terça-feira, outubro 27, 2009

Exercício de imaginação sobre a improvável aliança para 2010

.
.

A discussão sobre a eleição presidencial de 2010 começou nos partidos um dia após a vitória de Lula para o segundo mandato. E se alguém acha que os partidos estão confiantes em suas decisões, e que já formaram suas bases para a batalha diária da campanha, podem esquecer: De lá pra cá tudo foi feito, mas nada resolvido. Aliança de cá, conversa de lá, ministérios e mais mistérios. O certo é que a oposição se separa cada vez mais; e a situação fica cada vez mais desconfiada. Enquanto não há consenso no nome da oposição, nas pesquisas não há crescimento para o nome consentido da situação.

Não é fácil mesmo fazer política. Tudo ficou mais claro quando, numa feliz comparação, utilizando-se de personagens de modo infeliz, Lula avisou como funciona o negócio aqui no Brasil: No inferno não devemos abrir mão de negociar com o Capeta. E parece que isso se faz sistematicamente, durante todos esses anos de democracia; e quem sabe até nos anos da ditadura. O que parece ser um ato glorioso da política, que é a relação humana dos tratos humanos; no Brasil se estabelece, de forma merecida, com vaias da desconfiança. Não sabemos se a negociação entre opostos é para o melhor do Brasil ou para melhorar seus próprios bolsos.

Hoje temos três nomes fortes e duas cabeças iguais: Dilma é o Serra de saia. É claro, estou dizendo isso por uma observação muito pessoal. Dilma, dizem, é tão exigente quanto Serra. Que gosta das coisas bem feitas. Que não tem muito horário para trabalhar: é possível vê-la fazer coisas em horários mais absurdos. Do mesmo modo é o Serra, que costuma ligar para seus assessores em qualquer hora do dia, ou da madrugada; logo que percebe uma luz sobre algum problema. Dos dois, podemos ter certeza, teremos excelentes profissionais naquilo que são exigidos. Mas os dois servem para a presidência?

De um modo geral, tenho certeza que a presidência é o cargo onde se exige maior “capacidade” política. Tirando do currículo qualquer onda administrativa, de conhecimentos técnicos sobre economia, ou mesmo língua estrangeira. É ali que funciona o verdadeiro “gestor”, aquele que coloca os vários Judas e os vários Jesus na mesma mesa; dizendo o que eles devem e o que podem fazer. O exemplo claro disso tudo é o presidente atual, que mesmo com tantas críticas, é conhecido com um ótimo negociador, e que numa metáfora ainda mais escandalosa, faz o milagre da conciliação dos contrários.

Assim, não só os partidos estão confusos, mas os eleitores. E essa confusão acontece porque, para mais da metade dos votos, a comparação do candidato deverá ser feita com o modelo de Lula. Ou seja, quererão; na pior das hipóteses, um candidato parecido com aquele que tem 2/3 de aprovação como governante. Parecido como? Talvez parecido nas medidas populistas. Talvez na maneira “popular” de se expressar. Talvez com a forma de negociar. Tudo isso que temos no Lula, e muitos odeiam, será o parâmetro ideal para muitos que decidirão o próximo presidente. Todos querem o “ser” político Lula.

Desse jeito, os dois candidatos mais visados estão com os dias contados. Dilma está próximo de Lula, mas longe de ser ele. Serra está longe de Lula e muito longe de querer ser ele. Talvez a figura de Aécio seja aquela que mais se aproxima, mas de maneira bem singela, ao que todos esperam de um novo ”Lula”. E talvez por esse motivo, as coisas andam tão confusas na oposição: Aécio seria capaz de desbancar Lula mesmo com uma pontuação menor que de Serra e um nome ainda não muito nacional? Seria o candidato ideal um Aécio no PT com chancela de Lula?

Aécio no PT é minha imaginação, suposição deslavada. Isso é algo irreal para o momento, em virtude de tudo que já fizeram os partidos pensando nas próximas eleições e até mesmo a própria história dos políticos envolvidos. Só não podemos deixar de pensar no absurdo sobre política, onde acontece de qualquer negociação inviável transformar-se em situações surpreendentes.
.
.
.
Publicado também no site www.informacaovirtual.com POLITICAVOZ

Nenhum comentário: