quinta-feira, julho 23, 2020

PÁGINA 240


"... Depois de 125 dias, pego um transporte coletivo. Um misto de liberdade e medo. Mais medo que liberdade. Fiquei parecendo aquelas crianças que andam pela primeira vez no metrô. Olhei para todo mundo. E parecia ser normal o uso da máscara, como se sempre tivéssemos usado. Não lembro da época que o rosto estava pelado. Deve ser mais difícil hoje amor à primeira vista. O metrô anda, velocidade normal. Mas como demora. Demora tanto eu me livrar daquelas pessoas. A pandemia não pode ter instituído a repugnância pelas pessoas, não podia ter feito isso. Amor à segunda vista? Terceira? De que jeito? O metrô continua andando como se nada tivesse acontecido..."






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