terça-feira, abril 08, 2008

Instrumento de navegação

.
Esse texto é um desabafo. Vou deixar claro antes que comecem achar incoerências. Ele foi escrito sem argumentos, sem lógica e sem seqüência. Foi escrito como quem conversa com um amigo, no estranhamento mútuo de certas coisas. Era para falar sobre violência, simplesmente. Aspectos sociais, psicológicos e econômicos. Acabou não falando nada disso, pois o mundo mesmo não se entende. Serviu mesmo para tirar alguma coisa que anda engasgada, que faz perder o ar; que dá uma sensação muito próxima a qualquer estagnação de tristeza. Ando deprimido. Não comigo, não tenho ainda motivos. Mas com o mundo anda deprimido, vou acompanhá-lo. O mundo parece ter entrado em parafuso, que roda e não sai do lugar. Esse parafuso que já dura décadas. Milênios. Violência que sempre fez parte da natureza humana, mas que cada vez mais é desumana.
.
As últimas notícias não são boas. Lembro de escrever pouco sobre a violência nesse folhetim atemporal, que deveria tratar sobre política, mas anda falando sobre tudo. Lembro-me do caso do menino no Rio de Janeiro, carregado pelas ruas, enroscado no carro roubado por marginais. Lembro-me de ter falado sobre terrorismo, sobre a pancadaria num show de Rap. Lembro sempre de estar falando da corrupção, do dinheiro roubado e de tantas mazelas do governo. Lembro-me de falar coisas boas, como projetos do governo que poderiam acertar certas coisas se não ficassem somente no papel. Mas da violência desse jeito que estou querendo agora, nunca não.
.
Falei da violência contra crianças, tratando superficialmente alguns aspectos; já que o assunto não é o que mais me inspiro em escrever. Crianças, velhos e mulheres parecem mais indefesos contra violência; como se homens de bem não o fossem. Todos sofrem, mas necessitamos de uma compreensão maior quando vemos uma criança de cinco anos ser arremessada da janela do apartamento. Para nós, pobres mortais; é como se estivéssemos lá embaixo, olhando a queda; sem podermos fazer nada. A questão é que podemos fazer, mas não sabemos exatamente o quê.
.
Não começamos o mundo, com certeza não teríamos capacidade de construir tantas coisas maravilhosas, mas com certeza estamos fazendo de tudo para acabar com ele. A briga é boa: enquanto seres humanos se sentem engajados até o último fio de cabelo para conseguir dinheiro e riquezas, outros lutam contra essa desigualdade. Enquanto outros acabam com a natureza, outros decidem monitorar sua destruição. Somos tão inteligentes que conseguimos enganar nós mesmos na tentativa de salvação: nossa forma de aniquilamento às vezes finge ser nossa evolução.
.
O mundo não vai acabar por causa de uns míseros crimes que andam assustando o mundo. Nós é que vamos ser obrigados a mudar, assassinando o velho homem, para nascimento de algum ser que ainda não conseguimos conceituar. Como será esse estranho ser? Altruísta? Ecológico? Espiritualista? Como deverá ser o homem no futuro, para que esqueçamos para sempre barbaridades e bestialidades que cometemos hoje? O homem será educado em que termos? Qual a economia que ele sobreviverá? O que será a justiça? Vai usar roupa ou conseguirá se livrar da máscara? Quais atitudes serão louváveis nesse novo homem: o crime que ele evita ou nas boas ações que ele comete?
.
Como eu disse no começo do texto, é apenas um desabafo irracional, de quem mais fala pelo coração do que pela mente. Talvez ai esteja o caminho desse novo Homem: deixar o fogo como arma para mantê-lo à frente como guia.
.
Esquece o que estou falando....
.
(Volto ao silêncio de quem concorda com tudo que anda acontecendo).
.
.

Nenhum comentário: