segunda-feira, março 24, 2008

O artista

.
Às vezes pareço ridículo,
contando piadas, dizendo casos.
Sem graça, percebo; sempre.
Mas faço coisas piores, que
nem noto, nem me corrijo.
Seria bom que não me notassem
pulando feito criança, nos primeiros
passos inúteis e acanhados.
Até quando esse eterno imprudente,
abarrotado no berço, chorando
o óbvio, desperdiçando o tempo?
E ridículo ainda me parece,
meus afazeres diários, minhas
reclamações tolas, meu excesso de zelo.
E se minha dedicação aos outros,
fosse dada a mim mesmo:
.
Piadas seriam engraçadas
O óbvio seria o mesmo.
.
E ainda ridícula, minhas palavras
tão dispersas e iguais.
Como artista da fome, que se mata
sem resmungo; esperando castiçais.
Farei de mim artista, que despreza
sem silêncio: verdugos ou aplausos.
Feito poeta não publicado
ou escritor que não sonha mais
Minha dor seria história, ignorada
pelos incrédulos, amada pelos boçais.
E todos nós riríamos, bêbados e
os quase loucos:
.
Das piadas que não sei
do óbvio que não é mais.
.
.
.

Nenhum comentário: