sábado, setembro 05, 2020

O AROMA DO CAFÉ


Não gosto de cerveja, embora agradeça quase sempre a vida social que ela me traz. Pego uma caneca. Uns 400 mililitros. Um pouco mais. Visualmente a cerveja sempre me faz lembrar de tempos que eu não vivi. Por filmes, sei lá. Por vidas passadas numa Europa bárbara. A cerveja é escura, com gosto um tanto amargo. Lembra um pouco café. Eu tomo café sem açúcar desde os vinte anos. Dizem que é coisa de psicopata, uma dessas pesquisas de quem não tem nada para fazer. Café amargo e cerveja com gosto de grão torrado. Não me faz bem, mas como eu disse, a cerveja me leva onde está a conversa e a música que eu quero escutar.
Num tempo eu achava que qualquer bebida, por menor quantidade possível, sendo alcoólica, era prejudicial a minha saúde. Eu, mesmo assim, não evitava. Ainda não evito. Mas, diferente de uma outra época, lá quando eu era novo e comecei a tomar café sem açúcar, eu ainda sei que a cerveja me fará mal, mas me fará mais mal minha intenção. Bebo discretamente uma cerveja, bebo raramente. Uma vez ou outra, dois ou três copos; com gosto de café, alecrim ou chocolate. A cerveja passou a ser uma distração, mais que uma necessidade. Embora, de fato, nunca tenha sido um vício. Beberei hoje, depois de umas cinco semanas, um copo de cerveja.
Prefiro assim, não ter compromisso que seja com qualquer coisa. O fato de me comprometer a não fazer algo pode me trazer uma repressão tão angustiante quanto a liberdade em poder fazer tudo. Essa balança equilibrada me é bem vinda, segurando as pontas dos dois lados, para não me arrepender de ser emburrado para o penhasco de um vício ou ficar paralisado no pecado inexistente. A cerveja eu nem gosto muito, mas o papo geralmente é bem agradável. Vai saber o efeito que os grãos torrados acabam fazendo.
Seja a cerveja, seja o café amargo

18.8.18

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