quinta-feira, junho 14, 2012

Livro aberto


 

A visão da glória, eu em passos lentos.
Voando ou nadando em mares claros?
O barco me arremessa longe, tenho medo.
Quem segura minha mão?
Pé ante pé, ando num quarto escuro.
Uma luz da vela no criado mudo:
O livro está pela metade.
O livro da minha vida está pela metade!
A visão, ainda que certa; é tão confusa.
Quem me guiará? Ando perdido.
Minha história não está ali, morreu.
Morreu no começo de tudo, no choro.
Morreu na primeira queda, joelhos sangrando.
Morreu na primeira fruta roubada, no beijo,
No sexo, no porre e no primeiro deserto.
Voando em mares claros.
Quem segurava minha mão?

Uma caneta e o livro aberto: a minha história
está inacabada nas páginas passadas.

E fecho os olhos, e a visão da glória.
Ando em passos lentos nesse quarto escuro.
Nado, vôo? A janela aberta pela metade.
O livro da minha vida perdido.
Morreu suas letras, nos joelhos sangrando.
Minha queda; meu sexo, o beijo roubado.
Voando em sonhos escuros,
O deserto com um céu claro.
Quem se atreve em minha mente?
A visão, ainda confusa; tão incerta.
Morre minha história, sem passado.
Morreu o futuro na primeira queda.
O primeiro porre, o mar em volta.
O quarto escuro onde ficava meu choro.
A luz da vela, que era minha metade.

Uma caneta e a história inacabada:
O livro está aberto.

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