça que anda faltando também na seleção brasileira. E me desculpem utilizar a letra minúscula para denominá-la, não há mesmo como fazer referência melhor. Craques estão pedindo folga. Que fiquem em casa! Aliás, merecidas férias para esse pessoal que ganha tão pouco. Por decreto, mudaria o sistema de convocação. O cara precisaria pagar para jogar com a amarelinha, se quiser. Só assim perceberiam a seleção como a coisa mais importante da vida.

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São Paulo em decadência, Palmeiras com esperança e Santos se desfazendo. Corinthians com “desejo de ser campeão”. Nem parece os mesmos times que vi no começo do ano. Tudo de cabeça para baixo. O clima no Timão é um dos melhores. São Paulo pensa em demitir técnico (pelo menos as línguas mais afiadas estão dizendo isso). Palmeiras pensa na modernização do passe. Santos se mutila depois da perda da Libertadores. Por favor, alguém pode me dizer o quê está acontecendo?

O futebol é cíclico, dizem os filósofos da bola. Caixinha de surpresa? Bota surpresa nisso. Corinthianos rezando para o time não ser rebaixado, já estão confiantes na participação da libertadores do próximo ano. Santos que era considerado o segundo melhor time do Brasil, ficou sem elenco. Palmeiras, que estagnado nas idéias antigas e ultrapassadas dos dirigentes, está revolucionando o passe, criando uma carteira de negociações muito elogiada por especialistas. São Paulo, bicho-papão; está começando a perder o gosto pela vitória. Cíclico? Que roda gigante é o futebol.

* * *

Não vou torcer pelo Grêmio, tão pouco pelo Boca. Para Libertadores, e somente pela Libertadores, não poderíamos ser representados por coisa melhor.
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terça-feira, junho 12, 2007

LadoZ - O Menor dos Encantos (Trecho)

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"Continuarei falando sobre a capa do disco. Acho fundamental que o filme documentário seja colorido, não em preto e branco como está escrito aqui no roteiro. Os Beatles aparecem vestidos como sargentos, ao fundo a colagem de pessoas famosas. Aleister Crowley é um escritor famoso, sua figura está ali. Seus poemas, e sua doutrina foram influencias para vários artistas. Raul Seixas e Paulo Coelho, por exemplo. Nesse momento eu levanto do sofá, coloco o CD no rádio. “Do what thou wilt shall be the whole of the law”, faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

Para a capa foram selecionadas 70 pessoas que de alguma forma influenciaram o mundo ou os Beatles até aquele momento. Sigmund Freud teria influenciado os Beatles? Marlene Dietrich? Sim, muito bonita. Edgar Allan Poe, quem eu não conheci. Prometo que se continuar vivo depois desses exames vou procurar alguma coisa de Poe para ler. Ele é poeta? Acho que sim. Como sou asqueroso em matéria de literatura. Bob Dylan? Está. Leo me disse que tentaram colocar outras figuras na capa, mas por pressão da gravadora, não foi possível. Jesus Cristo, Elvis Presley, Gandhi e Adolf Hitler. Não comentei a informação na época, mas agora me causa um desconforto incrível saber esses nomes, tanto para o lado positivo como para o negativo. Adolf Hitler?

A dor de cabeça piora. Sinto medo de desmaiar novamente. Logo passa. Preciso comer alguma coisa, tenho quase certeza que tudo isso que está acontecendo é por causa da minha vida, tão abandonada desde os tempos que sai de casa. Penso em minha mãe, no meu pai morto por uma doença misteriosa. Sofreu vários meses, depois de sua morte resolvi procurar o mundo e fazer coisas que eu nunca tinha imaginado. Depois de dois anos minha mãe morre também. De solidão, desilusão e uma doença no coração. Meus familiares morreram todos por causa de uma doença misteriosa, forte e incurável. A morte em si, é algo sem cura, eu penso."

(O MENOR DOS ENCANTOS, Sérgio Oliveira, pg.8)

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segunda-feira, junho 11, 2007

LadoZ

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Quem precisa saber?

[Que som não sai da cabeça] – Don´t Panic (Coldplay)
[Que roupa no corpo] – Jeans
[Livro que não terminei ainda] – Terminei das outras vezes, mas estou lendo novamente (A Grande Arte, Rubem Fonseca)
[CD] - O Teatro Mágico
[DVD] – Constantine
[Bebida na geladeira] – Suco Abacaxi
[Comida que faz falta] - Pizza
[Que papo cabeça] – Cinema
[Onde pretendo ser Infantil ] – Dormindo
[O quê é Difícil ] – Trabalhar sem vontade
[ Minha maior Bagunça] – Roupas
[Melhores coisas para hoje] – Romper a barreira do som, quebrar correntes e desejar o infinito.

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LadoZ

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Olá,

Terminei O MENOR DOS ENCANTOS. Quem está acostumado a receber os capítulos por e-mail, é só aguardar. Pessoas que estiverem interessadas, basta enviar um e-mail até 15/06/07 solicitando:

