quarta-feira, outubro 15, 2008

Cartas ao Vento 14

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Cheguei a duvidar dessas cartas como fonte de pesquisa sobre minha personalidade de escritor. A incerteza maior estava numa conta matemática, pois transformava toda a história num conjunto de valores desproporcionais, entre ficção e realidade. No final das contas, um cálculo irracional, tentava explicar se naquela escrita existia algo de mim ou não, e em que quantidade.

Não vou enganá-los. Sempre achei que a contagem do real nas cartas era sempre menor do que a porção de fingimento. “O poeta é um fingidor”. Escritores também. Também dissimulam, conforme Shakespeare, os loucos e os amorosos. Minha imaginação tem mais poesia do que amor, mais questão do que respostas. Portanto, minhas cartas têm mais filosofia do que encanto (não que não haja encanto na filosofia).

Os perigos da escrita não são facilmente dissolvidos em meia dúzia de cartas.

Relendo todas as cartas, percebi uma coisa interessante, talvez fossem drásticas; no entanto não é coisa nenhuma. E é uma realidade minha crítica em relação a mim, que sempre coloco na ponta extrema de inutilidade qualquer que seja meu pensamento. Talvez paliativo pessimista, que sempre me atraiu desde pequeno. Mas com razão, nada nelas advertem ou divertem.

Assim, essa carta que chega num número não muito expressivo, numérico. Torne-se ainda menor se a expressão for qualitativa, como se não existisse e nada de novo trouxesse.
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