quarta-feira, novembro 19, 2008

Cartas ao Vento 017




Fiz uma turnê pela Austrália. Não que tivesse ido pessoalmente, isso é impossível de acontecer devido a uma série de fatores. Conheci-o de modo indireto, por uma amiga que está completando um mês de passagem pelo país. Então, nessa conversa, a minha curiosidade era por respostas subjetivas, diferentes do que vemos em reportagens, internet ou catálogos turísticos. Enfim, uma pessoa morando num lugar. In situ. Uma correspondente.

Comida? “Nada”. Bebida? “Alguns vinhos bons”. Dança? “Nada”. Música? “Uns barulhos eletrônicos constantes”. Baladas? “Mulheres sensuais, homens bêbados”. Cultura? “Americana, consequentemente inglesa”. Mais nada? “Nada”. Um mês é pouco para se descobrir como um povo existe. Talvez seja a saudade do Brasil, com suas mil maravilhas. Quase avisei que preferi os comentários dos catálogos, esses não fazem comparações. Mas está legal ai? “Sim. Aqui é maravilhoso”. Deixei pra lá, não consegui entender as faltas e os excessos de tantas coisas maravilhosas.

Mas dá para entender, a saudade é que pega pelo braço, traz a nostalgia.

Eu já falei de nostalgia, e se não fiz, errei em não ter feito. As coisas em outros países são bem maravilhosas, é só uma questão de costume. Basta pesquisar no mundo quantas pessoas vêm e vão como turistas, aventureiros ou querendo mudar de vida. Mas no fundo sempre dá aquela vontade de voltar para casa, para os amigos e para as coisas que achamos nossas.

Não deveríamos, então, alimentar a saudade, pois friamente percebemos que nada é nosso, nem mesmo nosso país. Assim, ela fez bem ao dizer que tudo é maravilhoso onde ela está, apesar daqui ser melhor.
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