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Alguma coisa pode estar vivo
Dentro ou fora: ao meu lado.
Respirando.
Sinto a inspiração: Algo sutil, mas vazio.
Sou eu indo embora, me deixando.
Quantos dias para me reconhecerem?
Quantos copos foram precisos?
Não sei.
Não quero saber.
Não mereço que olhem para o quadro
e comecem a deduzir o fim de tudo.
O ano acabará, mas a vida não.
É certeza que ela continue,
única e incerta pelo ponto de partida:
a morte.
Partimos como chegamos,
Perdidos, desorientados e sem sono:
A vida.
Crianças e velhos não têm sono.
Eu sofro para sonhar e dormir,
Às vezes, inibo o sonho, mas durmo.
O inverso tão desproporcional,
Intensamente infeliz.
Olho para mim, na cama:
tão derrotado.
Olho da cama para mim:
Voando.
Ainda assim sem qualquer vitória.
Não são histórias que me farão herói,
Nem a vida o vilão.
Mas em mim essa vontade de estar
De onde nunca deveria ter saído;
E sair de onde nunca deveria ter entrado.
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sábado, fevereiro 25, 2012
sábado, fevereiro 18, 2012
PÁGINA 12
"O olhar do bicho parecia morto, mas não era. Ele, nos instantes de agonia, parecia viver. Segurei com as duas mãos a haste envenenada em seu corpo, puxei com toda força fazendo o coração expulsar um sangue, que em partes estava coagulado. Ele queria viver? Não dava para saber. Eu só sei que precisava de ajuda. Deitei-me ao seu lado esperando qualquer providência, socorro ou manifestação dos deuses. De qualquer forma eu estava me sentido do mesmo modo que aquele animal, ambos angustiados pela dor da vida, mas desesperançosos na morte. Não sabíamos qual o socorro merecíamos, mas ele iria chegar..." Crônica do dia das almas, pg. 12
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Trecho Crônica do dia das Almas
quarta-feira, fevereiro 01, 2012
Desabafo
"....Não defendo minha religião. Ela não precisa de defesa. Ela é imune a hipocrisia do comportamento humano. A religião que eu não quero defender é pura, simples e direta. Por isso eu repito: não preciso defende-la com qualquer ataque. A defesa da religião já é uma forma de separação, de quebra e de argumentação das falhas dos outros: minha religião não aponta defeitos. Por isso minha religião ainda não existe, não está completa. Minha religião, quem sabe, ainda é uma forma particular de amar e de respeitar os outros. Respeito aos ateus, pois minha religião não se preocupa com a necessidade de alguém crer em Deus. Minha religião, inexistente, também confia naqueles que crêem, mesmo com argumentos da fé e da inspiração; algo às vezes irracional mesmo lógico. Minha religião, que não é minha, prefere ouvir a definhar; prefere compartilhar a disputar. Minha religião não é minha; pois não a tenho. Ela é por si mesma, universal. Ela é, apenas. Por isso não entro na discussão das idéias e ideais das religiões, pois elas são pareceres humanos, restritos e egoístas. O homem, que acredita ser religioso, não pode acreditar que é poderoso em sua crença, mas simplesmente Relativo do Absoluto......"
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