terça-feira, julho 31, 2007

Vaso

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Aos poucos, queria um poema
Aos poucos nascendo bem assim:
Sem releitura, intenção ou sofrimento.
Que cansado, brotaria da terra; e das
mãos nenhum movimento.
Mas exausto o corpo e a mente;
lutam contra o poema que não se sente.
Então, se o coração no tormento queira
inventar desculpas aos sentimentos falsos.
Sofreria de amor, se a verdade existe;
quem sabe da ausência que não se sabe.
Mas é na falta que não se entende,
que a idéia preenche o meu poema morto.
E aos poucos a dúvida morre infame
quase aos poucos, nasce noutra realidade.
E vinga, como se possível fosse:
troncos,caules e outras flores.
Nascido do nada e para o nada foste.
Revelar segredos que não dizem nada.
Mas quem me dera serem inúteis relíquias
que na palma não fincam espinhos; e
seria pesadelo se esquecido veneno
que em mim mantém todo domínio.
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Aos poucos, queria me livrar dos poemas
que nascem em mim sobre o desatino;
desses que mais sofrem do que advertem
dos que mais choram do que se sabe.
Aos poucos um poema liberto,
sem água, nas folhas somem.
Quem sabe poema
que aos poucos
morre.
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sexta-feira, julho 27, 2007

Neve Never

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Texto perto do Natal, não sei para quê serve essa informação, mas está dito:
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FOLHA 04/04 – NEVE NEVER (20/12/2004)
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Não era para estar daquele jeito, era verão. Um vento gelado, sentia meus pés doerem. Olhava pela janela e via neve. Neve?! Neve mesmo! Aquela que aparece nas noites de Natal. Papai-Noel descendo pela chaminé, trazendo um presente. Uma pança enorme, uma roupa vermelha, charmosa. Tem barba branca, dizem, eu nunca vi. Também nunca vi neve, ou melhor, nunca tinha visto. Fechei os olhos, era impossível. A época do natal me faz lembrar de coisas tristes. Tinha certeza que era um pesadelo. Mas a neve estava ali, sem Papai-Noel.
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Hoje era um dia importante. Iria me encontrar com o Maluco. Maluco é um amigo meu de infância. Vamos assaltar um condomínio. Luxuoso, cheio de gente rica, cheio de dinheiro no bolso. Peguei Jurema, minha arma; sai apressado. Não tinha neve, não tinha merda nenhuma na porta da minha casa. Maluco estava no local combinado, o cara sabia fazer as coisas. Planos são planos, devem ser seguidos. Ele elaborou um plano ótimo, como sempre. Da última vez conseguimos um dinheiro legal, paguei a dívida do meu irmão com o Zóio, meu irmão estava jurado de morte. Paguei o aluguel que estava atrasado, três meses de aluguel. Comprei uma televisão para minha mãe e minha vó. Não tinha cabimento, na Era da Internet, dos computadores, elas acompanharem a novela das oito em preto e branco.
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Era Natal. Não dava para fazer festa sem dinheiro. Queria comprar um peru, umas bebidas. Queria comprar uva. Uva é uma fruta exótica, quase divina. Não sei o gosto, nunca comi uva. O gosto da uva comprada não é o mesmo gosto de uva roubada na feira, uma de cada vez, uma em cada barraca. Você vai passeando pela feira, zoa com um feirante; pronto: come uma fruta roubada. Goiaba, maçã, uva. Não dá para roubar melancia, nem mamão. Minha noite de natal iria ter fruta, muita fruta.
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Chegamos no local do assalto. Tinha que ser rápido. O porteiro não resistiu, levamos o sujeito amarrado. No primeiro apartamento já estavam começando a festa. Festa mesmo, uma porrada de gente se cumprimentando. Como são felizes os burgueses diria Caetano. Sou pobre, mas escuto Caetano. Comida de monte. Olhei para o mais velho dos convidados, acho que ele era o dono do apartamento; apontei Jurema, disse que nada iria acontecer, estávamos em missão de paz. Maluco começou a colocar as frutas na sacola. Todas as frutas. Pernil. Depois: frango, arroz, tudo na mesma sacola. “Leva os refri?!”. Não precisava levar o refrigerante, ia pesar muito. Uma mulher num canto chorava demais. “Por que tá chorando?!” Cabelo penteado, um perfume maravilhoso... não entendia o motivo do choro.
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Carregamos duas sacolas. O sujeito amarrado levamos conosco, por segurança. Paramos numa praça, começamos a dividir a mercadoria. A caixa de uva ficaria comigo, já estava combinado. Maluco ficou com a melancia; até gostei disso, a melancia pesava demais. Frango? Frango eu como uma vez por mês, não me interessa. Peru? Peru recheado com uns trecos estranhos. Vou levar. Assim conseguimos dividir tudo. O sujeito amarrado estava com medo, deixamos o cara na praça, num lugar onde pudessem encontrá-lo. O cara era trabalhador, ora.
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Cheguei em casa. Minha mãe, minha vó e meu irmão estavam dormindo. Não era meia noite ainda. Arrumei a mesa. Chamei todo mundo para a mesa farta, farta mesmo, nunca vi tanta comida. Poderíamos ter pego mais, mas não seria correto, acabaria com a festa dos ricos. Também não caberia mais coisas na sacola. Sorrimos, cantamos e dormimos felizes.
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Algumas coisas só acontecem no cinema: o Papai-Noel não veio. Não existia também a neve lá fora. Não existia assalto, nem mesa farta. Comemos o que tinha, e não era muito para quatro pessoas. Mas não desistimos de olhar pela janela, fazer pedido a qualquer estrela cadente, aguardar que no próximo ano tivéssemos um Natal mais decente. Feliz Natal para quem pode ser feliz! E Deus me livre de ser um marginal!
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quarta-feira, julho 25, 2007

Socos, pontapés e a Briga

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Agrida, socos e pontapés
A vida, nos agride, sempre
Abandone, usufrua; sorria
Mas não deixe desse jeito,
impedido de argumentos.
Voe, longe; mas no possível.
Se fugir, vai voltar um dia,
então aprenda o caminho.
Ame, mas com cuidado;
moderado, imperceptível.
Amor nenhum deve fazer
falta, no que transborda.
Releia, mas esqueça; sempre
devemos um recomeço.
Comece, e não termine:
Mas vale o imperfeito a
qualquer sonho terminado.
Responda com perguntas,
ignore as tentativas sérias.
Nada é sério nessa vida,
mas podemos valer o esforço.
É imperativo, desobedeça;
a vida que te presenteia.
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segunda-feira, julho 23, 2007

Um Estalo

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Meus olhos não cansam: Talvez
eu desabe qualquer dia desses,
mutilado, desiludido e rejeitado.
Visto teu corpo, tantas de você;
não vendo, nem imploro; sujo.
Epiderme, os ossos; tudo tão igual:
Os cabelos, lisos; e os nervos, soltos.
Nada mais posso te responder,
de tua pergunta que não existe.
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Nas mãos, nuas; formas que evito.
Ou quer não me dizer nada, revela-se
Jogue conversa pela janela, arrependa-se
Pelo tempo e pelo ralo; num estalo
dizer tua vida como parte da minha.
Entenderá meu sofrimento? Não.
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Sequer sonhe, eu desejo.
Boca, nuca; um perfume tão indolente.
Teu beijo; mastigando e engolindo.
e digerindo, desfabuloso e cruel.
Beijo ridículo, mentiroso e disperso:
Endotérmico, exotérmico, frio de novo.
Não olha, nem despreza; ignora.
Conforta-me e concede vulnerável,
armas que nem percebe, e escudos destroçados:
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Faltam-me injúrias, mas guardo escarmento.
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Arranque, então, meus olhos, para que
olhando-me; desconheça.
Ignore meu apelo; para que mandando-te;
desobedeça.
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quinta-feira, julho 19, 2007

Minha Vida Por Michelle

Olá,

Esse folhetim eu escrevi em 10/2004 e acabei mandando por e-mail no dia 20/11/2004.
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Folha 03/04- Minha Vida por Michelle
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Não conheço nenhuma Michelle. Não há nenhuma mal nisso, podemos não conhecer inúmeros nomes. Mas o rosto de Michelle eu conheço bem, muito bem. Passei horas olhando para aquele figura enigmática no outdoor. Fiquei apaixonado por aquela mulher. Vendia pasta de dente, tinha realmente um belo sorriso. Queria poder olhar para aquele rosto quando chegasse de manhã e tivesse que levantar da cama; ou quando fosse almoçar, jogar futebol. Já pensou aqueles olhos enquanto eu jogasse futebol?
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Não sei o nome, decidi por Michelle. Não sei quantos anos ela tem, deve ser uns vinte e poucos. Vinte e quatro, incompletos. Deve ter no máximo um metro e sessenta e cinco. Não aparenta ser alta. Não faço idéia do busto, ele não aparece na foto. Quadril, coxa, pernas, etecetara e tal; melhor nem pensar. Tem lábios finos, olhos castanhos. Cabelos pretos, lisos. Os cabelos podem estar modificados para a campanha publicitária. Não importa, é isso que me chamou atenção.
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Estaria fazendo faculdade? Posso fazer umas perguntas, senhorita Michelle? Melhor filme? “Morte em Veneza”? Filme antigo. Melhor ator? Está bem, pode ser brasileiro. Melhor novela? Não. Não vou perguntar se gosta de novela, é muito chinfrim. Melhor grupo? Legião?! Também gosto, não muito; mas gosto. Comida? Italiana, certo. Livro? Perfume? Faz faculdade do quê mesmo? Sei. Preocupada com o futuro......”Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar”...cantei certo?
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Seria um interrogatório incomodo, para não dizer chato. Pediria para escolher o restaurante, não pode exagerar no preço, ando sem dinheiro. Quer beber alguma coisa? Bebo cerveja, mas não parece ser a bebida mais interessante para o momento. Sim, vamos pedir vinho. Sabia que eu fiquei apaixonado pela sua foto na Avenida Cruzeiro do Sul, logo depois da estação Santana? Sim, eu ando de metrô. É, estava indo para o trabalho. Sempre vou do lado direito, parece ser uma superstição, mas não é. Então, naquele dia decidi ir do lado esquerdo. Vi sua foto, aquela da propaganda de pasta de dente.
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Não parecia que ela tinha acabado de escovar os dentes. Se fosse um outdoor sobre concessionária; quem sabe de alguma comida chinesa. Era mesmo de pasta de dente. Seria ardida? Percebi que você estava sorrindo na foto. Com certeza vi que você tem dentes lindos; poderiam chamá-la por outro motivo que não fosse o sorriso? Não. Não quero mais fazer perguntas. Já me basta o que aprendi. Tenho certeza disso.
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A conversa não existiu, muito menos nossa ida para o restaurante. Ótimo, melhor que tenha sido assim mesmo. Continuo passando no mesmo local, ela mantém o mesmo sorriso. Algumas vezes parece apático, quase sem graça; deve cansar de ficar na mesma posição. Coitada da Michelle, com seus vinte e poucos anos; passar por uma situação dessas.
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Não vou dizer que ela perdeu a graça, ainda gosto muito de vê-la no outdoor. O que me incomoda é essa indiferença, age como se fossemos estranhos. Queria poder continuar aquela conversa, mas tenho certeza que iria me humilhar mais uma vez. Quer responder sério o que eu estou perguntando? Vire uma celebridade, artista de cinema.....rebole em algum desses clubes masculinos. Vou me aproximar de você, pode ficar tranqüila. Mas nunca mais me receba com indiferença!
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Ela não existe mais. Colocaram outra foto no lugar. Hotel em Atibaia, venha e traga sua família. Uma ova! Cadê a Michelle? Juro que não brigo mais, juro que vou perguntar coisas decentes....quer transar? Vamos ter filhos? Não quero saber sua idade, não. Michelle, me trate com indiferença que eu gamo, que eu fico louco, apaixonadão; eu daria minha vida para vê-la novamente escovando os dentes...tão lindos, branquinhos; queria medir seu busto....está bem...foi só uma brincadeira....mas o quadril eu posso saber o tamanho?!
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quarta-feira, julho 18, 2007

