sexta-feira, maio 04, 2007

Qual objetivo afinal?

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O Departamento de Estado dos Estados Unidos acaba de divulgar relatório indicando crescimento de mortes devido a atos terroristas. Essa informação acaba prejudicando mais um pouco a abalada política externa do governo Bush. Afinal, desde 2000, ele tem se empenhado em acabar com o terrorismo através de invasões de territórios inimigos, de uma luta a favor da democracia e da eliminação do mapa aqueles considerados ditadores sanguinários. Foi assim no Iraque e Afeganistão. Mas, por incrível que pareça, essas duas regiões estão na lista das mais críticas em relação aos atentados.

Lembro que várias discussões surgiram quando EUA decidiu brigar contra os terroristas: afinal ele estava se colocando no papel de justiceiro mundial, ignorando inclusive resolução de países membros da ONU. Todos foram obrigados a aceitar o governo americano como grande salvador contra o crime mundial, justificando tal resolução na capacidade bélica dos americanos, nos recursos monetários e na habilidade administrativa. Parecia mesmo que era o único país capaz de concertar um estado tão desfigurado.

Os americanos tinham boas justificativas para entrar na guerra, afinal foi com a queda das duas bastilhas que o inimigo se mostrou perigoso, forte e organizado. Conseguiram apoio dos ingleses, de meia dúzia de países menores; e assim foram com a cara e a coragem acabar com os malfeitores. Desmontou a oligarquia de alguns países, certo de que novos ditadores seriam confiáveis e amigos. Pôs homens capazes de manter a segurança do povo e mandou alimento para os mais necessitados. Parecia que tudo estava indo muito bem.

No entanto, novas questões foram surgindo com o passar do tempo: afinal, os americanos decidiram acabar com o terrorismo desmontando governos que apoiavam esses atos; decidiu também que reconstruiria o estado tomado, deixando o povo livre, com governo democrático e com a segurança que jamais tiveram. E nada disso está sendo feito. O povo continua sofrendo com a violência, continua sem prosperidade e sem garantias para o futuro. E pior ainda, continuam sofrendo nas mãos dos terroristas.

Nesse momento o foco passa a ser a capacidade dos americanos de cumprirem seus objetivos: será que a promessa de acabar com os terroristas, a decisão de ajuda humanitária ao povo, vontade pela democracia e a reconstrução dos países invadidos eram somente promessas de palanque? Será que os americanos perceberam, junto com todos os aliados, que são incapazes da total liderança do mundo? Seria o fim da vanglória americana? Pois ouvindo o compromisso não estão somente os texanos e republicanos; mas todo povo mundial. E todos muito críticos em relação a qualquer decisão, acertada ou não, do governo americano.

A política externa americana recebeu um golpe forte com o relatório, o resumo de uma derrota que todos desconfiam, mas não acreditam. E a dúvida do mundo, é também uma dúvida dos americanos: Bush conseguirá resolver os problemas? Conseguirá criar uma agenda positiva em relação aos países que ainda estão dominados pelo medo, pela violência? Conseguirá ainda reconstruir um estado democrático onde sabe da existência de inimigos, mas que se tornam cada vez mais ocultos? E reunindo prováveis réplicas convencer o mundo de que um dia esteve certo?




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