quinta-feira, janeiro 27, 2011

A casa

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As paredes velhas, tão velhas.
Já eram velhas quando corria
descalço pelos corredores.
Hoje mais velhas ainda.
Não corro mais, nem ando.
Nem sinto gosto da comida,
Nem choro pelas lembranças.
Naquela casa, com paredes
Elas não me aprisionavam
Agora são meu tormento.
A casa velha, com cheiro
De comida, de pessoas;
De um perfume pela sala.
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Não posso ficar aqui,
Nessa casa, nessas lembranças.
A casa não existe mais.
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Apenas nela, solitária,
os fantasmas da vida.
Hoje mais velhos, ainda.
Sequer posso entrar,
Sentar-me no sofá,
Ler o jornal e tomar café.
A vida não é mais minha,
Nem a casa de todos nós.
Agora a casa é um tormento,
Sem paredes, sem pessoas;
Sem ninguém para tomar conta.
As plantas danam no chão
O resto de incerteza nos pés,
Sem qualquer leveza.
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