Bata na porta. Estarei dormindo.
Escutarei seus passos, e não saberei.
Quer mesmo me encontrar?
No mesmo instante o telefone toca.
Não é você.
Bata mais uma vez, preciso levantar
dessa inércia que me incomoda
todos esses anos.
Escutarei sua voz, mas não sei.
Escuto também minha voz que chama:
Não sou eu.
Bata. Duas, três vezes.
Na cama, eu ainda posso
ver você se aproximando.
Você diz duas, três palavras.
Desliga o telefone.
Mas não somos ninguém.
(2006)
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