Ausentes na Festa

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Vaia sempre é um mal sinal, não importa de quantos. O certo é que o número de pessoas presentes na festa do Pan não era apenas um grupo, com características específicas ou de uma única cidade. Levantou-se a tese de que o povo rico não gostava do Lula, lá na época das eleições presidenciais. No Maracanã não estavam somente os ricos, mas pobres, bons, maus; gente feliz, triste; carioca, paulista e até argentinos. Sim, devia ter uns argentinos assistindo a festa. Bom, então não é somente um grupo, mas algumas pessoas de determinados grupos. Seguindo o enredo científico-político é provável que eu caia em alguma cilada, falar bobagem; que de prontidão será questionado por pessoas mais conhecedoras. Não dou rumo à questão.
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Volto para uma dúvida simples: é certo a presença de pessoas públicas numa festa sem interesses políticos como foi o PAN? O PAN é uma organização com interesses políticos? Sendo o governo federal um dos responsáveis pelo financiamento, deveria ficar fora da festa? A questão é muito complicada, e talvez mais difícil de se entender na cabeça dos brasileiros. Nós adoramos desconfiar dos políticos, afinal eles quase sempre nos dão razão para isso. Então, melhor do que não ver um político numa festa como essa, é vaiá-lo assim que possível.
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A percepção que tenho é que a presença de Lula, assim como dos outros políticos presentes, tinha uma relação muito próxima com a questão da imagem, marqueteira e eleitoreira. No entanto, essa percepção vai perdendo a força quando notamos os fatos históricos que envolvem a questão: Chefe de estado é responsável pela abertura dos jogos em qualquer parte do mundo, foi assim até agora. É possível que nenhum político consiga simpatia por causa de um acontecimento esportivo. E por último: seguindo o protocolo, possivelmente iria repetir todos os agradecimentos feitos pelo presidente do comitê pan-americano. Assim, não iria acrescentar em nada sua apresentação, apenas uns minutos de fama.
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Portanto, pior do que sua presença, foram as vaias durante a apresentação.
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E falando em ausência, outro personagem dessa história também apareceu pouco: Cauê. Para quem não sabe, ele é um dos mascotes do Pan-Americano. Quem gosta de marketing vai entender o que estou falando: Um grande concurso foi feito para se escolher o nome do mascote. Vários desenhos, projetos e afinidades com o povo foram estudados. Foi pensando então no Sol, como imagem festiva do Rio de Janeiro (Sol que estava no centro do Maracanã). Numa grande campanha surge o nome: Cauê. E na festa? Foi convidado mas deve ter sentado na terceira fila.
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Na abertura, a figura do mascote devia aparecer em quase todos os cantos. É a imagem que vai vender, que vai arrecadar fundos com venda de camisetas, chaveiros, bonés, bonecos; brinquedos, lanches, sucos e diversos outros produtos. Ninguém pensou nisso? Pensaram, é claro. Várias empresas que colocaram dinheiro no Pan estão esperando lucros. Agora a utilização do mascote, ou mesmo do impacto mercalógico que ele poderia causar na abertura do Pan, principalmente para o público infantil, não foi muito bem trabalhado.
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Cauê e Lula não são parecidos em nenhum aspecto. No entanto, ambos podem comemorar vários feitos, e um deles é ser convidado principal de uma festa onde não puderam entrar.
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segunda-feira, julho 16, 2007

Melhor para o Final

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Não é que mais uma vez somos campeões? Quando ninguém mais acreditava, quando o mundo achava que a possibilidade da Argentina ser campeã era muito maior do que dos brasileiros, mais uma vez vencemos. E olha que não foi uma vitória no sufoco, meio que nas surpresas do jogo; foi um belo jogo do Brasil. Marcamos o primeiro com Júlio Batista, que discreto não aparece tanto na mídia, muito menos em campo. Mas é um sujeito esforçado, humilde; e que mostra desde os tempos do São Paulo ter uma cabeça boa quando o assunto é polemizar. Foi um dos poucos que ressaltou a vitória ao invés das críticas e o recado aos jornalistas.
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Vencemos, merecido. Ninguém duvida. Principalmente se a análise imparcial ficar restrita ao jogo final, quando mostramos o que temos de melhor. Se olharmos para o passado, algumas coisas ficaram mal contadas, principalmente a nossa classificação duvidosa diante do fortíssimo selecionado uruguaio (é brincadeira isso que estou dizendo, rapaziada, Uruguai não é forte desde 50). Passamos fácil pelo Chile, é verdade. Mas jogo mesmo, foi somente com Argentina.
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Juan levanta a taça junto com Gilberto, capitão e vice-capitão. Parece que ambos se tornarão homens de confiança de Dunga, ainda não são. Outros dois que não podem perder lugar, mais uma vez votando no nome dos caras: Mineiro e Josué. Vágner Love fez uma bela partida, mais ainda é dúvida no futuro. Daniel Carvalho é outro cara que conhecia pouco, mas que gostei do jogo. Aquela colocada no terceiro gol, calmo; coisa de quem sabe pelo menos um pouco de futebol. Não foi chutão, foi colocada de chapa, como se dizia no passado de glória.
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Que passado é esse? Muito distante, do futebol arte. Hoje não jogamos nada de arte, com certeza. Mas diferente do espetáculo da seleção de 82, essa foi campeã. Alguns irão desenhar minha cara na parede e lançarão dardos envenenados mirando meus olhos. Calma, não estou dizendo que essa Segunda Era Dunga é melhor do que 82 só por causa de uma Copa América. Mas uma vitória contra a Argentina, quando ela era considerada muito superior, sempre dá uma certa euforia que pode causar danos aos neurônios. Pode deixar que o delírio vai passar, novamente me tornarei aquele nostálgico incorrigível (mas com sofreguidão) da Copa da Espanha. Mas não dá para esconder o sorriso, o grito e a vontade de esculachar nossos principais arqui-inimigos.
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Bem, o meia que eu esperava ficou no banco. O goleiro que eu não acreditava mostrou ter sorte e brilho de campeão, mas continua não sendo o melhor. O centroavante, ele não costuma marcar gols. Os volantes são ótimos marcadores, são melhores taticamente, mas não são craques. Os zagueiros são aquilo que vocês devem ter visto: seriedade e alguns sustos, mas o que há de melhor na seleção (principalmente depois que Alex perdeu peso durante a competição). Os laterais? Pô! Não vou pegar no pé agora, foram campeões, ora. Atacantes? Isso sempre nos sobra, apesar que alguns nomes são dependentes da fase, ou seja, quando está boa eles c
correspondem.
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Dunga pula e brinca com os outros jogadores, como se fizesse parte deles. Não é mais, Dunga, você agora é o treinador. Novo, quem sabe. Um pouco inexperiente. Pode não saber nada de tática, nem agora nem no futuro. Mas mostrou uma coisa: fez esse pessoal correr, lutar e mais do que tudo: ganhar da Argentina.
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Sempre é bom repetir essa parte, parece que todos os males vão sumindo, sendo curados. Olho para Dunga, recebendo a medalha; Doni beijando a taça. Maicon e Gilberto comemorando, mais uma vez: Dane-se, ganhamos da Argentina.
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quarta-feira, julho 11, 2007

