segunda-feira, junho 09, 2008

A Fome

Tenho fome, comeria os ossos.
Dos breves olhos e cabelos claros.
A língua inocente, calma e tímida.
Simples perfume, também comeria.
Andar calmo, das palavras que fala.
Acanhada e despida, no canto da sala.
O rosto que não é meu sonho de musa,
No corpo perfeito também valeria.

Nutra meu corpo, que anda selvagem
De sangue, da carne; e outros desejos.
E a água na boca, gemendo na pele
Num suor que alimenta o corpo cansado.
Somos nos sozinhos, inconscientes;
Trocando carícias, talvez indecentes.
E o beijo sem jeito, na boca que foge
Meu pedaço de mim que você esconde.

Tenho fome e você eu comeria.

Escorro no seu peito;
pequenos, francos e obscenos.
Uma voz geme quase escondida.
Um pedaço de mim que você se alimenta
teu pedaço vazio que eu também como.
Nosso silêncio que em momentos irrita.
Extingue a fome que ainda existia.
A fome dispersa onde sacia.
Tenho fome, em você comeria.

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