quinta-feira, agosto 28, 2014

Dama




E se, de repente, olhar para mim:
Finja, odeie; ame de verdade.
Só não faça questão de ignorar;
como quem ignora um desconhecido.
Ponha a solidão no devido lugar,
senão alguém fará falta.

E seus olhos, nunca vi.

Nunca sorriu para mim
nesses poucos minutos
em que não nos conhecemos.
Não importa muito,
já andamos nos despedindo.

Para quem você olha quando precisa ir embora?

Não me deve nada.
Nenhuma desculpa.
Nem quero saber o seu nome.
Nem precisa me dizer as horas.
Nem qualquer conversa tola.
Não me deve.

Eu – em meu sonho – devo-lhe explicações:
De minha ausência.
Da minha insistência.
Da minha paixão.

Perguntaria a mim se tivesse me notado?
Pois esse encontro que nunca teremos
Carrega um tempo inútil da nossa história.
De você chegando e partindo,
Da minha partida sem nunca me ver chegando.



terça-feira, agosto 12, 2014

Os dias de hoje


Disperso, na relíquia do tempo, viajo para dias melhores.
A nostalgia que paira, reflete no limbo, criaturas felizes.
Era feliz aquele tempo e sabia.
O pé da fruta, do primeiro sabor, que eu não sabia o nome:
Bicho com fruta, fruta com bicho; ainda não matava.
Naquele tempo, do passado em preto e branco,
Tudo parecia mais colorido, ainda que aos avessos;
A vida tinha lá, em seus trejeitos, um tanto de dificuldade.
Chocolate, pão com requeijão; mistura da comida variada.
Tudo faltava, desde remédio até os canais de televisão na sala.
Mas eu era feliz, naquele tempo; coisas que a saudade traz.

O mundo anda tão distante, tão menos saboroso.

Ando me acostumando com o errado.
Aquilo que não dá certo,
com esquisitices alheias, as minhas.
Com a infelicidade, que de todo hábito,
É o pior.

E viajo, como quem foge mesmo, sem ser derrotado pela vida.
Ando sumindo, como quem olha a paisagem e parece não saber;
Não pensar em nada; ou quase; pois é impossível qualquer vazio.
Fico ali, olhando os carros diferentes, as pessoas que se matam;
A febre que devora, as doenças que se espalham; a guerra
A epidemia, o transtorno de todos; pois todos estamos transtornados.
Olho gente indo, gente querendo ir; gente com medo de ficar.
De assumir a vida, a vontade de abraçar, de dizer coisas boas.
A felicidade, como bem precioso, tem lá sua culpa na inveja.

O mundo não me pertence.

Pois, na chuva, da água poluída; o medo.
Ando me acostumando com o medo.
Com as bizarrices das pessoas; ou as minhas.
Com a infelicidade, que bate a porta;
E deixo.

E quero mais um pouco de tudo que o mundo esconde.
Que se esconde do mundo, as coisas mais belas.
As coisas lá do passado; ou presente, a relíquia.
Meu maior presente será a felicidade, dos dias; aproveitados.
Todos os dias!
Carpe Diem aos avessos, ad aeternum.











.