quinta-feira, agosto 16, 2007

Recado

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Não me procure, nem se lembre.
Não muitas coisas em mim, sofrem.
Na foto, rasgue; jogue fora.
Tantos imperativos me atrapalham.
Como conjugar perdas; olhando
Tão pouco espaço no tempo?
Desconsidere minhas palavras,
Finja jamais como lidas, e
No filme, sem qualquer reprise.
Ignore minha pequena lembrança.
Não sorria, isso serve para fracos.
Fortes choram, se arrependem;
Lutam e se advertem.
Passe por mim e não cumprimente.
Despreze, pule; tão pouco
Da memória, dos nossos tempos, olvide.
Continue seu caminho, e não me
Olhe parado esperando o abraço.
Corra, lute; ganhe sempre.
Das minhas idéias infrutíferas,
Crie labareda na terra, seus sonhos.
Largue minha mão, pode me deixar
E voe pelo abismo, arremeta.
Não me reconheça, nem pergunte meu nome.
Não queira saber do meu passado,
Futuro, presente; perdido.
Não compareça em meu nascimento,
Nos dias que são comemorados,
E se souber; falte também no velório.
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Ando ríspido, fera em fuga;
Sem forças, presas e impulso.
Sou bicho capturado na caça,
Pendurado, esperando a carne secar.
Sou caçador, que me importuna;
Jogando projétil, prendendo em cordas
E gritando recados, para que acorde.
Sou esse que corta a pele,
Que faz sangrar a própria carne,
Que da pele se esconde,
Como num cobertor da pele
Deixa a alma se abrigar.
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