segunda-feira, outubro 15, 2007

O Desencontro

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Acharão meu corpo no chão,
Tentarão meu nome em vão.
Vão, os mais desacreditados,
Ficando os que sempre me ignoraram.
Que mal fiz para todos eles?
Para me incomodarem mesmo imóvel?
Puxando o cadáver na urgência;
De ouvirem novamente qualquer indecência.
Jogando o homem na cama,
E a lembrança no calabouço.
Peguem velas, rezas e terços.
Enfim a alma em sossego.
E roguem pela vida eterna,
Da qual todos esperam méritos.
Não queiram minha salvação,
Mas acreditarem que são todos culpados:
A vida é que encontra os arrependidos,
Não o contrário.
Quem está ali no chão, carregado,
Por muitas mulheres, bebida ou tormentos:
Quem sabe é mais feliz agora
Que desencontra tantos motivos.
A vida precisa de respostas,
Não a morte como todos pensam:
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O corpo ali só precisa de um lugar
Para que descanse jamais.
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2 comentários:

Unknown disse...

"Está lá um corpo estendido no chão", diz a letra de música. O corpo é/tem sido matéria-prima para diversos poemas, inclusive este seu, belíssimo. Parabéns.

Anônimo disse...

Muito obrigado pelo comentário!