Fragmentos - 1
"Escrevo
muito. Escrevo sempre. É meu modo de conversar. Tão egoísta, eu
acredito. O meu maior pecado, incorrigível; assustador: escrever. Peco,
então, quando estou aqui; com vocês. Um pecado incomum, mas ainda assim
um pecado. Pagarei com preces; com o silêncio; talvez com frases
inteligíveis. ´Puníreis-me´ com erros imperdoáveis do português, verbal e
nominal. Será a minha vingança: lançarei ao fogo do inferno qualquer
concordância.
Escrevo sempre, o bastante. É meu modo de não me
sentir sozinho, incompreendido. Quer queiram, ou não, estão me vendo
aqui. Nu na janela; decepado; com a cabeça arregaçada de ideais, ideias e
insanidade. Escrevo que fumo, com medo de morrer. Escrevo com desafeto,
decerto amando. Escrevo por vocês, através de vocês, distantes de mim;
ignotos das razões. E se emocionei, foi caos das coisas, sorte; mentira
em completa ordem em não sensibilizar ninguém. Quero o egoísmo de
escrever e continuar sendo compreendido por todos.
Escrever muito, inutilmente."
Nenhum comentário:
Postar um comentário