Assisti esses dias o Batman Versus Superman. Filme que tem criado grandes comentários na
internet, dos eufóricos fãs e dos exigentes críticos. Costumo ler algumas
dessas críticas antes de decidir por um filme. Sempre é bom escolher onde
gastar melhor o dinheiro. Bom, considerando a maioria dos comentários era
melhor que eu escolhesse algo menos badalado. BvS teve as mais variadas
críticas, mas quase as mesmas manifestações contrárias: não é um filme em
moldes diferentes dos inúmeros filmes comerciais e de heróis que são exibidos
por aí. Além disso, enormes contradições em relação ao modo como Zack Snyder,
diretor do filme, encara a construção dos super-heróis.
É certo que há uma rebeldia desses críticos em
relação à essas adaptações de histórias ou personagens de HQ para as telas de
cinema. Modelo que já está superando as primeiras expectativas, quando muitos afirmavam
que a fórmula não duraria dez anos. Pois bem, mais um filme e mais um sucesso
de bilheteria. E para desespero desses críticos (profissionais ou não), outros
tantos virão; sendo da Marvel ou da DC Comics. Heróis, grupos de heróis e
outros tantos não tão heróis assim, andam aparecendo de forma quantitativa em
seriados e filmes. Previsão de novos heróis num mapa bem organizado e amarrado
entre as histórias já demarcados até o ano de 2020. Queiram ou não, esses filmes
continuarão tomando as salas de cinema.
Não sou crítico cultural. Nem tampouco de cinema.
Mas acho que as pessoas normais, das quais eu me incluo, podem e devem assistir
a qualquer produção com certo olhar crítico. Evidente que não teremos
parâmetros técnicos ou coisas que o valha; mas isso não significa que não
podemos opinar sobre aquilo que vemos e ouvimos. Assim, aquilo que eu disser
sobre BvS tem caráter estritamente pessoal, muito subjetiva. Tem um olhar de
quem gosta dessas adaptações, embora considere que determinadas histórias
poderiam ser melhores trabalhadas, com roteiros melhores e diálogos
interessantes.
Poucas dessas apresentações, seja pela Marvel ou
pela DC Comics, trouxeram grandes diálogos e histórias absurdamente
fantásticas. Não seria diferente com o BvS. Por isso sentei naquela poltrona
acolchoada do cinema apenas para me divertir. E nesse caso, BvS é um filme
muito interessante. São quase duas horas que não cansam, embora também não
empolguem. Para quem gosta de lutas, são poucas apresentadas. As análises
psicológicas dos personagens também são rasas, mesmo que elementos contidos na
história facilitasse tal avaliação: Lex Luthor, Batman e Superman são
personagens muito grandiosos para serem demonstrados de forma tão superficial.
Se eu pudesse caracterizar o filme com apenas uma
palavra diria exatamente isso: superficial. Ele falha na apresentação
individual dos personagens, trazendo essas questões como pano de fundo de uma
intrigada relação entre Batman e Superman, sem expô-los à uma avaliação psicológica
e social. Ao mesmo tempo, falha na apresentação coletiva. Até cria uma
atmosfera propícia à criação da Liga da Justiça, mas que deixa alguns elementos
sem explicação. Afinal de contas, tirando um inimigo comum; qual o motivo da
relação entre Batman e Superman ficar tão fortalecido de um momento para o
outro? Não há um desenvolvimento no tema Liga da Justiça, mesmo quando olhamos
para os três personagens: Superman, Mulher-Maravilha e Batman.
De certa forma, a nota que daríamos para uma
redação que não conseguisse acompanhar um tema ou o título, seria uma nota
muito baixa. Nesse quesito, BvS peca em sua missão principal: lançar a base da
Liga da Justiça que será formada. Em outro aspecto, individual; mostra de
maneira muito incomoda a origem dos heróis, ou mesmo a relação entre eles.
Seria melhor para todos nós, e para os personagens, que toda história ficasse
definitivamente completa, determinando como e por quais razões Superman e
Batman se tornaram grandes parceiros. A relação não se sustenta, não parece
haver uma liga entre eles, mesmo quando estão inimigos.
São inúmeros lados positivos, como por exemplo a
cara do Batman. Eu que torci o nariz pela escolha do Ben Affleck
(principalmente pela comparação com o péssimo trabalho em Demolidor e a
comparação com Christian Bale), sou obrigado a dizer que ele salvou o herói das
garras de Snyder. O mesmo não acontece com o Superman, que continua cativando
não pelo modelo proposto em sua criação, mas por um modelo de herói cheio de medos
e conflitos éticos. Só para ter uma ideia, o modelo comportado; de bom amigo e
excelente profissional, visto lá nos anos 70; definitivamente morreu. Essa nova
versão continua sendo modelo ético, mas com uma personalidade perdida. Nesse aspecto,
Batman parece ser o grande líder da liga que está por vir. E a realidade dos
quadrinhos é essa?
Mas, como eu disse, estava ali na poltrona para
me divertir. E se esse é o motivo que te faz sair de casa e pegar uma fila,
gastar um dinheiro e ficar duas horas olhando para uma tela de cinema, vá sem
medo. Se dos últimos lançamentos dessas adaptações não tivemos quase nenhuma
grande história, indicações ao Oscar; e coisas que os críticos adoram; também
não tivemos grandes decepções. E vamos admitir que não se decepcionar com um
filme de grande apelo comercial já passa a ser um grande negócio.
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