folhetimhojeevinte@blogspot.com





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quarta-feira, maio 30, 2007

LadoZ - Em Poucas Palavras

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Em 2004 eu pensei seriamente em lançar um livro de poemas. Dei o nome de TempoTodo. Fui catando todos os poemas que achava interessante na produção de 2002 , 2003 e começo de 2004. Pronto, o livro ficou pronto! Isso bastou para que eu pensasse nele como algo já publicado. O livro tinha uma introdução CARTA AO LEITOR seguido de um texto de uma amiga:
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Nota: Provavelmente montarei um blog chamado tempotodo.blogspot.
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Não que os poemas sejam frutos de um trabalho ardoroso, muito menos seja o poeta um operário. Acontece que sempre acreditei que escrever não basta de um labor tortuoso, essa profissão injusta. O serviço do poeta eu odeio, o de orador do mundo. Pois quando me proponho a escrever alguns versos, é como se o castigo do suor do próprio rosto virasse uma imagem perpétua em minha cabeça. Uma imagem sacra mas infeliz. Afinal, haveria prazer algum em se fazer o que não se gosta? Pois se existe, eu ainda não consegui acreditar.
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Para mim, escrever é um excesso imaginário de tortura, uma repetição anestésica de um processo autoritário, é uma dor de inalcançável cura. Ora, meus poemas são as dores que partem do meu coração que não ama, das minhas mãos que se cansam e da minha mente que se perde.
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Os poemas contidos nessa coletânea não revelarão um novo escritor imortal. Até mesmo a mim, que deveriam causar impacto estrondoso, os poemas são tão mesquinhos e ordinários. A receita deles é simples: mistura-se inúmeros outros poetas tão magníficos, mexa com habilidade ridícula da minha língua portuguesa; some-se a pretensão de minha austeridade literária; terá meu poema. Talvez se eu fosse humilde, original e estudado, meus poemas se tornassem mais venerados. Mesmo assim reconheço que eles possuam valor inestimável, mesmo que para pessoas com menor habilidade do que eu para lidar com a poesia.
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Mesmo com tanta inépcia, acredito, sim, que meus poemas sejam interessantes. Pois a característica que eles apresentam é de bom agrado a qualquer pessoa no mundo nos dias de hoje. São poemas instantâneos. Caberiam numa carta romântica no dia dos namorados assim como num manifesto súbito e ridículo de algum bêbado. Causariam alguma impressão? De certo. Mas também seriam esquecidos na mesma noite de amor ou na despedida estúpida do vômito na privada, fim de todos os casais e de todos os embriagados. Fim seria também dos meus poemas, que sem esses personagens, não existiriam.
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Não creio, como alguns dizem, que tudo isso seja modéstia. Sempre foi assim: um desdém incrível da minha capacidade de rever o mundo de uma forma diferente. Isso é coisa de poeta. Poeta é todo ser que enxerga de maneira inaceitável o mundo que pensa não existir, que cria as coisas que desejaria que não fossem reais, ou que transforma o inacreditável em convicção. Por isso desdenho ser poeta, como desdenho os meus poemas. Simplesmente porque odeio ser diferente.
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E não minto quando digo que as coisas que escrevo não são minhas: dores, paixões, riso e inconformismo. São propriedades do meu poema. De quem percebe em cada palavra as características desse modo diferente de ver o mundo. Os poemas então criam vida depois que miseravelmente se revelam na imaginação. O exercício da poesia é dar valor aos sonhos, como se eles existissem de verdade, sem a injúria da decepção. Ser poeta é viver constantemente decepcionado com a realidade. Ser poeta é exigir inutilmente para que a realidade seja como nossos sonhos.
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Não quero me alongar na explicação dos meus poemas fantásticos. Eles estão ai para serem devorados. Lidos e jogados fora; guardados num canto, inutilmente. Penso que eles devam servir para algo superior, mesmo que só suspeite. E nesse paradoxo entre desejar que sejam adorados e odiá-los, eu receio que todos vocês ficarão no meio do caminho, ou seja, vão ignorá-los. Antes de mais nada, pensem seriamente no poemicídio que estão prestes a cometer, mas não se preocupem em serem apenados, pois, para seu criador, os poemas já nasceram mortos.
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São Paulo, 07 de junho de 2000.
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Em poucas palavras
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Por Daniela Reis Pacheco
Musicista
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Antes de mais nada, preciso dizer que o ofício de acorrentar as palavras é realmente ardoroso. Colocar em ordem de leitura os pensamentos tortos, às vezes grandes demais para caber numa caixa ou tão pequenos que não mereceriam nenhuma atenção. Esses últimos acabam por vencer a tão suada batalha....escrevo, mesmo quando não se têm whisky, cigarros ou música clássica. E talvez seja por esse exato motivo que se houver qualquer dúvida quanto ao pequeno texto apresentado, que leiam o livro e seus poemas tantas vezes forem necessárias....

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Tudo o que parece morto, palpita. Não apenas as coisas da poesia: estrelas, lua, bosque, flores, sexo e rock and roll; mas também um botão brilhando numa poça de lama de uma rua. Tudo tem uma alma secreta, que guarda silêncio com mais freqüência do que fala.

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Uma rua pode ser observada através do vidro de uma janela, de modo que seus ruídos nos cheguem amortecidos, seus movimentos inexplicáveis, e em sua totalidade, apesar da transparência do vidro, rígido e frio, apareça como um ser "do outro lado". Ou se pode abrir a porta, sair do isolamento, aprofundar-se no "ser de fora", tornar-se parte e as pulsações da rua então, serão vividas no sentido pleno.
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Convido vocês leitores à descoberta! O homem aqui não é um espectador através de uma janela, mas penetra na rua. A vista e os ouvidos atentos transformam as mínimas comoções em grandes vivências. De todas as partes fluem vozes e o mundo inteiro ressoa. Como um explorador que se aventura por territórios desconhecidos.
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O cenário quase sempre mudo, começa então a expressar-se em um idioma cada vez mas significativo. Assim tornam signos os símbolos mortos e o que era morto ressuscita......

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"...E quase que eu me esqueci que o tempo não pára,
nem vai esperar......"
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São Paulo, outubro 2004.
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