Resolvi não escrever mais
nada.
Nenhuma linha, palavra;
argumento.
Que a palavra livre voe
indecisa
pelas paredes concretas do
pensamento.
Lá ficarão para sempre sem
rumo.
Presas em indeterminados
espaços.
Perdidas no tempo
inconseqüente dos atos.
Palavras sem rimas: Livres
e perdidas.
Qual o poema valerá mais a
vida?
Aquele que preenche o muro
em queda,
Ou na caverna, sem
utilidade, escondido?
Repito a dor que sinto:
mais nada.
Nenhuma linha, nenhuma
vontade.
Nenhuma palavra alcunha
das sensações
Que ficarão presas em rumo
indeterminado.
De mim não terão mais
lágrimas,
Nem terão mais risos.
Terão a ausência sofrida
do incompleto
Na parede do quarto
repleto,
De poemas mal escondidos.
Que poesia valerá suas
vidas?
A que sangra malsoante até
a morte
Ou a que lateja a paixão
sem quimera?
Sofro ainda ignóbil das
palavras que ouço,
Mas tenho sido irreal nas
que digo.
De amores que nunca foram
dignos,
Os horrores que nunca
existiram.
Resolvi não escrever mais
nada:
E assim preencher meu
instante vazio.
De palavras que repito
para mim mesmo,
Das linhas que ninguém me
dá ouvidos.
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