quinta-feira, julho 23, 2009

Cova

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A chuva que dói e transmite.
Que não é mais limpa, lamaçal.
Estou sobrecarregado, sem luz.
Estou soterrado, como morto
Em cova profunda e abandonada.
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Consigo mostrar minhas mãos,
Como quem pede socorro.
Mas o rosto, encoberto.
E a alma que tenta submergir,
Como ferida, deprimida
Inútil.
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A chuva cai, alagando a vida.
Não há salvação, quando
Não se espera outra coisa.
A água empossada arrebenta
Mata e salva.
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As mãos voltam para a terra
E a lama emudece os lábios
e pressiona o peito:
o que parece matar, renova.
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De repente, a chuva que foi embora
limpou-me da tristeza.
Na cova apenas o lago,
Onde os peixes nadam,
E onde eu me vejo num único reflexo.
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