segunda-feira, junho 15, 2009

Cartas ao Vento 025


Estou num beco sem saída. Pior ainda: chove. Uma chuva bem forte, que encharca. Minhas roupas leves, pesadas. De repente começa a escurecer. As luzes da rua são demoradas. Estou no caminho certo? Paro e penso no que está acontecendo. Tudo acontece como se fosse um sonho, ou pesadelo: estou diante de uma folha em branco, esperando idéias que não chegam. Nesse beco, tenho outras portas, onde posso entrar e beber alguma coisa: mas nenhuma delas me faz pensar em qualquer texto. Um único texto seria agora um tesouro.

Essa cena da falta de criação é a que mais me assusta: haverá saída qualquer dia desses? O beco será rompido, como a criança rompe o nascimento. As luzes voltarão como antes: coloridas, claras ou escuras? Nesse beco, onde minhas idéias não me ajudam fugir, estou parado com a chuva nos ombros e a cabeça vazia.

Queria muito poder dizer o que estou sentido, mas não consigo. Queria dizer o que outras pessoas estão sentido, como sempre fiz; mas também não tenho mais essa percepção. As pessoas, assim como eu mesmo, são tão irrelevantes, que quero continuar a ignorá-las.

As cartas continuam ao vento?



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