sábado, setembro 05, 2020

PÁGINA 56

 "... e a Deusa da verdade desvenda aos olhos dos curiosos a vida que nela sempre existiu. Não é feita, a verdade da vida, para qualquer um. Esse conhecimento nasce no momento certo, sem os vestígios da fuga e do abandono. A Deusa da verdade desmonta qualquer teoria sobre a existência e sobre a vida como conhecemos. A Deusa da verdade, a morte; é no momento certo que ela chegar. Por isso, vocês desavisados, que pensam a morte como desnudar a mentira do tempo, saibam que não podemos interferir nas ondas certeiras e equilibradas da escolha: a morte nos escolhe não nós a ela. Por isso sonha-se pela morte ao madrugar, na fortaleza quente e macia da cama; local onde os mais doces e os mais terríveis pensamentos costumam avolumar-se tomando todo o quarto e a mente. A morte não encerrará nada além da própria ilusão que vivemos. Mas, mesmo sendo tão certeira em sua mensagem, a morte ainda terá vestígios das ilusões, do apego e da raiva. Ilusão de que poderíamos dominar nosso tempo, apego ao decidir que o tempo era nosso; e a raiva que é o inconformismo de não termos encontrado a felicidade da existência. Felicidade é por si, nada que o faça ser concreto ou roubado; a verdade reveladora nos diz isso claramente, mas muitas vezes decidimos tarde demais. A Deusa deveria nos falar todos os dias que quando ela nos escolhe está certa, mas quando nos a escolhemos estamos cometendo um terrível erro. A Deusa da verdade, às vezes, nos desvenda a vida cedo demais...." Crônica do dia das Almas, pg. 56

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