segunda-feira, abril 04, 2016

DESCONECTADO: Batman Vs Superman: Preço da pipoca é o lado negativo


Assisti esses dias o Batman Versus Superman. Filme que tem criado grandes comentários na internet, dos eufóricos fãs e dos exigentes críticos. Costumo ler algumas dessas críticas antes de decidir por um filme. Sempre é bom escolher onde gastar melhor o dinheiro. Bom, considerando a maioria dos comentários era melhor que eu escolhesse algo menos badalado. BvS teve as mais variadas críticas, mas quase as mesmas manifestações contrárias: não é um filme em moldes diferentes dos inúmeros filmes comerciais e de heróis que são exibidos por aí. Além disso, enormes contradições em relação ao modo como Zack Snyder, diretor do filme, encara a construção dos super-heróis.

É certo que há uma rebeldia desses críticos em relação à essas adaptações de histórias ou personagens de HQ para as telas de cinema. Modelo que já está superando as primeiras expectativas, quando muitos afirmavam que a fórmula não duraria dez anos. Pois bem, mais um filme e mais um sucesso de bilheteria. E para desespero desses críticos (profissionais ou não), outros tantos virão; sendo da Marvel ou da DC Comics. Heróis, grupos de heróis e outros tantos não tão heróis assim, andam aparecendo de forma quantitativa em seriados e filmes. Previsão de novos heróis num mapa bem organizado e amarrado entre as histórias já demarcados até o ano de 2020. Queiram ou não, esses filmes continuarão tomando as salas de cinema.

Não sou crítico cultural. Nem tampouco de cinema. Mas acho que as pessoas normais, das quais eu me incluo, podem e devem assistir a qualquer produção com certo olhar crítico. Evidente que não teremos parâmetros técnicos ou coisas que o valha; mas isso não significa que não podemos opinar sobre aquilo que vemos e ouvimos. Assim, aquilo que eu disser sobre BvS tem caráter estritamente pessoal, muito subjetiva. Tem um olhar de quem gosta dessas adaptações, embora considere que determinadas histórias poderiam ser melhores trabalhadas, com roteiros melhores e diálogos interessantes.

Poucas dessas apresentações, seja pela Marvel ou pela DC Comics, trouxeram grandes diálogos e histórias absurdamente fantásticas. Não seria diferente com o BvS. Por isso sentei naquela poltrona acolchoada do cinema apenas para me divertir. E nesse caso, BvS é um filme muito interessante. São quase duas horas que não cansam, embora também não empolguem. Para quem gosta de lutas, são poucas apresentadas. As análises psicológicas dos personagens também são rasas, mesmo que elementos contidos na história facilitasse tal avaliação: Lex Luthor, Batman e Superman são personagens muito grandiosos para serem demonstrados de forma tão superficial.

Se eu pudesse caracterizar o filme com apenas uma palavra diria exatamente isso: superficial. Ele falha na apresentação individual dos personagens, trazendo essas questões como pano de fundo de uma intrigada relação entre Batman e Superman, sem expô-los à uma avaliação psicológica e social. Ao mesmo tempo, falha na apresentação coletiva. Até cria uma atmosfera propícia à criação da Liga da Justiça, mas que deixa alguns elementos sem explicação. Afinal de contas, tirando um inimigo comum; qual o motivo da relação entre Batman e Superman ficar tão fortalecido de um momento para o outro? Não há um desenvolvimento no tema Liga da Justiça, mesmo quando olhamos para os três personagens: Superman, Mulher-Maravilha e Batman.

De certa forma, a nota que daríamos para uma redação que não conseguisse acompanhar um tema ou o título, seria uma nota muito baixa. Nesse quesito, BvS peca em sua missão principal: lançar a base da Liga da Justiça que será formada. Em outro aspecto, individual; mostra de maneira muito incomoda a origem dos heróis, ou mesmo a relação entre eles. Seria melhor para todos nós, e para os personagens, que toda história ficasse definitivamente completa, determinando como e por quais razões Superman e Batman se tornaram grandes parceiros. A relação não se sustenta, não parece haver uma liga entre eles, mesmo quando estão inimigos.

São inúmeros lados positivos, como por exemplo a cara do Batman. Eu que torci o nariz pela escolha do Ben Affleck (principalmente pela comparação com o péssimo trabalho em Demolidor e a comparação com Christian Bale), sou obrigado a dizer que ele salvou o herói das garras de Snyder. O mesmo não acontece com o Superman, que continua cativando não pelo modelo proposto em sua criação, mas por um modelo de herói cheio de medos e conflitos éticos. Só para ter uma ideia, o modelo comportado; de bom amigo e excelente profissional, visto lá nos anos 70; definitivamente morreu. Essa nova versão continua sendo modelo ético, mas com uma personalidade perdida. Nesse aspecto, Batman parece ser o grande líder da liga que está por vir. E a realidade dos quadrinhos é essa?

Mas, como eu disse, estava ali na poltrona para me divertir. E se esse é o motivo que te faz sair de casa e pegar uma fila, gastar um dinheiro e ficar duas horas olhando para uma tela de cinema, vá sem medo. Se dos últimos lançamentos dessas adaptações não tivemos quase nenhuma grande história, indicações ao Oscar; e coisas que os críticos adoram; também não tivemos grandes decepções. E vamos admitir que não se decepcionar com um filme de grande apelo comercial já passa a ser um grande negócio.



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