sábado, março 26, 2011

Confesso: vivi.

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Confesso: vivi.

Não foi fácil, decido sempre.

Um copo na mão, outro na mesa.

E o papel sem nome definido,

Sem planos e sem amor.

Mas, mesmo neste instante, vivo.

E a paisagem mudou.

A janela não é mais a mesma,

E o pingo de chuva que escorre;

Mata aos poucos o tempo.

Mesmo assim, vivi.

E se tenho tanto ainda para confessar,

Farei-o lentamente,

Como revivendo cada instante,

Cada pesadelo e cada alegria.

Uma tela repleta de sons e imagens,

O filme da minha vida

Passando lentamente,

Num chroma key instantâneo

Sem alegria; alegremente.

Confesso ainda: vivi.

E foi tão difícil continuar vivo.

Sem planos e sem amores;

Sem a janela por onde fugir,

Sem a porta e sem o letreiro:

Aqui jaz!

Não é fácil,

Mas vivo.

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