quarta-feira, maio 16, 2007

Canção Desvelada

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Mergulho na sombra e canto
exaltado pelo antro, visto
em meu sonho perverso.
Nele deslizo por crosta, lisa
contemplando agradável seiva
que umedece meus lábios, frios.
Escorre por entre os dedos,
vil corpos, em disparada.
Ampliamos chagas, afeiçoadas
pelo pecado da vida e amores.
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Na graça, grito tímido de adoração,
passageiro como sempre deve ser.
Suspensa, flutua, turva emoção.
Ruga, descampada, traz
folhagens douradas e perfumadas.
Assim, requer outra submersão em
cavernas tão densas, animadas.
Enclausurando dorso, de tremores
pancadas, calcadas e arranhões.
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Seus olhos, num horizonte tão
próximo, deslumbra a sensatez.
Quer de mim pouco, desobrigado
na paisagem, apenas o que já tem.
E robusto, o viril talhado;
põe os gestos que nunca viu.
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Desponto intacto, no dia
que ainda irá nascer.
Nos meus olhos, lembranças
pungentes do que não posso ter.
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