quinta-feira, novembro 12, 2015

Lembrar Sorrindo

 

(2004)

Privada.
Vomito de bêbado.
Garrafas vazias no chão.
Sem jornal há meses
e sem nenhuma noticia na televisão.

Não sinto falta de nada.

Papel de parede rabiscado,
alguns livros jogados e um disco no chão:
Cazuza, Kafka e te amo Fátima

Mas não é por amor que estou no sofá.

Não existe comida em minha geladeira.
Leite estragado em pó.
Frutas podres.
Batatas, rabanetes e beterrabas brotando.
Nenhuma mosca na sopa
ou abelha no pote de açúcar.
Todos nesta casa estão vivendo algum tipo de morte.

Estava nas profundezas da caverna da minha tristeza.

Um corpo morto,
um olhar sem vida
uma calça rasgada, um maltrapilho.
Um copo de suco
e uma xícara de chá (vazia)
com doses de uísque sem gelo.
Um Alacran Tartarus  

Mas sabia que ainda estava vivo.





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