quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Cartas ao vento 018

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Outro dia estava pensando nos textos que eu escrevia. Percebi uma coisa interessante, eu estava completando três meses sem escrever um mísero texto. Pode parecer bobagem para vocês, mas para mim não é. Afinal de contas, desde os meus treze ou quatorze anos, sempre tenho uma idéia para botar no papel. Publicá-las ou não é outra história. Tenho muitos textos na gaveta ou guardadas na memória, bem na parte improdutiva do cérebro. Tenho textos que foram lidos por pessoas que eu nem conheço, graças a tecnologia da comunicação.

Bom, devem ter percebido minha ausência; caso contrário, paciência.

Não tenho idéia, vontade ou desejo de escrever. Para se ter uma noção, esse texto está demorando quase vinte minutos para nascer. Em outras épocas, poucos minutos significavam capítulos (como aconteceu com 42 Pecados, que escrevi em apenas uma semana). Hoje me sinto velho, cansado e sem qualquer espécie de futuro.

Não se aborreçam. Minha vida está ótima.

O que eu digo, desminto, calo e minto (Tenho que buscar em outros autores esse tipo de musicalidade) nos textos; é um assunto estritamente ficcional. Ora, acham mesmo que estou desiludido com a vida? Pois não. Estou desiludido com a literatura? Muito menos. Mas acontece que nada disso tem relação com o fato de escrever ou não. Simplesmente minguou. Secou. Acabou.

Eu sinto muito, pelas pessoas que gostam e admiram meus textos. Eu sei que são poucas, mas são legítimas. Gostam mesmo, curtem, desafiam, criticam, reclamam, opinam; acabam fazendo de tudo que qualquer artista merece. Eu que não sou artista, às vezes me via como. Não sou, podem ter certeza. Escrever é um elo perdido na minha cabeça, como cantar no chuveiro; e imitar guitarras imaginárias.

Pode ser que tudo isso acabe, ou recomece em poucos meses. Pode ser que amanhã eu acorde com mais um romance na cabeça, quem sabe um poema ou uma crônica. Por enquanto, apenas o acaso; sem datas e projetos; nascendo de uma hora para outra, sem revelar o sentido.

Pode ser que tenha virado mesmo esse artista, convivendo com suas piores conseqüências.
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