quarta-feira, novembro 22, 2006

Dermas


Vermes, correndo na pele; mordem
sugam, somem, aparecem novamente;
viram borboletas, espirram veneno;
eu respiro o veneno que está no ar.

Sugo o néctar dos bichos, não deveria
ser doce; nem o é, um sal de grosso,
de espantar urucubaca; é o sangue
da vida, da morte; do meu pesadelo

estou perto do abismo, e não tenho asas
nem sei voar, nem imaginar, nem acordar
um passo e estou morto, dois não sei mais.
Parado, o vento empurra; voltando, desabo.

É o meio do caminho que todos odeiam
poetas, homens comuns e mulheres virgens,
todos odeiam essa espécie de opressão
de viver no despenhadeiro,
escorregando para o fim do mundo.

(Farelice Non Sense, pg. 44 - Sérgio Oliveira, 2005)

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