sexta-feira, setembro 14, 2007

Paz

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A paz, que invade; violenta.
Quer ou não quer, arrebenta.
A paz dos dias e das formas
Das cores lúcidas e das vozes.
Essa paz, que não quero;
Que não me serve.
Não me responde nada, nem adverte.
Jogaria no lixo sem arrependimento.
Jogaria dado, para o destino.
Esconderia a paz dos meus dias.
Infiltraria nos músculos,
Nos glóbulos, enxergaria.
Se gritos: haveria guerra.
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Mortes, cortes e afogamento.
Sangue jorra pela pele,
Arranca os ossos com os dentes.
E essa paz que não me serve?
A paz transparente, sem vida e serena.
Minha paz seria luta para outros.
É que preciso desse termo;
De me arregaçar onde seco.
Preciso de coisas, odores;
Do movimento brusco, do ódio.
Preciso parar onde possam
Arrastar-me por correntezas,
Por injúrias, dores e doenças.
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Haja guerra!
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Que me toquem. Que me fucem.
Que me maltratem sem silêncio.
Puxem meus braços, cuspam na cara.
Que tirem minha comida;
Que enjaulado me amordacem.
Que me interfiram; que suguem.
Que façam tudo, que eu chore;
Que ame desesperadamente.
Que precise de água, de velas.
Que precise restaurar as idéias.
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A paz que tive, nesses dias,
Serviu apenas para saber quem eu era.
Essa paz que não me serve,
Essa resposta que eu não quero.
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Haja guerra!
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Que me esqueçam os dias,
Que me construam indiferente:
Mas que na paz, não me encontrem.
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