quinta-feira, junho 13, 2013

Não é você

 

Sangue na garganta, indecifrável.
A bebedeira, espasmos, o cansaço.
O vazio, morro, mato; dias de esquecer.
Na masmorra, vento.
É você?
Não, não é você.

E passam anos, décadas; junho.
Esses dias que passam, valendo nada.
Quem de nós ainda quer tanto
o que decidimos ser a nossa sorte?
O vazio, o peito; um chiado.
É você?
Não, não é você.

Puxo a cadeira, ajusto o lustre.
A luz de dentro não sufoca, arde.
Aquilo que em mim não responde.
O que eu pretendo ainda vivo?
Seu amor, num vazio; maio.
Sem você?
Sim, sem você.











terça-feira, junho 11, 2013

Meu recomeço

Resolvi não escrever mais nada.
Nenhuma linha, palavra; argumento.
Que a palavra livre voe indecisa
pelas paredes concretas do pensamento.
Lá ficarão para sempre sem rumo.
Presas em indeterminados espaços.
Perdidas no tempo inconseqüente dos atos.
Palavras sem rimas: Livres e perdidas.

Qual o poema valerá mais a vida?
Aquele que preenche o muro em queda,
Ou na caverna, sem utilidade, escondido?

Repito a dor que sinto: mais nada.
Nenhuma linha, nenhuma vontade.
Nenhuma palavra alcunha das sensações
Que ficarão presas em rumo indeterminado.
De mim não terão mais lágrimas,
Nem terão mais risos.
Terão a ausência sofrida do incompleto
Na parede do quarto repleto,
De poemas mal escondidos.

Que poesia valerá suas vidas?
A que sangra malsoante até a morte
Ou a que lateja a paixão sem quimera?

Sofro ainda ignóbil das palavras que ouço,
Mas tenho sido irreal nas que digo.
De amores que nunca foram dignos,
Os horrores que nunca existiram.
Resolvi não escrever mais nada:
E assim preencher meu instante vazio.
De palavras que repito para mim mesmo,
Das linhas que ninguém me dá ouvidos.