quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Cartas ao vento 031


Já pensei numa reunião de pensadores. Todos aqueles que eu já li em minha vida. Não são muitos, pensei naqueles mais conhecidos: alemão, judeu, gregos e afins. Então, esses camaradas que tentaram decifrar o mundo; todos eles numa mesa, comendo e bebendo alguma coisa gelada. Esqueci de dizer: o dia da conversa entre os pensadores é um dia muito quente.

“A cerveja não está gelada!”

Essa frase tratada como algo importante. Frase que daria matéria-prima para os delírios. Um discutindo que tal, outro que nada sabe. A cerveja gelada era um inferno para todos eles. Não há tantos teólogos nessa minha mesa, infelizmente.

“A felicidade existe!!”

Um deles grita.

Mas ele não sabe realmente se a felicidade existe, apenas pensa saber. Isso é pior do que não saber: a felicidade tem fim. O resumo de todos eles ali, comendo uma porção de camarão e queijo parmesão com uma cerveja gelada. Muito gelada. A felicidade existe, saudamos.

Mas ela não existe, sabemos bem disso. Mas não nos importamos. É melhor ignorar o fato que sabemos, fiquemos todos com a suposição. A felicidade ali, em poucas horas. Logo todos terão que partir para suas casas, suas vidas; seu cotidiano. Cotidiano é a pior infelicidade de um ser humano, diz um deles; mais aventureiro que filósofo. Todos nos concordamos com ele.

E se a felicidade existisse? Quer dizer, se ela existir de verdade. De mentira, subjetiva; ela está aqui agora, conosco bebendo cerveja. Mas de fato, objetiva? Não existe e todos nós concordamos. Mas se existe? Pergunta que não era para ser feita, todos cabisbaixos. Se ela existe de verdade e não a encontramos? Se ela estiver do lado de fora, esperando abrirmos a porta?

De repente a euforia virou preocupação: concordamos mais uma vez que era melhor que a felicidade não existisse, estávamos todos contentes com a ilusão de tê-la encontrado.

Mais um brinde!
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