Briga de Foice

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Olá, caros e-leitores,
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Mais uma vez peço licença à vocês, invadindo suas correspondências com mais um romance eletrônico. Trata-se de BRIGA DE FOICE que conta uma história improvável, mas possível. Um sujeito têm um emprego pouco comum, é segurança de um ringue onde homens lutam até a morte. De repente está numa situação complicada, devendo dinheiro para um bandido e jurado de morte por outro. O que você faria? Tenho certeza que a resposta nunca foi pensada, afinal quem se imaginaria vivendo numa situação dessas?
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Espero que consigam um tempo de suas vidas para se divertir com o texto. Eu mesmo fiquei muito contente com a oportunidade de escrever a história, e ficaria muito mais se todos pudessem apreciar essa aventura.
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Obs.: Texto disponível somente no blog: http://prosashojeevinte.blogspot.com
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Boa leitura!!
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Sérgio Oliveira
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Meu Futuro

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Pouco antes de começar o FOLHETIM HOJE É VINTE, eu já escrevia alguns textos. Meu Futuro nasceu de uma conversa com uma amiga, que estava com dificuldade de escrever sobre um tema dado em uma aula no colégio. Eu disse que, apesar de gostar de música e futebol, não sentia dificuldade de escrever temas que eu não tinha total domínio, e que o importante numa redação era mostrar habilidade em desenvolver um tema e ser claro. Ela disse que precisava exemplos, de uma idéia. Disse isso, e eu já sabia onde ela queria chegar; pois a linguagem do texto que eu iria escrever não podia ser muito "intelectualizada". Foi essa a palavra usada pela garota. Bom, escrevi um texto, que considero juvenil, exatamente como a professora havia pedido. Fez parte do Folhetim Hoje é Vinte número 02, enviado em outubro de 2004.
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Folha 02/04 - Meu Futuro (20/10/2004)
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Era um tema de redação. Tão cruel é qualquer tema de redação. "Meu Futuro" quem diria? Quem poderia acertar mais do que revelar idiotas pretensões? Deveria ser proibido perguntas desse tipo; preferiria falar sobre meu maior medo, sobre meu defeito, sobre meus vícios a falar sobre meu futuro. Mas estava lá o tema, imexível. Imexível já teria tirado alguns pontos, se a redação tivesse começado. Ainda bem que ainda estou pensando, matutando, cogitando; ainda bem que não comecei a falar sobre meu futuro. Quero primeiro pensar no agora, pensar no que estou fazendo. Haverá futuro sem presente?!
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Estou na terceira cadeira da quinta fila. Contados da porta de entrada da sala de aula. Do meu lado esquerdo o Josemar. Direito a Jurema. Meus vizinho de frente, Mariana; de trás Rita. Teriam eles algum futuro? Todos eles estavam agindo da mesma forma: olhar a professora, escrever. Olhar a professora, escrever. Decerto queriam todos serem professores no futuro. Num ritual místico, entre papel, lápis, professor e aluno; a redação ia surgindo. Olhei pela janela: lajes com moleques e suas pipas. Queria ser um pouco deles! Não estava conseguindo escrever isto, no entanto.
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Não tenho capacidade técnica para falar sobre meu futuro. Não sei escrever o que sinto, imagine o que desejo. Os desejos são mais complicados, confusos. Queria desejar meu futuro profissional? Professor, jornalista, jogador de futebol, músico, artista, cientista? Depende da escolha profissional se meu futuro é casar com uma linda e romântica mulher? Não quero escolher minha profissão, nem se vou casar. Quero dizer sobre meus outros futuros.
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Quero não passar fome. Fome deve ser uma das piores coisas do mundo. Se bem que ninguém quer passar fome, isso não ficaria restrito, portanto, a mim. Uma das primeiras coisas que penso é ter comida na mesa todos os dias. Não preciso de fartura: escargot eu não comeria. Meu futuro seria simples, quem sabe trabalhoso; mas não é um futuro inacreditável. Josemar, por exemplo, quer ser astronauta. Coitado, sofre de labirintite desde pequeno. Não tem cura.
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Meu futuro também seria fenomenal sem violência. Outra vez um sonho altruísta. Violência é ruim para todos. Quem sabe Josemar quer ir para o espaço com medo da violência. Mais uma vez meu futuro é tão comum a todos. Mas não queria um mundo pacato, rotineiro. Queria a briga pela liberdade, pelo meu espaço, pelas minhas idéias. É uma espécie de violência, não violenta. "Taí" mais uma expressão que iria tirar mais alguns pontinhos da minha nota!
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Tentei olhar a redação da Rita. O que ela estaria pensando sobre o futuro? Queria ser bailarina? Professora? Casar de branco? Hoje não importa mais a virgindade para casar de branco. Ela tinha sonhos, muitos sonhos. Quem quer muito acaba ficando sem nada (Esse lugar comum também tiraria mais uma nota da minha redação). Mas eu não precisava ler o que ela estava colocando no papel para dizer que tinha um coração maravilhoso. Seu futuro nunca seria incerto; com certeza poderia colocar qualquer coisa em sua redação.
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Meu futuro era imprevisível, incalculável. Tantas negações irrevogáveis. Inacreditável! Poderia ter escrito um poema cheio de musicalidade no lugar de uma redação?! Repetiria as mesmas particularidades para dizer que não estava preocupado com meu futuro, mas que ele deveria estar preocupado com meu presente. Inaceitável! Impenetrável mesmo com búzios ou mapa astral. O que diria meu mapa astral neste momento impertinente?
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Deitei sobre a folha em branco. Não queria falar sobre meu futuro. Poderia alguém tocar o sinal do recreio?! Quero a nuança das meninas, o sonho dos meninos; quero beijar as mulheres, beber com os homens. Quero jogar bola no time da escola, colar na prova mais difícil. Quero que alguém dê esperança ao meu futuro!
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sexta-feira, julho 06, 2007

Fim de Tarde

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Que coisa boa essa tarde, onde
pessoas que não conheço, morrem.
Eu sobrevivo – Acreditar, ainda
duvidando, pode ser único remédio.
Que felicidade, nessa vida sem
nada que me anime.
Olhar o céu, sem chuva,
sem esperança e sem coragem.
Que maravilha o fim de tarde.
E sem pecado, vivo feliz;
com tantos outros pecadores,
e ladrões, marginais ou
crianças chorando; todos ingratos.
Mas é feliz, minha alegria.
Real, ou no imaginário mundo
das artes concretas do cotidiano:
Feliz, só posso ser feliz.
Que admirável mundo, que já
não é novo, mas caminha
como em pedras: agudas,
de lama do orgulho e da
penúria do corpo e da alma.
Que em feridas, acham fortuna,
e nos dias ruins, algumas desculpas.
Que fim de tarde,
que não importo com mais nada.
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segunda-feira, julho 02, 2007

