sexta-feira, maio 30, 2008

Sustentabilidade quae sera tamen


Três coisas no mundo acabam com o sono dos ambientalistas: clima, população (pobreza) e restauração dos ecossistemas. Não são eles que deveriam perder o sono, mas toda população. Assim como determinados assuntos não conseguirão ser resolvidos apenas com o poder político, o assunto ambiental continuará se debatendo até que os responsáveis sintam na pele os efeitos da degradação do ambiente, dos resíduos, da poluição. Não adianta uma lei se não tem quem a cumpra, não adianta cumprir a lei se existem aqueles que desobedecem. E se desobedecem à lei é porque encontram fortíssimos argumentos para continuar fazendo a coisa errada.

Mas quem são esses responsáveis? Quem dá o poder para o desmatamento? A sociedade consumista? O poder econômico? Todas as respostas? Claro. Todas as respostas. O erro terrível que cometem é da autodestruição. Não é coisa nova, o estudo dos recursos já foi visto várias vezes por economistas, até mesmo Marx disse nas entrelinhas que o problema não era o homem, mas o seu poder de consumo desenfreado. O mundo é consumista, e a tendência dos publicitários é nos fazer mais consumista ainda. Empresários, empreendedores, mídia; todos eles nos fazem consumistas desenfreados. São culpados? Também, mas não são únicos. Nós adoramos a percepção do mundo que eles criam.

Uma luz vermelha acendeu. Uma idéia brilhante ascendeu: precisamos cuidar melhor do lugar onde vivemos! Muitos estão ansiosos, mas poucos preocupados. Até criamos certo clamor quando nos avisam que o mundo está se deteriorando. Mas o glamour tecnológico ainda é mais vistoso. Para onde vão as árvores se meu mundo hoje é feito de plástico? Tenho na minha casa apenas uma coisa de madeira: a cama. Essa idéia traz um pequeno engano que custa muito caro. As árvores da floresta amazônica, por exemplo, estão presentes em nossas vidas mais do que imaginamos. Somos culpados, por ora. Inconscientes, o que é mais perigoso.

Mas precisamos comer, nos vestir, dormir; trocar de celular. Precisamos fazer coisas que antes não precisávamos. Onde iremos parar no mundo do consumo? A resposta está na proposta aceita por quase a totalidade das pessoas, nas suas diversas camadas de poder: Governo, empresas, consumidores, pessoas; ambientalistas. Precisamos pensar na sustentabilidade. O mundo precisa aprender que não se pode viver de forma instável, que precisamos de modos (no sentido educacional) de lidar com suas reservas naturais, onde nos sirva mais do que nos falte. Ninguém deve ser contra a evolução do homem, o que não podemos aceitar é que a evolução esteja amparada em apenas alguns aspectos, que não carregue consigo o sinônimo de sobrevivência.

Sou pessimista nesse sentido, pois apesar de tantas discussões em relação ao assunto, pouco se vê de prático. É certo que em algumas regiões o desmatamento, a poluição das águas, o ar; estão caindo em percentuais a cada ano, o que não impede que continuem sendo feitos. Não há uma política de recuperação do ecossistema, e quando existe, é escasso. A velocidade da destruição tem maior atrativo no momento (já que consumismo essa destruição) do que a vontade de reabilitar. Quanto a isso, os ambientalistas devem continuar muito preocupados: clima, população, pobreza e restauração dos ecossistemas continuam como se nada tivesse acontecido de ruim. E nós continuamos fingindo que não sabemos de nada.

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