quinta-feira, julho 19, 2007

Minha Vida Por Michelle

Olá,

Esse folhetim eu escrevi em 10/2004 e acabei mandando por e-mail no dia 20/11/2004.
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Folha 03/04- Minha Vida por Michelle
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Não conheço nenhuma Michelle. Não há nenhuma mal nisso, podemos não conhecer inúmeros nomes. Mas o rosto de Michelle eu conheço bem, muito bem. Passei horas olhando para aquele figura enigmática no outdoor. Fiquei apaixonado por aquela mulher. Vendia pasta de dente, tinha realmente um belo sorriso. Queria poder olhar para aquele rosto quando chegasse de manhã e tivesse que levantar da cama; ou quando fosse almoçar, jogar futebol. Já pensou aqueles olhos enquanto eu jogasse futebol?
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Não sei o nome, decidi por Michelle. Não sei quantos anos ela tem, deve ser uns vinte e poucos. Vinte e quatro, incompletos. Deve ter no máximo um metro e sessenta e cinco. Não aparenta ser alta. Não faço idéia do busto, ele não aparece na foto. Quadril, coxa, pernas, etecetara e tal; melhor nem pensar. Tem lábios finos, olhos castanhos. Cabelos pretos, lisos. Os cabelos podem estar modificados para a campanha publicitária. Não importa, é isso que me chamou atenção.
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Estaria fazendo faculdade? Posso fazer umas perguntas, senhorita Michelle? Melhor filme? “Morte em Veneza”? Filme antigo. Melhor ator? Está bem, pode ser brasileiro. Melhor novela? Não. Não vou perguntar se gosta de novela, é muito chinfrim. Melhor grupo? Legião?! Também gosto, não muito; mas gosto. Comida? Italiana, certo. Livro? Perfume? Faz faculdade do quê mesmo? Sei. Preocupada com o futuro......”Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar”...cantei certo?
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Seria um interrogatório incomodo, para não dizer chato. Pediria para escolher o restaurante, não pode exagerar no preço, ando sem dinheiro. Quer beber alguma coisa? Bebo cerveja, mas não parece ser a bebida mais interessante para o momento. Sim, vamos pedir vinho. Sabia que eu fiquei apaixonado pela sua foto na Avenida Cruzeiro do Sul, logo depois da estação Santana? Sim, eu ando de metrô. É, estava indo para o trabalho. Sempre vou do lado direito, parece ser uma superstição, mas não é. Então, naquele dia decidi ir do lado esquerdo. Vi sua foto, aquela da propaganda de pasta de dente.
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Não parecia que ela tinha acabado de escovar os dentes. Se fosse um outdoor sobre concessionária; quem sabe de alguma comida chinesa. Era mesmo de pasta de dente. Seria ardida? Percebi que você estava sorrindo na foto. Com certeza vi que você tem dentes lindos; poderiam chamá-la por outro motivo que não fosse o sorriso? Não. Não quero mais fazer perguntas. Já me basta o que aprendi. Tenho certeza disso.
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A conversa não existiu, muito menos nossa ida para o restaurante. Ótimo, melhor que tenha sido assim mesmo. Continuo passando no mesmo local, ela mantém o mesmo sorriso. Algumas vezes parece apático, quase sem graça; deve cansar de ficar na mesma posição. Coitada da Michelle, com seus vinte e poucos anos; passar por uma situação dessas.
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Não vou dizer que ela perdeu a graça, ainda gosto muito de vê-la no outdoor. O que me incomoda é essa indiferença, age como se fossemos estranhos. Queria poder continuar aquela conversa, mas tenho certeza que iria me humilhar mais uma vez. Quer responder sério o que eu estou perguntando? Vire uma celebridade, artista de cinema.....rebole em algum desses clubes masculinos. Vou me aproximar de você, pode ficar tranqüila. Mas nunca mais me receba com indiferença!
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Ela não existe mais. Colocaram outra foto no lugar. Hotel em Atibaia, venha e traga sua família. Uma ova! Cadê a Michelle? Juro que não brigo mais, juro que vou perguntar coisas decentes....quer transar? Vamos ter filhos? Não quero saber sua idade, não. Michelle, me trate com indiferença que eu gamo, que eu fico louco, apaixonadão; eu daria minha vida para vê-la novamente escovando os dentes...tão lindos, branquinhos; queria medir seu busto....está bem...foi só uma brincadeira....mas o quadril eu posso saber o tamanho?!
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