Carta ao Defunto


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Em setembro de 2004 começo a publicação do FOLHETIM HOJE É VINTE. Trata-se de uma coletânia de crônicas, enviadas mensalmente para alguns amigos através de e-mail. Quando folhetim estava prestes a completar dois anos de publicação, resolvi criar um blog, onde pudesse postar não só os textos enviados pelo FOLHETIM mas também publicar contos, artigos e principalmente poemas. Nesse mesmo período, um pouco antes, algumas pessoas passaram a receber também o que veio a ser batizado pelo meu amigo Lula como NOVELAS INTERNÁUTICAS.
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Um blog imaginário que não era um blog, ficou conhecido por ter um personagem nada convencional ASWIN. Posteriormente foi lançado MOBIL AVE, que contava a história de um assassinato que tinha uma peculiaridade: o corpo desaparecido. Foi o romance internáutico mais longo, pois contava com quarenta capítulos.
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Depois veio NATASHA ON LINE, que contava a história de uma ladra conhecida internacionalmente, que roubava apenas valiosos objetos como pinturas, esculturas entre outros. Logo depois veio A MÁSCARA DE BEHLE, BRIGA DE FOICE e ULTIMAVISION. O último romance publicado por e-mail foi O MENOR DOS ENCANTOS.
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Estou dizendo tudo isso pois, assim como pretendo colocar todos os textos do FOLHETIM HOJE É VINTE nesse blog, colocarei também os romances completos no blog PROSASHOJEEVINTE. BLOGSPOT.COM.
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Segue, então CARTA AO DEFUNTO, primeiro texto publicado no FOLHETIM, em 20 de setembro de 2004.
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FOLHA 01 - CARTA AO DEFUNTO (20/09/2007)

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Caro amigo, eu sei que deveria ter escolhido uma ocasião mais oportuna, mas como dizem: antes tarde do que nunca. Sei que os louros que direi não vão interferir mais em sua vida, como também os defeitos serão tão inúteis quanto a vela que sua mãe acendeu perto do altar; mas, quem sabe sirva de lição aos seus herdeiros, estes sim, com grande oportunidade vindoura.
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Gostaria de começar pelo perdão, pois tudo que virá adiante terá que ser lido, e escrito, por corações livres de quaisquer desventuras terrenas. Sei que para você é mais fácil não pensar em ódio, amor, sexo e vícios, a companhia dos serafins e outros privilegiados da hierarquia astral devem estar lhe fazendo mais bem do que mal. Mas para mim, que ainda suporto tão pesado fardo, de carne, gorduras e ossos; é um alívio, ao mesmo tempo trabalhoso, despejar todos os defeitos que carregaria até o dia da morte.
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Em primeiro lugar, desejo que me perdoe ter me apaixonado por Cecília. Sei que sua esposa foi seu melhor tesouro, e, exatamente por isso, não permiti que ela terminasse tão confortável relacionamento, saísse de sua casa, e o abandonasse ao léu. Tivemos um caso, sim; mas foi tão banal nosso coito que não se pode qualificá-lo como amor. Além disso, nem foram tantos anos de traição, se é que podemos dizer que estávamos traindo; quinze anos não é tempo suficiente para construir um vínculo sério. Também agradeço por Vinícius que, mesmo com semblante diferente do que considerava familiar, acabou educando-o com os maiores manifestos de amor e carinho.
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Impressiona-me sua aparência robusta e, mesmo neste caixão apertado por tantas orquídeas, parece atingir a real liberdade que todos nos procuramos. Nos últimos anos você realmente estava mais alegre, e os problemas de saúde, financeiro e até sexuais, não estavam mais afligindo-o como imaginávamos. Tudo bem que ninguém mais parava sequer um minuto para ouvir suas lamentações, que ninguém tinha paciência esperando você chegar à mesa para o almoço, e que não conseguia falar tanto como no tempo em que era o mais falastrão do boteco do Agenor; mas tudo isso não passava pela sua cabeça como algum tipo de tortura.
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Vendo seu sorriso, acabei lembrando do dia em que descobriu o golpe que lhe tirou alguns anos de economia. Parco como era, deveria prestar mais atenção nos larápios que se aproximavam todos os dias do seu escritório, querendo sempre uma vantagem em negociações, contribuindo ainda mais com sua imagem altruísta. Mas como você mesmo dizia, dinheiro não era tudo na vida. Foi exatamente por essa opinião, que caracterizava o seu desprendimento com coisas materiais, que me sinto obrigado a lhe dizer que também andei roubando algumas coisas suas, dinheiro principalmente; fora alguns objetos de decoração, esposa e o seu lugar preferido no sofá da sala. Juro por tudo que existe de sagrado que a cerveja gelada eu mesmo levava, pois era o mínimo que poderia fazer para honrar pessoa tão afeiçoada. Talvez seja um dos motivos de eu não estar chateado em ter gasto alguns trocados para que seu enterro saísse com alguma dignidade.
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Para terminar, torço, realmente, que seja muito feliz em sua nova vida. Que essas picuinhas sejam esquecidas, pois, ao meu ver, não devemos ficar entristecidos com esta ou aquela traição banal. O que importa mesmo é que fui e sempre serei seu grande amigo, que estarei ao seu lado, carregando o seu caixão, que colocarei a primeira pá sobre sua sofrida vida. Mais do que isso: desistirei de Cecília em respeito a sua já indecorosa reputação. Durma em paz.

