segunda-feira, junho 09, 2008

Amigos do Robinho X Amigos do Doni


Brasil e Venezuela. Em outros tempos em que a seleção era uma seleção, o jogo seria apenas para esticar as pernas e fazer malabarismo. A dúvida sobre a vitória seria apenas o placar. De quanto o Brasil vai ganhar? Tempos bons. Hoje a história se repete, mas pergunta toma um rumo inesperado, mas muito bem explicado. Quem será o próximo que ganhará do Brasil? Venezuela que se contentaria com um empate contra um time de estrelas, mal pode acreditar nos dois gols no placar nos EUA.

Tudo é uma grande confusão: Seleção convocada para treinar para eliminatórias. Dois jogos nos EUA. Contra o Canadá e contra a Venezuela. Por pior expressão que possa ter, Canadá é um time bem montado, serviria para ajustar algumas peças. Venezuela? Bom. Venezuela foi escolhida para “elevar” a moral da seleção brasileira para o jogo contra o Paraguai. Nesse mundo globalizado, ninguém consegue entender como pode acontecer um esquema desses: EUA, Brasil, Venezuela e Canadá. Treino para eliminatórias da Copa contra o Paraguai. Alguns convocados com idade para ir para China. Só mesmo um bom Tostão para explicar isso tudo!

O tiro não saiu. Venezuela “goleia” o Brasil reserva. A culatra mesmo é nossa, que agora vemos mais uma vez manchada a história de tantos anos. Méritos para a Venezuela. Preocupação para os torcedores brasileiros, dúvida na cabeça dos dirigentes da CBF, peso para Dunga e ótimos temas para os cronistas. O que será dessa seleção? Podemos tomar por base um jogo que não valia nada, não levava a lugar nenhum e só serviu mesmo por definir acordos comerciais? Dunga é realmente tão ruim assim? Lembre-se que foi como Dunga que despachamos a Argentina numa Copa América.

Tenho minhas dúvidas em relação ao Dunga e aos jogadores convocados. O problema é que temos selecionáveis, mas não temos uma seleção. Fica parecendo jogo de despedida de craque, jogo de caridade; casado contra solteiro. Amigos do Robinho versus Amigos do Doni. Melhor: Jogadores da Europa Alta versus Jogadores da Europa Baixa (essa divisão não existe, foi apenas uma forma de separar os jogadores que estão na Turquia, República Checa e Ucrânia daqueles que jogam na Itália, Alemanha e Espanha). Enfim, esses caras são jogados em campo sem menor treinamento tático. Como das últimas zilhões de vezes, ficamos dependentes de uma jogada individual.

Marcos, goleiro do Palmeiras, disse uma coisa interessante que todos sabem, mas ninguém consegue explicar: Cabeça de bagre com vontade é melhor do que craque sem vontade. É isso que vejo na seleção: uma porção de ótimos jogadores sem vontade. Pior do que isso: jogadores sem vontade e sem direção. Dunga pode ser um ótimo sujeito, durão e coisa e tal. Mas conhecia muito bem, quando ainda era jogador, aquele pedaço do campo onde ele não atrapalhava o goleiro nem os atacantes. E nisso ele já era regular. Tomando conta do time inteiro, eu não confio.

As opções políticas da CBF são poucas. Opções técnicas todos nos sabemos: Luxemburgo, Muricy, Leão, Abel, entre outros. Quem aceitaria treinar a seleção no lugar do Dunga? Dunga não é o melhor, acho que todos concordam. Mas ele também não é o único culpado pela derrota para a Venezuela. Falta calendário, falta método, falta critério; falta vontade, falta coerência, falta sincronismo.

O certo é que na cabeça dos brasileiros, uma derrota para a Argentina será mais fulminante para todos que comandam o futebol do que a primeira vitória da Venezuela. Só na cabeça de brasileiro perder para Argentina é pior do que perder para Venezuela. É por isso que nem ligo para o amistoso passado, nem para os dados históricos. Antes da preocupação com Vargas, me incomoda mesmo é ver a vitória do Riquelme.

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