sábado, fevereiro 24, 2018

Mais uma vítima da Depressão


Não dá para entender o motivo de um suicídio, pois ele não carrega consigo uma única resposta. É uma doença, sim. Que tem lá seus desafetos com tudo que existe no mundo, inclusive o depressivo está em constante guerra consigo mesmo, e quase sempre pensa ter perdido a batalha. Não é fácil, por isso tem feito números alarmantes em todo o planeta. Ricos, pobres, moços, novos, mulheres, homossexuais, jogador de futebol, artista, advogado e lixeiro. A depressão silenciosa dá sinais de sua plenitude todos os momentos, mas muitas vezes nós a ignoramos. Só quem passou, ou passa por ela, sabe o sacrifício que é encontrar motivação num mundo em que a própria pessoa se encontra tão deslocada. Problemas todos nós temos: em família, no emprego, com amigos e com os pais. Problemas sempre existiram, desde que o homem decidiu que era um ser pensante, que podia sentir; e principalmente, quando soube que era um ser mortal. O único ser existente no mundo que sabe que um dia irá partir é o homem, por isso já carrega consigo uma carga enorme de responsabilidade: a responsabilidade de aproveitar, de ter que dar certo e de algum modo ser feliz.
Esse desencontro da vida acontece com todo mundo, mas para o depressivo é algo de enorme importância, pois é a única resposta que ele encontra quando olha para a vida, a de que ele não tem forças para enfrentá-la. E muitas vezes é nesse silêncio que a alma agoniza. É nas lembranças pretéritas que vê sua chance de ajeitar as coisas indo embora. Sim, o depressivo precisa participar da vida dos outros e quer que participem da dele. Ele quer sair do buraco, daquele lugar que nem é escuro e nem é claro: é um lugar do tanto faz. A pessoa morna é o depressivo, que nem quente, nem frio; nem sereno, nem despirocado. É dele a história, ninguém tem culpa, mas todos podem ajudar. É para isso que exercitamos a compaixão, a empatia; determinar que o outro nem sempre é auto-suficiente, pois de alguma forma, por diversas questões essa suficiência não é o bastante. Precisamos ajudar para que ele se ajude.
O depressivo precisa de uma mão amiga, mas precisa de suas próprias pernas para caminhar. Venha, segue-me, disse um dos nossos mestres mais importantes no planeta. Em apocalipse, 3:15-16 então João nos diz: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”. Precisamos fazer a coisa com amor, mesmo sem forças, fazer por amor ao outro, por amor a nós mesmos, fazer o amor lavar uma multidão de sofredores (pecados), como nos disse Paulo de Tarso. Não deixem passar a chance de amar-se, amando também o outro em sua intimidade. A intimidade de abraçar, saber como esta, se importar, comer uma pizza junto. Mas que com tudo isso, não menospreze a intimidade que diz “pode contar comigo, pois estarei ao seu lado para ajudar-lhe em tudo que for preciso”. Essa intimidade que estabelece que a vida espiritual, social e a saúde mental não pode ser deixada de lado nos menores silêncios de um depressivo.
Por isso a vida é difícil, pois muitas vezes aprendemos quando parece ser tarde para ajudar alguém. Achamos que o problema não é nosso, já que muitas vezes é um problema desconhecido, enigmático; cheio de nomenclaturas que nos fazem dimensionar a questão como algo novo, das trilhas modernas de um mundo que parece estar cada dia mais perto do caos. Não, não é algo novo, nem algo infindável; mas pode ser, por nosso esforço algo controlável. Que tenhamos forças para trabalhar pelos nossos amigos que por algum motivo estejam enfrentando problemas sérios com a depressão, ou que, na nossa incompreensão sejamos ainda auxiliares em orações e pensamentos positivos para que encontrem a paz no coração e a força na alma.
É uma frase óbvia: Junto ninguém se sentirá sozinho.

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