domingo, junho 19, 2016

Carta Aberta: Não há espaço para intolerância


"Escrevi esse texto no dia 19 de junho de 2015, publicado para um dos grupos de uma rede social do qual participo. Fiz a leitura novamente lembrando do fato lamentável, onde uma menina fora apedrejada por ser adepta da Umbanda. Naquela ocasião eu escrevi dizendo exatamente o meu sentimento: mesmo eu não sendo umbandista, o fato da intolerância chegar ao extremo da agressão, representava que nós, assim como a garota, estávamos todos em grande perigo..."

Meu medo era exatamente esse: A semente que demorou mais dois mil anos para amadurecer estivesse a ponto de apodrecer novamente. Exatamente pelos acontecimentos impensados, destruidores; opositores e intolerantes. Eu reescrevi os primeiros parágrafos pelo menos umas três vezes. Não queria ser injusto, nem queria provocar a discórdia; nem ao menos propagar ainda mais a intolerância. Fechei meus olhos e silenciei. Meu minuto de silêncio em oração para todos os meus amigos religiosos: Protestantes, católicos, umbandistas, budistas, kardecistas e afins e afins e afins. Para meus meus amigos ateus: meu minuto de silêncio em respeito às suas escolhas. Meu minuto de silêncio pela boa vontade dos bons homens, independente da religião. Meu minuto de silêncio para as pessoas que amam, simplesmente amam.
Prefiro assim, o silêncio. Prefiro não querer discutir aquilo que parece óbvio. Crentes ou não, podem ler as entrelinhas dos evangelhos e buscar a fonte de inspiração de quem realmente merece ser seguido: Jesus de Nazaré. Ele, que diante da Samaritana, rogou-lhe uma praga? Deu-lhe veneno na água? Ou simplesmente a salvou? Pôs-se diante de uma intolerante situação, onde judeus e samaritanos não podiam sequer se falar; e tomou uma atitude grandiosa, sábia e humana. Jesus de Nazaré, sobre-humano, talvez muito mais longe agora de nossos ideais religiosos. Dá-me de beber! E nós todos vemos o Jesus dos intolerantes matando a diferença em forma de mordaça e cruel.
Não há indícios dos criminosos, nem tampouco alguém poderá dizer com qualquer certeza que esses intolerantes nasceram no seio protestante. Seríamos tão injustos em achar que seguidores do evangelho fossem capazes de matar em nome de Deus? Fizemos atrocidades em nome de Deus. Seríamos ainda essa humanidade violenta, anti-cristã; bárbara? Jesus diante do diferente Nicodemos conversaram sobre assuntos delicados, divergentes. Nem por isso Jesus, em sua autoridade máxima, fez-se de rogado e deixou o rabino sem qualquer resposta. Pelo que se sabe não houve qualquer grito, qualquer ofensa; sequer uma palavra dita de forma vulgar e pejorativa. Aquele que exerce tal fundamento, já em si perdeu a batalha.
Ainda encontra a pecadora, sendo julgada por pecadores. Pedras nas mãos, nenhuma explicação ou caridade. Jesus se aproxima, olha para todos os criminosos: que atire a primeira pedra. Os adoradores daquilo que não presta, da maldade; do ódio atiram a pedra, que voa sem qualquer direção pois não importa quem irá atingir, pois sabem que atingira aquele que eles consideram diferente. Odeiam as diferenças, odeiam saber que não são os poderosos, odeiam saber que existe um Deus, que mesmo sem perceberem; é quem realmente podem julgar. A pedra então acerta a menina de onze anos, que no mínimo, em sua inocência infância, não podia adorar aquilo que Deus não deixasse em seu caminho. Ignoraram, esses odiosos, a vontade de Jesus: venha até mim as crianças!
Meu minuto de silêncio para que os verdadeiros religiosos, meus amigos ou não; saibam agora propagar a paz, a tolerância e a vontade boa proposta por alguém que há dois mil anos lidou com todas essas diferenças, e até maiores; mas mesmo assim lidou com o mundo em desavença como se todos fossem filhos de Deus. E aquele que está desesperançoso como eu, em crer que a religião não fará mais vítimas de intolerâncias; busque na frase: Coragem, eu enfrentei o mundo e venci!
Façamos aquilo que Ele propôs, vamos enfrentar o mundo igual ele enfrentou; com certeza sairemos vitoriosos também.
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