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Camisa 10 é um número?

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Segundo jogo da seleção. Uma única modificação, Anderson no lugar de Diego. Diego não teve sorte, essa é a única resposta que podemos acreditar por ele não ser titular. Desde que Dunga virou técnico, Diego sempre entra como opção no segundo tempo, ou no final do jogo. Arrebenta, joga, se movimenta, marca. No primeiro jogo que começa como titular, bem, não teve sorte. A mudança dá esperança, pois foi com a entrada de Anderson no segundo tempo contra o México, que o time ficou mais forte. Bom, não é que se espera, o time continua sem jogada, sem entrosamento e sem grande poder no ataque.
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Parte desse problema poderia ser resolvido com um meia mais criativo, coisa que não temos na Venezuela. Como disse no outro artigo, o negócio está realmente complicado. Riquelme é o grande nome da Argentina, mostra-se um meia habilidoso e de grande criatividade. O Brasil poderia contar com Kaká nessa função, mas também não é sua praia. Ronaldinho Gaúcho também sucumbiu quando precisou ser meia de ligação. A pergunta na cabeça do Dunga é a mesma de vários torcedores: quem é esse craque? Que jogador poderá ser a peça fundamental de um time campeão?
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Os meias sempre tiveram papel importante em qualquer seleção. O Brasil contou com vários deles, sempre brilhantes. Onde estão esses jogadores? Nossa escola não consegue mais criar esse tipo de jogador? Cadê o nosso camisa 10? Deve ter se perdido em algum lugar da história, pois atualmente não conseguimos encontrar nenhum deles. A seleção brasileira não tem esse camisa 10, e o que melhor pode fazer essa função, é o Diego. Talvez o único jogador com essas características de ligação, com habilidade e com criatividade. O que falta para Diego? Que o resto também funcione.
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Julio Batista também não é uma grata surpresa na seleção, mas jogou bem quando entrou. Robinho continua sendo o jogador mais criativo, e o único que tem se destacado na Copa América. Não podia ser diferente, pois ele realmente sabe jogar bola. O problema é que a seleção anda mal das pernas, o que acaba fazendo de Robinho uma peça isolada, tentando fazer sozinho a máquina funcionar. Quando brilha, faz três como no Chile. Quando emperra, ninguém mais anda.
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Já que não temos como destacar ainda uma participação do ataque brasileiro, melhor mesmo é falar da dupla de volantes. Josué entrou no segundo tempo, revivendo uma das maiores duplas do futebol brasileiro dos últimos anos. Não é que a seleção ganhou o meio de campo. Josué faz a cobertura de Mineiro, Mineiro cobre Josué. Um tipo de manobra que leva tempo para se aprender no futebol, precisa de tempo, conhecimento e vontade. Josué roubou a bola no segundo gol de Robinho, e a bola no terceiro gol. Ninguém percebe, pois trata-se de volante, quieto e muito discreto. Mas é lutador, obediente taticamente. Deve ser titular junto com Mineiro.
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O próximo jogo é contra o Equador. A mudança certa é a entrada de Daniel. Equador não vem mostrando um bom futebol, espera-se vitória do Brasil com maior facilidade. Mas, melhor do que vitória, é a apresentação de um futebol mais convincente, coisa que não aconteceu até agora. Talvez pelos meias, talvez pelo entrosamento, talvez pela treinamento. E no meio de tanto “talvez”, talvez o Brasil jogue um bom futebol; quem sabe chegando às finais, Ignore de uma vez por todas o “se” Ronaldinho, “se” Kaká, “se” um meia existisse.
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