sexta-feira, outubro 10, 2008

Inútil

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Não tenho ninguém para dividir o poema.
Talvez um desconhecido qualquer.
Mas não é a mesma coisa.
Alguém que reflita, pense; relute.
Preciso de alguém para dividir o poema:
Nas angústias, no medo e na incerteza.
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Não tenho ninguém, mas ninguém me falta.
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O poema, que virá qualquer hora,
será poema in albis, negro.
Que passará sem nada dizer,
Sem nada sentir; inamável.
Que ninguém quererá dividir.
Nem pesquisar, nem refletir.
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Tenho palavras, mas algumas me faltam.
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Palavras nos novos poemas,
Que construirei sem vontade,
Sem desejo nenhum de compartilhar,
De revelar, decidir, informar.
Poemas com palavras frias, pobres
Com construções inúteis.
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Tenho poema, mas é como se não tivesse.
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