É tempo em
que palavras desdizem.
Se remetem
ao amor, ao dissabor,
logo, em
pequenos passos, vão sem direção:
Transformam-se
em ódio.
Palavras de
saudade, choro.
De amizade:
brigam, como crianças
que sempre
têm razão.
Se azul,
das cores livres; o preto.
Dos
escravos, a história de tanto sofrimento,
ouve-se
velado um desrespeito.
Ninguém
entende nada da finalidade de ser humano.
A podridão
da guerra, a folia dos genitais
ardendo em
fogo: Blasfema palavras!
É tempo em
que as palavras dizem nada.
Meia noite
ou meio dia; sem qualquer sabor.
Não fica,
nem vai embora; jamais arrepia.
E soprada
no ouvido, desdenha flertando.
É mais
febre que o amor; que com ela se contradiz.
Palavras da
salvação, como ordem;
quando Seu
exemplo não se ordenava.
Palavras de
desculpas genéricas; na íntima ofensa.
De carne e
osso; o abraço que não existe; morre nascituro;
Sem
necessidade de ser compreendida,
num baú de
cartas envelhecidas.
A podre
palavra que não vale quase nada.
Por isso é
tempo de retomar as palavras,
na
insanidade que ela define.
Palavra do
xingamento, do mal caráter bem querer.
Palavras
desconectas dos embriagados.
O murmurar
dos maltrapilhos, desculpas esfarrapadas.
A santidade
evangélica dos infiéis.
É preciso
as palavras dizendo grandiosas verdades;
mesmo em
pequenas tendenciosas mentiras.
Palavras em
frases jogadas ao léu.
Palavras no
léxico incontestável
em sua
gráfica histórica
e
inconfundível tradução.
Palavras
sem o arrepio demente dos iletrados.
Basta!
Quero a extinção das palavras!
Quero que sumam
do abecedário.
Essas
palavras!
Dos boçais
que inibem o significado
com suas
letras indeterminadas
nos muros
das cidades.
É tempo que
as palavras precisam dizer mais.
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