Já
revelei algumas vezes meu gosto pelos shows de calouros que andam povoando a
televisão brasileira. Se eu conseguia me divertir com as bizarrices
apresentadas na década de 80, entre a “doideira” e as “maluquices”, comandadas
por Sílvio Santos e Chacrinha; imaginem só o que é um show de calouros com uma
produção considerada mais profissional? Pois bem, dois desses programas, “The
Voice” e “The X Factor”, são alvos de minhas considerações.
Eu tentei assistir alguns episódios dos outros programas, mas nada que me levasse a fazer qualquer observação. Os dois grandes programas, se é que podemos catalogá-los desse modo, são exatamente os dois que estou comentando.
Eu tentei assistir alguns episódios dos outros programas, mas nada que me levasse a fazer qualquer observação. Os dois grandes programas, se é que podemos catalogá-los desse modo, são exatamente os dois que estou comentando.
Bom,
aos olhos não tão atentos, o programa apresentado pela Globo e o pela
Bandeirantes parecem ter mais itens comuns que divergentes, que nos leva a crer estar assistindo o mesmo tipo de entretenimento. Mas, no fundo, eles têm pouco em comum. Mas são iguais quando nos falam sobre talentos, pois é certo que de ambos não sairá um grande sucesso da música.
Não sairá um artista que será reconhecido nas ruas, enchendo casas de shows e
vendendo milhares de Cds. Mas qual o
motivo? Eu digo: sucesso não se invoca em apresentações eliminatórias, nem são
determinadas pela extensão vocal dos competidores; muito menos a boa disposição
dos jurados. O sucesso tem elementos tão complexos que chega a ser muito
difícil acertar, lá na fase embrionária, quais artistas valerão o investimento.
Assim,
podemos dizer que, invariavelmente, os programas de calouros servem para
divertir, ser uma opção para quem gosta de música, mas tem data de validade
expressa em seu DNA.
Mesmo
com esse item em comum, que é entreter o público, mas não criar um novo
artista; ainda assim os dois programas juram sem dedos cruzados que dali sairão
“as novas vozes do Brasil”. É claro que faz parte do show, nós, do lado de cá,
ficarmos intimidados ao vermos lágrimas, desespero e quase um “fim de carreira”
de um eliminado. Mesmo com toda aquela conversa de “você está pronto, não
desista da música”; dito para dez de cada dez candidatos, sabemos que essa é a
única “verdade” que podemos confiar: o fato de não ganhar poderá trazer mais
sucesso na carreira do artista do que sua vitória.
Se
o motivo velado dos programas é apenas a diversão, como se dá a escolha feita
pelos jurados? Afinal de contas, ou eles acreditam na escolha como a voz que
“encantará o Brasil”, ou escolhem apostas, considerando a simpatia, presença e
palco e é claro, o talento. Se escolhem talentos, há algo de muito confuso nos
dois programas: sem qualquer dúvida The Voice tem melhores participantes. A
diferença é tão grande que vi dois ou três figuras carimbadas dispensadas pelo
programa da Globo aceitas com louvor pelo programa da Band. Um programa é
melhor que o outro? Tem critérios mais exigentes? Os jurados são melhores?
Creio que não. Nesse momento surge a grande diferença entre os dois programas.
A
postura diante do candidato é peça fundamental na diferenciação entre “The
Voice” e “The X Factor”. A postura da Globo é acreditar que o candidato será um
sucesso, que é possível. A Globo vende seu programa sem qualquer hipocrisia.
Querem os melhores, se esforça para dizer que são os melhores; tudo fomentado
por toda a megalomania das apresentações. Exatamente por isso é mais exigente
na seleção, mais criteriosa no julgamento. Torce com todas as forças para que o
melhor ganhe e faça sucesso.
Do
lado da Bandeirantes ainda não vi esse tipo de seleção. Ela se esforça em dizer
que o vitorioso terá um “x” do sucesso, mas, talvez, se preocupe com elementos
que nada tem com a habilidade dos candidatos. Ela procura em seus participantes
algo que que se valorize mais pelo aspecto humano do que a apresentação
musical. O programa da Bandeirantes tenta se vangloriar em achar no candidato com
“algo além da música”, “além da voz”; “algo escondido”. Esse algo é fácil aos
ouvidos dos artistas, mas quase impossível ao ouvido do público comum. Por
isso, no gosto popular, é mais fácil torcer por um candidato no The Voice, que
apostar em alguém no The X Factor.
De
qualquer modo, o lado lógico da Globo versus o lado romântico da Bandeirantes é
o contraponto dos dois programas. Escolher qualquer candidato é mais que um
tiro no escuro para ambos; embora seja divertido acharmos que estamos
participando da revelação de um novo talento. A Globo pode acertar quando
descobrir um candidato completo e a Bandeirantes quando descobrir um candidato
que tem a essência artística, que nem ela sabe (ou pensa que sabe) exatamente o que é.
A sorte, de qualquer forma, não tem que ajudar muito os dois programas, além de não desgrudar a cada eliminatória, dos candidatos.
A sorte, de qualquer forma, não tem que ajudar muito os dois programas, além de não desgrudar a cada eliminatória, dos candidatos.
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