segunda-feira, julho 07, 2014

Rei e o bobo


Sigo a pensar no caminho que não tive
O caminho do passado, feito e em vão.
Sigo, hoje, ontem, em qualquer direção.
Quem me fez e me faz? Será que vive?

Olho para qualquer mata, o deserto.
Qualquer rua vazia; beco, inferno.
Vão por qualquer lugar, nas horas.
Benção que me traz, para ir embora.

Última vez aqui, sabem, me perdi.
Cheguei como Rei, bobo ou príncipe.
O castelo rompeu, o povo benzeu.

A rainha de mãos levadas não me quis
Fui como quem nunca amou, mas tentei:
O cavalo, arredio, me julgou como plebeu.





Ciência dos abutrez

 

Sei que mudamos, nós nos olhamos tão aflitos.
Ficamos distantes, convencidos; tempo perdido.
Perdi você em alguma dessas paisagens, onde
Criamos tantos monstros, tantos pássaros;
Comendo enquanto voávamos bem longe.

Será que um dia você volta? Perdi a chance.
Como te perder, ainda que não queira mais?
Perder assim, sem nunca ter. Volta um dia?
Nem quero, mas existe um abismo de hoje.
Hoje acordei e me senti tão pessimamente livre.

Sei que mudamos, tantas horas que perdemos.
Nossas aflições, distantes, curvando-se no tempo.
Qual desses monstros ainda tanto incomoda?
Qual deles voa disperso quando estamos longe?

A ciência exata da desumanidade é criar respostas
Ainda que imprecisas de nossa próxima paixão.
Não sabemos como começa, nem de onde vem.
Só é certo que será outro um abismo de amanhã.