sexta-feira, novembro 07, 2014

A mulher que sorri de Moares

 

Entediado, eu que rogado, nunca fui de samba:
Outrora o passado, que é presente, um passado
bem distante; lá dos poetas e violeiros; eu fui.
Lá tinha gente comum, mas semideuses, do poema
da música e de conhecer você, qualquer mulher.
Eles sabiam os olhos, sabiam a alma; entendiam
de algum modo mais que eu, qualquer sorriso.
Quem dera um dia, ao piano e uma letra, eu
cantando desafinado, como fora a música, hoje.
E gritam o sarava de uma fé desconhecida,
e riem das desgraças do vento, que causam
solidão, a dor e o pouco do desamor:

“Lavai-me, chuvas! Enxugai-me, ventos!”

Entre eles me sento, pego uma cerveja; bebo.
Se fumo, naquela foto branco e preto, fumo pouco.
Mas amo mais, pois amar ali, naquela história;
parecia ser mais livre e mais compreensível.
O poetinha, que curvava-se pela mulher morena;
não tinha qualquer vergonha de amar.
Não tinha vergonha a mulher, ainda que chorando;
de sorrir de qualquer bêbado que chegava
a noite, sem qualquer desculpa; com qualquer
tormento e a camisa branca manchada de vermelho.
E ali, naquela foto em preto e branco; podia-se dizer
Em alto em bom som:

“Sem você meu amor eu não sou ninguém”.

Que saudade daquela época, quando estou entediado.
Saudade de sorriso da mulher que não conheço.
Sorriso de poder escrever sobre você: 
Amar, cantar, fumar e beber; saudade de rimar, 
em decassílabos sonetos; prosas e versos, 
escrever sobre você; 
mulher que nos sonhos aparece sempre sorrindo.


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