segunda-feira, junho 16, 2008

Distantes

.
.
Nada quero para hoje,
Nenhum presente, nem ofensa.
Não quero desperdícios, nem desculpas.
Qualquer coisa hoje será inútil.
Não quero esvaziar-me
em inconseqüentes apedrejamentos.
Não quero ninguém por perto.
Quero uma solidão rápida,
onde possa escutar sons que não escuto
gosto que eu não percebo,
luz que eu não admiro.
Quero a anormalidade dos fatos.
Quero o cotidiano, apagado; triste
raquítico, fraco e deprimido.
Quero você doente, desaparecendo.
Quero você impossibilitada
na cama, esperando o dia passar.
Não a quero na porta, armando
afetos nobres e pensamentos perfeitos.

Penso assim minha defesa
da tua vociferação calamitosa.

Nada quero por hoje,
nem que lembre ou se aborreça.
Quero aversão ao calendário,
aos dias impertinentes.
Qualquer coisa inútil hoje,
danando eternamente.
Quero no seu silêncio,
a música breve.
E os tão próximos no ontem
hoje cada dia mais distantes.



.

Nenhum comentário: