quarta-feira, julho 18, 2007

Ausentes na Festa

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Vaia sempre é um mal sinal, não importa de quantos. O certo é que o número de pessoas presentes na festa do Pan não era apenas um grupo, com características específicas ou de uma única cidade. Levantou-se a tese de que o povo rico não gostava do Lula, lá na época das eleições presidenciais. No Maracanã não estavam somente os ricos, mas pobres, bons, maus; gente feliz, triste; carioca, paulista e até argentinos. Sim, devia ter uns argentinos assistindo a festa. Bom, então não é somente um grupo, mas algumas pessoas de determinados grupos. Seguindo o enredo científico-político é provável que eu caia em alguma cilada, falar bobagem; que de prontidão será questionado por pessoas mais conhecedoras. Não dou rumo à questão.
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Volto para uma dúvida simples: é certo a presença de pessoas públicas numa festa sem interesses políticos como foi o PAN? O PAN é uma organização com interesses políticos? Sendo o governo federal um dos responsáveis pelo financiamento, deveria ficar fora da festa? A questão é muito complicada, e talvez mais difícil de se entender na cabeça dos brasileiros. Nós adoramos desconfiar dos políticos, afinal eles quase sempre nos dão razão para isso. Então, melhor do que não ver um político numa festa como essa, é vaiá-lo assim que possível.
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A percepção que tenho é que a presença de Lula, assim como dos outros políticos presentes, tinha uma relação muito próxima com a questão da imagem, marqueteira e eleitoreira. No entanto, essa percepção vai perdendo a força quando notamos os fatos históricos que envolvem a questão: Chefe de estado é responsável pela abertura dos jogos em qualquer parte do mundo, foi assim até agora. É possível que nenhum político consiga simpatia por causa de um acontecimento esportivo. E por último: seguindo o protocolo, possivelmente iria repetir todos os agradecimentos feitos pelo presidente do comitê pan-americano. Assim, não iria acrescentar em nada sua apresentação, apenas uns minutos de fama.
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Portanto, pior do que sua presença, foram as vaias durante a apresentação.
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E falando em ausência, outro personagem dessa história também apareceu pouco: Cauê. Para quem não sabe, ele é um dos mascotes do Pan-Americano. Quem gosta de marketing vai entender o que estou falando: Um grande concurso foi feito para se escolher o nome do mascote. Vários desenhos, projetos e afinidades com o povo foram estudados. Foi pensando então no Sol, como imagem festiva do Rio de Janeiro (Sol que estava no centro do Maracanã). Numa grande campanha surge o nome: Cauê. E na festa? Foi convidado mas deve ter sentado na terceira fila.
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Na abertura, a figura do mascote devia aparecer em quase todos os cantos. É a imagem que vai vender, que vai arrecadar fundos com venda de camisetas, chaveiros, bonés, bonecos; brinquedos, lanches, sucos e diversos outros produtos. Ninguém pensou nisso? Pensaram, é claro. Várias empresas que colocaram dinheiro no Pan estão esperando lucros. Agora a utilização do mascote, ou mesmo do impacto mercalógico que ele poderia causar na abertura do Pan, principalmente para o público infantil, não foi muito bem trabalhado.
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Cauê e Lula não são parecidos em nenhum aspecto. No entanto, ambos podem comemorar vários feitos, e um deles é ser convidado principal de uma festa onde não puderam entrar.
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