terça-feira, fevereiro 19, 2013

POLITICAVOZ: Um partido sustentado na velha política?




A ex-senadora Marina Silva lança seu partido. Dizem que está de olho nas eleições de 2014. Com a criação do partido, e com sua candidatura; acredita chegar ao topo, a presidência. A sigla parece estranha, mas não é: Rede Sustentabilidade. A legenda é um tanto diferente de tantos outros partidos espalhados pela política nacional, mas é vanguarda; e é possível. Partido não precisa ser mais “partido”, mas unidade. Talvez a primeira noção ideológica que a sigla queria ter era exatamente essa, da junção. A R.S. nasceu pela integração. O novo “partido” também quer deixar claro sua ligação com a sustentabilidade (lógico).

E por essa característica, da unidade, e pela sustentabilidade; que eu imaginava que a nova sigla seria mais concisa, direta e esclarecedora. Pois é, não foi.  A apresentação do novo partido me deixou intrigado em várias questões. A primeira delas é sobre essa tal unidade. Afinal de contas, parecia-me que o partido iria se situar em algum lugar no espaço; mas fiquei com a nítida impressão que tudo foi combinado com uma letra transcendental raulseixiana: “não sou direita, nem esquerda; centro ou meio. Sou o que sou!”.  Conforme Marina, o partido é uma possibilidade. Quer coisa que transcende a política comum do que chamar um projeto de possibilidade? É um sonho que pode se tornar realidade.

Mas, ai vem uma coisa complicada no meio disso tudo: “uma possibilidade que se acredita só, é uma possibilidade; mas uma possibilidade crível é realidade (parafraseando mais uma Raul Seixas)”. A possibilidade proposta pela Marina só poderá ser uma realidade se conseguir ser clara nos propósitos. Eu, leigo ultimamente da política, fico imaginando quais as intenções do novo partido. Se, é sonho, ou apenas vontade ou mera politicagem; prefiro ficar onde estou mesmo, no meio de uma velha nova política. Fato é que a apresentação política do novo partido me deixou confuso, e consequentemente distante. Não posso compartilhar de uma possibilidade que me pareceu obscura e vaga.

No meio da entrevista Marina diz: minha proposta não é eleitoral! Pois bem, partimos então para o segundo termo do partido (que não se parte), que é a sustentabilidade. Eu teria maior segurança para falar sobre o tema se não tivesse parado no tempo, lá nos conceitos de responsabilidade social do início da década. Mas, ainda que desatualizado, imagino que o conceito de sustentabilidade é amplo e, por conseqüente, muito delicado. Mais importante do que uma eloqüência na questão política, é necessário que a ideologia da sustentabilidade seja clara. E a maior clareza que tive foi que a “luta continua” e que, mesmo com a impossibilidade de se criar o partido, a “agenda ambiental” será atualizada.

Nem política, nem sustentabilidade: o partido não me revelou ainda a possibilidade.

Tirando todo o balaio das novas idéias, algumas coisas ficaram claras: o partido não será diferente na ação política. Nem pode ser de outra maneira. Ele precisa de dinheiro, precisa de apoio; e precisará de acordos. Ainda que tenha uma idéia de sustentabilidade, precisará da parceria de empresários com “seu modo de agir em relação a sustentabilidade”. Precisarão de financiamento público para sua campanha e de doações. E exatamente pelo dinheiro público, pelo lobby e por tudo que a política conduz; Marina disse que quer um partido transparente. Uma característica que deveria ser intrínseca acaba sendo qualidade: a ética na política.  E essa parece ser um dos mais importantes artigos do novo partido. Item claro e direto: “o ficha suja será um corpo estranho no novo partido”. O R.S. pretende, portanto, ser um partido íntegro.

Espero mais informações sobre a nova legenda política. Dessa maneira poderei dizer que, não apenas concordo com o ponto de vista; como sou solidário com as ações o que partido venha tomar no comando político (legislativo ou executivo). Hoje, ainda que me esforce numa simpatia ideológica, principalmente pela questão da sustentabilidade; tenho mais dúvidas do que certezas. E a minha única convicção é que é mais um partido, que pode ter idéias novas e novas possibilidades; mas que não passa de mais uma nova sigla para a velha política brasileira.