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Já foi o tempo que o futebol era a ciência inexata. Agora todos querem o mérito da imprevisibilidade. Os economistas estão eufóricos com tudo que está acontecendo no mundo. Dizem não saber direito os motivos e as conseqüências da crise americana. Só conseguem ser unânimes quando dizem que isso nunca aconteceu no mundo. Nem mesmo a comparação com a crise de 29 pode ser colocada em evidência, já que os fatores eminentes da economia são outros completamente diferentes.
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Há, no entanto, uma tentativa de explicação teórica para os acontecimentos; e mais do que isso, uma tentativa de mostrar qual é o melhor remédio para a crise.
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Durante anos e anos notou-se uma absurda descaracterização do Estado como um agente da economia. Foi propagado o pensamento de que o Estado só é bom quando é ausente, e que a economia tinha mecanismos de autodefesa, regulando toda e qualquer movimentação contrária à saúde das empresas, famílias e riquezas.
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Não foi o que vimos no maior Estado capitalista do mundo. Foi lá que a bolha imobiliária estourou e foi lá que keynesianismo foi retomado. Sem menor pudor, como se tudo que andaram falando tempos atrás não tivesse importância. Sim, no maior país capitalista do mundo, onde o Estado deveria ser coadjuvante esquecido nos letreiros finais do filme, ele aparece como grande herói com poderes de capitalizar os podres e salvar os ricos.
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Ninguém sabe qual o custo dessa ajuda, já que os pagadores ainda não sentiram no bolso qualquer diferença. É certo que o Estado quando faz, não pede. E era preciso fazer alguma coisa para que a quebradeira não fosse maior, assustando não só os bolsos dos americanos como de tantos outros contribuintes. Os americanos foram felicitados com a economia de quase duas décadas, não há mal nenhum em perder um pouco do rico dinheiro.
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Mas como foi comentado no início do texto, nem os economistas sabem direito se a medida americana trará resultado positivo. Ninguém entende direito a mobilidade do mercado, que gira entre ambição e o temor. Quanto mais se tem medo, mais se pode ganhar. Quem não quer sofrer engole papéis de ganhos de menos de um por cento e ficam quietos. Às vezes aplaudindo a ida e vinda do dinheiro nos papéis fortes.
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O Estado botou a mão de ferro na economia, onde ninguém pensava que o Estado poderia fazer esse papel. Comprou a dívida de alguns para outros não quebrarem. Deu um recado ao mundo, dizendo que não se move enquanto não é preciso, mas se precisarem do Estado, ele estará lá.
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Enfim, para alguns economistas, mais do que uma situação histórica, os acontecimentos de agora servirão para revelar uma única coisa, que todos aceitam como verdade absoluta: a economia é a mais previsível ciência das ciências imprevisíveis. Afinal, para que serve a economia então?
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Para dizer que todos os economistas estão certos.
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