quinta-feira, março 11, 2010

A questão do tempo

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E os números que correm,
nessas vagas horas, sem nada.
Em volta, assombros; dúvidas.
Que rosto encontrar, no final das contas?
O amor que você queria se foi.
A paixão que concordava se foi.
E se foi?
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Os dias, no tempo parado,
São as paredes perdendo as cores,
Perdendo as cascas, como árvores
velhas e terrivelmente abandonadas.
E se foi?
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Vague no tempo, incerto do tempo.
Paixão que vai, volta jamais?
E que rosto encontrar no final do tempo?
Que som ouvir? Que resposta encontrar?
E os números correm, nos ponteiros velhos
Como coisa abandonada,
Aquele retrato rasgado, nas rugas do ódio
Da sofreguidão e do desespero.
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Retrato feliz, que anda parado; com o tempo.
Parado no sorriso, no enrosco;
Nas bobagens de enamorados, nos sonhos.
Não há mais sonho?
Ele se foi? E se foi?
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Que amor encontrar no final das contas?
Que paixão define a perda de tempo?
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2 comentários:

Voz e Cor disse...

Diz tudo para mim.

Suria disse...

Diz muito para mim. Obrigada.